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Licenciaturas da UFPR formaram 2,1 mil professores em cinco anos; das avaliadas, 80% têm notas 4 ou 5 pelo MEC

15 outubro, 2019
16:03
Por edhomologa1
Ensino e Educação

Uma das frentes da estreita relação entre ensino superior e educação básica são as licenciaturas, os cursos de graduação voltados à formação de professores. É por meio desses cursos que as universidades públicas têm mostrado atuação estratégica nos últimos anos, visto que esse é um gargalo da educação no Brasil. Segundo o Censo Escolar de 2018, dos mais de 2,2 milhões de professores que atuam nos níveis básicos de ensino, 5,7 mil completaram apenas ensino fundamental, e, 441,7 mil, o ensino médio. Dos que possuem diploma, em torno de 70 mil atuam sem licenciatura na área.

A UFPR tem seu papel no desenvolvimento de docentes de nível universitário: 2.134 professores foram formados em suas licenciaturas entre 2012 e 2018. O pico de formaturas do período ocorreu em 2018 — 396 diplomados. Mas o número de professores formados pela instituição pode ser maior, considerando que alguns cursos trazem a possibilidade de grau múltiplo (bacharelado e licenciatura). Nesse caso, a soma entre concluintes com graus de licenciatura e múltiplo chega a 4.605 formados.

Na soma dos diplomas de licenciatura e com múltiplo grau (bacharelado e licenciatura), a universidade formou cerca de 4,6 mil possíveis professores entre 2012 e 2018. Fotos: Samira Chami Neves/Sucom-UFPR, BD

A licenciatura da UFPR com mais formados no período é a Pedagogia — 1.066 professores, dos quais 449 para educação infantil e séries iniciais. Em seguida na lista, vêm dois cursos que formaram alunos na casa dos 500: Ciências Biológicas, com 586 formados; e Letras, com 527. No período também se destacam Geografia (330) e Educação Física (296). Os dados constam no site Indicadores UFPR.

Conceito

Outra característica importante das licenciaturas da UFPR está no desempenho dos cursos no indicador relacionado aos cursos (o Conceito do Curso – CC) apurado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com base no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O CC é considerado o indicador mais amplo sobre a qualidade do curso, uma vez que inclui avaliação sobre a estrutura dele — corpo docente, recursos pedagógicos, entre outros. 

Das 31 licenciaturas da UFPR voltadas à formação de professores para a educação básica que tiveram alguma avaliação, 25 tiveram nota 4 ou 5 — são 10 cursos com conceito 5 e, 20, com 4. Ou seja, cerca de 80% das licenciaturas da universidade que foram avaliadas têm conceito 4 ou 5.

Modelo

Segundo o professor Eduardo Barra, pró-reitor de Graduação e Especialização Profissional da UFPR, o formato universitário de formação de docentes, que criou as licenciaturas, é um dos avanços do da geração de educadores de 1930, que inclui Anísio Teixeira, Fernando Azevedo e Gustavo Capanema.

“O adjetivo ‘universitária’ aqui faz toda a diferença. O Brasil conseguiu, desse modo, instituir pontes que, embora de modo ainda intermitente e assistemático, têm aproximado minimamente os níveis de ensino, básico e superior. Mas, isso é importante lembrar, a universidade se beneficiou profundamente com esse projeto”, afirma ele, que é docente do Departamento de Filosofia, que também oferece licenciatura.

Com esse formato, Barra avalia que as universidades puderam transcender o modelo de escola de formação profissional. “Pensada inicialmente como uma escola de formação profissional de medicina, agronomia, engenharia, direito, etc., a universidade brasileira se beneficiou com a presença da formação de professores, pois pôde incorporar uma forte cultura de pesquisa científica. A chamada ciência básica ou não-aplicada é indispensável àqueles que se tornarão professores de história, português, química, matemática ou biologia”.

Professor de professor

Na percepção de coordenadores de curso da UFPR, as universidades públicas têm no envolvimento com pesquisa e extensão, além do ensino, os grandes diferenciais para a formação dos futuros professores. Essas duas atuações permitem ainda que essas instituições se aproximem das redes de educação por diversos outros caminhos, como no apoio para a formação de políticas públicas.

Três das licenciaturas da UFPR que mais formaram professores: Pedagogia, Biológicas e Letras

“Em especial os projetos de pesquisa e de extensão configuram como diferencial num maior aprofundamento de questões específicas da docência, assim como nossos estágios obrigatórios, que acontecem todos nas escolas públicas”, explica a professora Leziany Silveira Daniel, vice-coordenadora do curso de Pedagogia da UFPR.

Os estágios propiciam o contato do aluno com a realidade da docência. No caso do curso de Pedagogia da UFPR, os estágios ocorrem a partir do segundo ano de curso e os professores que acompanham os alunos buscam formar um professor capaz de relacionar teoria e prática, conta Leziany.

O professor Edson Antonio Tanhoffer, que coordena o curso de Ciências Biológicas da UFPR, destaca a importância da defesa de programas de incentivo à formação inicial de docentes, tais como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do Ministério da Educação (MEC). “O ensino publico expõe aos alunos a maior diversidade humana e assim facilita o interesse em educação. Por isso a valorização do Pibid é muito importante”.

Missão

É possível inferir que a escolha do aluno pela licenciatura em geral representa uma determinação, uma vez que as expectativas profissionais são desafiantes. Um exemplo disso está na tradicional pesquisa anual da fundação Varkey Foundation, que mostra o grau de valorização profissional pelo professor em diversos países (Global Teacher Status Index) e  tem apontado maus resultados para o Brasil desde o início de sua divulgação, em 2013.

Tanhoffer avalia que o quadro da profissão de professor no Brasil tem reflexos no perfil dos alunos que buscam licenciatura. “Os alunos mais engajados politicamente e de maior senso social me passam a sensação de preferir a licenciatura. No processo de transformação, as tendências dos alunos somente se aprofundam”.

Para Bruno Dallari, professor do Departamento de Literatura e Linguística (Dellin) da UFPR, os estudantes que optam pela licenciatura de uma universidade pública, se formam e depois permanecem na docência fazem parte de um grupo que compreende a educação básica como uma “causa”. “Precisa estar imbuído da noção de que não vai ter um cenário róseo ao começar a dar aula”.

Essa ponto de vista acaba sendo similar ao de um docente de licenciatura em instituição pública, na avaliação de Dallari. “Sabemos que o Brasil é um país estratificado socialmente, com muitas realidades na educação, e que temos um papel claro nisso”. O professor acredita que, embora as universidades públicas ofereçam graduação gratuita, com ambiente pedagógico que se destaca em indicadores de qualidade, o panorama da profissão de professor cria vantagens para cursos sem essas características, entre elas menor carga horária e aulas à distância, por exemplo.

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