UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

Pesquisa da UFPR e da UEPG relaciona clima e disseminação do coronavírus em cinco capitais brasileiras

Estudo publicado no último dia 28 na revista científica Science of The Total Environment aponta que cidades com temperaturas próximas a 27 graus Celsius e umidades relativas do ar próximas a 79% tiveram as maiores taxas de transmissão da covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Assinado por cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o artigo dá novo direcionamento à relação entre clima e disseminação do vírus. Foram avaliadas cinco cidades brasileiras com alta incidência da doença: Manaus, Fortaleza, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Ainda, ficou evidente que há uma combinação entre a temperatura e a umidade relativa do ar (condicionada pelos eventos de precipitação), denominada de umidade absoluta, que mais favorece a disseminação da doença. O estudo foi realizado pelos pesquisadores da UFPR André Auler, do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, e Vinício Oliveira, da Câmara de Saúde Coletiva do Setor Litoral. Pela UEPG, participaram os professores Fábio Cássaro e Luiz Pires, ambos do Departamento de Física.

Painéis luminosos alertam sobre a covid-19 no Eixão-Sul de Brasília, uma das cidades analisadas na pesquisa. Foto: Marcello Casal Jr/Agencia Brasil, 26/3/2020

Segundo Auler, o estudo buscou identificar o possível aumento na transmissão da doença em função da temperatura, umidade relativa e precipitação pluvial. Os autores destacam a importância de um estudo local, pois a informação até então disponível foi baseada em estudos conduzidos em países mais frios que o Brasil, com temperatura média de aproximadamente três graus Celsius.

Calor

“Com base nesses estudos, o aumento da temperatura, por exemplo, reduziria a transmissão do vírus. Contudo, no Brasil não tem se observado esse comportamento. A exemplo as cidades das regiões Norte e Nordeste, locais com maiores taxas de incidência e mortalidade”, enfatiza o estudo. Os autores ainda destacam que, em função destes estudos, pode existir a falsa impressão de que a doença não seria um problema tão grave no território nacional.

Figuras adaptadas do artigo original. A ordem de cores indica cidade mais quente (vermelho) para a mais fria (azul). Imagem: Divulgação
Figuras adaptadas do artigo original. Na primeira, a ordem de cores indica cidade mais quente (vermelho) para a mais fria (azul); na segunda, a taxa de transmissão é comparada à umidade relativa em cada cidade. Imagens: Divulgação

Com isso, segundo Vinício Oliveira, são necessárias políticas e ações intersetoriais capazes de mitigar os efeitos da pandemia, principalmente em cidades onde a taxa de contaminação está aumentando rapidamente, com o objetivo de reduzir a transmissão e o possível colapso do sistema de saúde. Devem ser adotadas medidas de prevenção e proteção nessas cidades, sendo o isolamento social a medida mais eficaz.

Os pesquisadores pretendem continuar o estudo. “Faremos o mapeamento não apenas com variáveis meteorológicas, mas também com variáveis socioeconômicas, indicadores de qualidade de vida, taxas de isolamento social, informações sobre saneamento básico, entre outras”, afirmou Oliveira.

Figura mostra taxa de transmissão é comparada à umidade relativa em cada cidade
Também adaptada do estudo, figura mostra taxa de transmissão de covid-19 por cidade, na comparação com a umidade relativa

(Por Aline Gonçalves/Secom-Litoral)

Acesse o estudo “Evidence that high temperatures and intermediate relative humidity might favor the spread of COVID-19 in tropical climate: a case study for the most affected Brazilian cities” na íntegra neste link

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