O trabalho controlado por plataformas, devido à sua natureza informal e ao uso de tecnologia, representa um desafio significativo na obtenção de dados completos e confiáveis. Ainda em 2022, a Clínica Direito do Trabalho da Universidade Federal do Paraná (UFPR) publicou o resultado de um estudo com a estimativa de 1,5 milhão de trabalhadores atuando no Brasil por meio dessa forma de trabalho.
Essa pesquisa inovadora adotou uma abordagem de métodos mistos, incluindo a análise de tráfego web. Os resultados obtidos por meio deste método se aproximam dos dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no que diz respeito ao trabalho controlado por plataformas no Brasil.
O IBGE anunciou, nesta quarta-feira (25), os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), referentes a 2022, que revelam informações essenciais sobre o trabalho controlado por plataformas no país. Esses dados constituem indicadores fundamentais para a compreensão da realidade econômica e do mercado de trabalho no Brasil. A pesquisa realizada pela Clínica Direito do Trabalho da UFPR já indicava números muito próximos aos divulgados agora pelo IBGE, demonstrando a confiabilidade da abordagem e sua significativa relevância.
A comparação entre os métodos utilizados pela Clínica Direito do Trabalho e o IBGE permite analisar de forma detalhada as vantagens e limitações de cada abordagem.
O método de análise de tráfego web adotado pela pesquisa da UFPR oferece diversas vantagens em comparação com a PNAD. É relevante destacar que essa abordagem é economicamente acessível, visto que seus custos se limitam ao pagamento de licenças para empresas de análise de tráfego web. Isso a torna factível mesmo para instituições com recursos financeiros limitados. Assim, o método de análise de tráfego web se configura como uma ferramenta acessível e eficaz para a pesquisa e compreensão do trabalho controlado por plataformas em diversas escalas e contextos.
Para Sidnei Machado, professor da UFPR e coordenador do projeto, “além de estimar a quantidade de trabalhadores controlados por plataformas no Brasil, a pesquisa que fizemos também aprofundou a caracterização dos perfis desses trabalhadores e de suas experiências. Adicionalmente, realizamos uma análise minuciosa das decisões judiciais e do ambiente jurídico relacionado ao reconhecimento do vínculo de emprego desses trabalhadores. Portanto, a pesquisa não apenas antecipou resultados semelhantes aos apresentados pelo IBGE, mas também enriqueceu o debate acadêmico sobre as metodologias de mensuração de dados sobre o trabalho controlado por plataformas no Brasil.”
Para Marcelo Manzano, professor de economia da Unicamp, que também integrou o projeto da UFPR, “esse método permite medições frequentes, o que resulta em uma avaliação contínua e atualizada dos indicadores relacionados à realidade dos trabalhadores sob controle das plataformas. Outra vantagem significativa é a possibilidade de sua aplicação em outros países. Isso permite a comparação de dados e a obtenção de informações valiosas sobre as mudanças no mercado de trabalho em diferentes regiões.”
As duas pesquisas, utilizando metodologias distintas, convergiram no principal – os números de ocupados em plataformas digitais – e se complementam cada qual com suas especificidades. A pesquisa da Clínica Direito do Trabalho da UFPR, mais acessível e mais ágil, antecipou com precisão os dados agora confirmados pelo IBGE sobre o trabalho controlado por plataformas no Brasil. Para Alexandre Pilan Zanoni, pesquisador da UFPR que também integrou o projeto da UFPR, “a abordagem da Clínica revelou vantagens do método de análise de tráfego web e permite ser escalável para estudos em toda a América Latina”.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) destaca-se por sua relevância na coleta de dados relacionados ao trabalho controlado por plataformas. Esta pesquisa oferece informações detalhadas, desagregadas por unidades federativas, o que possibilita uma análise aprofundada das disparidades regionais. Além disso, fornece dados sobre a renda dos trabalhadores, permitindo a análise das implicações econômicas desse tipo de trabalho.
A PNAD também tem a capacidade de estimar o grau de dependência dos trabalhadores em relação a essas plataformas, enquanto mantém uma alta precisão na coleta de dados demográficos, permitindo uma análise minuciosa das características dos trabalhadores envolvidos nessa ocupação. É importante ressaltar que a existência de uma metodologia de pesquisa pública, confiável e abrangente, como a PNAD, representa um marco significativo para o país, proporcionando uma compreensão mais profunda do cenário do trabalho controlado por plataformas no Brasil.
A pesquisa da UFPR reuniu uma equipe multidisciplinar das áreas de Direito, Economia e Sociologia, composta por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e recebeu apoio financeiro do Ministério Público do Trabalho (MPT). A Clínica Direito do Trabalho da UFPR continua produzindo novos dados mais atualizados, usando os mesmos métodos de análise, com previsão de novas publicações no primeiro semestre de 2024.
A pesquisa da Clínica Direito do Trabalho da UFPR está disponível para download aqui.
Os resultados da pesquisa do IBGE estão disponíveis aqui.
Foto de destaque: Divulgação Uber.
Com informações da Clínica Direito do Trabalho da UFPR
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