Mais de 600 jovens, com idade entre 15 e 29 anos, são vítimas de assassinato a cada ano em Curitiba e Região Metropolitana. Este dado alarmante, que consta no Atlas da Violência 2025, foi o ponto de partida para um documentário de estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vencedor do 17º Prêmio Fernando Pacheco Jordão para Jovens Jornalistas, do Instituto Vladimir Herzog.
Rodrigo Matana Sobrinho e Giovani Pereira Sella são estudantes do sexto período do curso e receberam no último mês a premiação pelo documentário “Tristes tardes de domingo”. A pauta foi a selecionada da região Sul para falar sobre as diversas formas de violência presentes na sociedade brasileira. O título remonta a uma característica desses casos de homicídio: a grande maioria ocorre no fim de semana.
A produção tinha o objetivo de tratar da temática da violência contra jovens periféricos de forma diferente dos jornais locais. Ao invés de pequenas notas policiais, os estudantes buscaram, nas palavras que constam na sinopse do documentário, dar um rosto e romper o silenciamento sobre tantas mortes. Para isso, a educação foi um dos temas centrais, com o depoimento de lideranças populares e professores que pesquisam o tema ou que também foram marcados de alguma forma pela violência.
“O jornalismo diário cobre a violência de uma maneira muito superficial, com esses programas policialescos que todo mundo conhece”, afirma Rodrigo. “Tentar colocar a escola nesse caminho, não como solução e nem como problema, foi uma maneira de trazer uma nova perspectiva de pessoas que combatem a violência através da educação, que são esses professores, são essas lideranças populares, são os estudantes, são os jovens que são vitimados por esse contexto”.
Os dois estudantes entraram na UFPR pela Lei de Cotas, como estudantes de escola pública. Giovani afirma que a experiência que teve ao longo do Ensino Médio no Instituto Federal do Paraná e agora, na faculdade, é uma influência na elaboração de pautas sobre educação.
“No Ensino Médio já comecei a pensar sobre as cotas raciais e socioeconômicas, e como a educação pode ser libertadora. Além disso, a gente participou do Núcleo de Comunicação e Educação Popular da UFPR, que discute justamente a convergência entre educação e comunicação”, conta. “Percebi, conversando com eles, que esse documentário é muito um agradecimento a essas pessoas que se dedicam à educação. São professores que se importam muito com os alunos e tem uma maneira de educar, que olha para aqueles indivíduos”.
O documentário está disponível na íntegra no YouTube.
A ideia do tema abordado por Giovani e Rodrigo foi construída com o professor José Carlos Fernandes, do Departamento de Comunicação da UFPR. O docente trabalha há anos com a temática da mortalidade na juventude e auxiliou na busca pelas fontes e orientação do trabalho.
Os estudantes ganharam uma bolsa do Instituto Vladimir Herzog para produzir o documentário. Também tiveram a colaboração do jornalista Paulo Oliveira, convidado pelo instituto para apoiar a elaboração da pauta. Para Rodrigo, a produção deste documentário foi diferente de qualquer outro trabalho que eles já tinham feito na faculdade e foi uma grande oportunidade de crescimento profissional.
“Trabalhar para o prêmio, trabalhar com cronograma, receber uma verba e ter que dar satisfação para quem confiou em você, te coloca em outra posição, de um jornalista de verdade, não de um estudante de jornalismo”, diz. “Foi um amadurecimento. Esse processo foi muito legal e com certeza fez, está fazendo e vai fazer diferença para os jornalistas que a gente vai ser depois do curso”.
Na cerimônia de premiação, os futuros jornalistas puderam trocar experiências com outros estudantes, das outras regiões do país, que também foram contemplados. Uma experiência única.
“E o reconhecimento é sempre muito gostoso, muito bom você produzir alguma coisa, ter orgulho do que você produziu e ser reconhecido por isso”, afirma Giovani.
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