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FEDERAL DO PARANÁ

Professor surdo da UFPR defende tese de doutorado em formato bilíngue

Defesa da tese (foto arquivo pessoal)

Uma pesquisa sobre os aspectos históricos, culturais e de gestão educacional dos primeiros estudantes surdos que frequentaram o Instituto Nacional de Educação dos Surdos (Ines). Essa foi a tese que o professor Danilo da Silva Knapik defendeu na conclusão do curso de doutorado em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O professor é o segundo estudante surdo a defender uma tese de doutorado na instituição e o primeiro a apresentá-la em uma versão bilíngue completa – língua portuguesa escrita e Libras. O trabalho foi orientado pelas professoras Laura Ceretta Moreira e Noemi Nascimento Ansay e defendido em setembro de 2022.

Em sua tese intitulada “Contexto Socioeducacional do Instituto Nacional de Educação de Surdos (1856-1868): O Protagonismo de Estudantes Surdos”, Knapik realiza uma uma abordagem qualitativa dos documentos encontrados sobre o Instituto Nacional de Educação dos Surdos e os primeiros estudantes surdos que frequentaram a instituição. Através da análise do material, o pesquisador conseguiu compreender a situação a qual os alunos estavam submetidos naquele período e quais eram os principais problemas enfrentados pelo instituto.

Dentre os registros analisados, foram encontrados dados sobre mortes de estudantes, precariedades estruturais no instituto, castigos e maus-tratos aplicados em alunos surdos e a denúncia feita pelo estudante surdo Manoel Pereira de Carvalho, que apresentava as agressões praticadas dentro da instituição. O conteúdo da carta, segundo o pesquisador, foi um importante impulsionador para o começo da pesquisa: “Essa carta despertou meu interesse acadêmico, pois permite compreender o contexto daquele período, bem como os acontecimentos que levaram um aluno surdo a denunciar as práticas arbitrárias naquela instituição de ensino”, conta.

O material de análise foi coletado através de fontes documentais do acervo histórico do Ines, do Arquivo Nacional, da Biblioteca Nacional e do The Center for Research Libraries (CRL). Grande parte dos materiais era composta por cartas de correspondência em formato manuscrito trocadas entre diretores, pais, Comissão Inspetora e funcionários do governo, além de atas de reunião, pareceres, relatórios, despachos, ofícios, regimentos, propostas educacionais, matrículas de alunos e documentos de contratação de professores e demais empregados.

O Ines é a primeira escola de surdos no Brasil. Fundada em 1856 pelo professor surdo Edouard Huet, a instituição era frequentada por estudantes de diferentes regiões do país. No instituto, os alunos aprendiam através do método de ensino com base na língua de sinais que Huet trouxe da França.

O pesquisador destaca que a área da história de surdos carece de mais pesquisas acadêmicas publicadas no Brasil. Além disso, ele ressalta que com o aumento das produções sobre o tema será possível uma melhor compreensão sobre diferentes aspectos que caracterizam a vida dos surdos em outras épocas: “Com o aumento das pesquisas realizadas com esses registros históricos ainda não pesquisados, haverá uma ampliação na área dos estudos sobre a história dos surdos, pois será possível a existência de diversas perspectivas históricas e não apenas um único foco no embate dicotomizado, como tem sido até o momento”, ressalta.

Danilo é a primeira pessoa da família a ter o título de doutor. (Foto: Danilo da Silva Knapik)

 

Por Thiago Fedacz, sob supervisão de Simone Meirelles

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