Uma equipe do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná realizou na manhã do último sábado (26) um procedimento sem antecedentes registrados na literatura médica brasileira.
Conhecido pela sigla Exit (Terapia Intra-parto Fora do Útero), e sua variação Oops (Operação Sob Suporte Placentário), o procedimento foi executado apenas de 400 a 500 vezes em todo mundo, e foi responsável pela manutenção da vida da pequena Helena.
A mãe, Paula Regina Pontara, 33, veio de Telêmaco Borba, cidade distante 246 quilômetros de Curitiba, com 28 semanas de gravidez, com o diagnóstico de que seu bebê apresentava uma obstrução no conduto que leva o oxigênio aos pulmões – a não formação de um segmento da traqueia, que, ao nascer, a impediria de respirar. Uma ressonância magnética veio a confirmar o laudo da sua ecografia.
No HC, houve o acompanhamento normal durante o pré-natal, enquanto a equipe médica multidisciplinar, formada por médicos do ambulatório de Medicina Fetal (tocoginecologistas, obstetras, cirurgiões e neurologista) discutiam a melhor maneira de resolver o problema.
‘Por essa má formação congênita, é muito comum as crianças irem ao óbito logo após o nascimento ou, ainda, na impossibilidade de realizar uma abertura mecânica na traqueia (traqueostomia) em no máximo 4 minutos, pode até lesionar o cérebro pela falta de oxigênio’, afirma o chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica do HC, Miguel Ângelo Agulham.
Na 34ª semana de gravidez, a mãe entrou em trabalho espontâneo de parto e a equipe, prevenida, entrou em ação para a realização do procedimento (Exit, Tratamento Extra-útero Intraparto), que consistiria, nesse caso, em realizar a traqueostomia no feto, parcialmente fora do corpo da mãe.
Renato Sbalqueiro, tocoginecologista do HC, explica que não foi possível, uma vez que o bebê estava em posição pélvica (sentada). Foi tentada então uma versão externa, técnica que tenta virar a criança com as mãos, externamente, o que também não deu certo.
O cirurgião Marcelo Stegani frisou que foi necessário mudar imediatamente o procedimento para a variante conhecida como Oops, realizando, logo em seguida da cesariana, a cirurgia da criança, que foi mantida sobre as pernas da mãe, com a placenta ainda colada ao corpo do útero, para, somente depois, cortar o cordão umbilical.
Equipe multidisciplinar
Apesar de todas as intercorrências, o procedimento foi um sucesso devido ao trabalho conjunto de toda equipe multidisciplinar, composta de 25 pessoas, entre cirurgiões pediátricos, tocoginecocologistas e anestesiologistas e demais funcionários do Centro Cirúrgico, além, é claro, da equipe da UTI Neonatal.
Agulham destaca ainda o trabalho imprescindível das anestesiologistas Denise Rossi e Gizelda de Oliveira, que atuaram de maneira eficaz em todo trabalho, anestesiando a mâe e a criança ainda ligada à placenta materna.
A mãe recebeu alta já no dia seguinte, e a criança, Helena, nascida com 2,2 quilos, passa bem. Ela é monitorada, agora, pela equipe de Regina Cavalcante da Silva, da UTI Neonatal, que afirmou que recebeu o bebê em ótimo estado de saúde.
‘Os cuidados necessários seguintes são os de qualquer criança prematura’, diz o cirurgião Stegani. ‘Geralmente, nesses casos, somente depois de um ano de vida, é que a pequena paciente poderá passar por uma cirurgia corretiva definitiva de via aérea para, enfim, tirar a traqueostomia.’
Coletiva à imprensa
Pauta: HC da UFPR faz cirurgia inédita no Brasil
Participação da equipe médica do hospital e da mãe da criança
Quinta-feira (1º/7), às 10h30
Local: Sala do Coad, no Prédio Central do HC
Rua General Carneiro,181
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Fonte: Fernando César Oliveira, com informações da assessoria do HC
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