Finalistas do Jabuti Acadêmico comemoram reconhecimento; conheça as obras

13 agosto, 2025
16:40
Por Luana Lopes
Ciência e Tecnologia

Na fase final do prêmio, UFPR teve representantes nas áreas de Ciência da Computação, Psicologia e Psicanálise e Tradução 

Na última semana, ocorreu a premiação da segunda edição do Jabuti Acadêmico, em São Paulo. Promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o evento busca valorizar a produção científica, técnica e profissional nacional.  

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve três representantes entre os finalistas. O professor André Luís Vignatti, do Departamento de Informática, foi o grande vencedor da categoria Ciência da Computação com o livro “A Máquina da Natureza: uma perspectiva cronológica da ciência da computação teórica”.  

Voltado para especialistas e curiosos, o livro traz, em linguagem não técnica, uma narrativa sobre a história da computação teórica. Motivado por uma frustração pela forma que a ciência era ensinada, durante o processo de escrita Vignatti também buscou novas formas de lecionar a disciplina sem deixar o tema complexo e formalista. 

“Quando abandonamos o formalismo e focamos apenas nas ideias, começa-se a entender a beleza da área. Na minha visão, não trabalhamos com uma ciência cujas principais questões são as aplicações tecnológicas. Na verdade, é o contrário: as novidades tecnológicas apenas lançam uma “névoa” que encobre os objetivos mais profundos da ciência da computação. No meu livro, procuro tornar explícitos esses objetivos, que se relacionam com questões filosóficas e naturais”. 

Vignatti conta que, a cada etapa do Jabuti Acadêmico, a ansiedade crescia e também a sensação de reconhecimento. Entre os finalistas, estavam também seus antigos professores. Na noite da premiação, estava ao lado da família e se emocionou com as felicitações de amigos e colegas de trabalho. 

“O trabalho de um acadêmico pode ser reconhecido de várias maneiras: pelas aulas, artigos publicados ou projetos de pesquisa. No entanto, os livros, como os finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico, ocupam um lugar especial. Apesar de ter, em média, dez vezes o número de páginas de um artigo científico, a escrita de um livro é muito mais complexa do que a de dez artigos. A organização do texto e das ideias é um desafio que pode desmotivar muitos acadêmicos. É por isso que prêmios como o Jabuti Acadêmico são tão importantes, pois incentivam esse processo trabalhoso”. 

Livros editados pela Editora UFPR também foram finalistas 

Os outros dois finalistas representantes da UFPR no Jabuti Acadêmico foram títulos editados pela Editora UFPR: “Manicômio judiciário: a reclusão disfarçada de cuidado”, de Thiago Bagatin, atualmente professor do curso de Saúde Coletiva da UFPR Litoral, na categoria Psicologia e Psicanálise; e “As mulheres famosas”, com tradução de Adriana Tulio Baggio, na categoria Tradução. 

Em “Manicômio Judiciário”, Thiago Bagatin traz um resgate histórico e uma problematização sobre os manicômios judiciários no Brasil, que abriga pessoas com problemas com transtornos mentais em conflito com a lei. No livro, o professor argumenta que estas instituições não são funcionam como uma forma de atenção à saúde mental, e sim estão inseridos em um contexto de punição dentro do sistema prisional. 

“A intenção destes manicômios judiciários realmente é esconder e encarcerar. As pessoas lá ficam em celas, dentro da instituição andam sempre de algemas, e isso não é tratamento de saúde, ninguém melhora nessas condições”, afirma. “Eu não sou o primeiro a fazer isso, mas o livro é uma denúncia, um resgate a essa ideia de que 100% das pessoas podem ser acompanhadas pela rede de atenção psicossocial, independente de estar ou não em conflito com a lei”.  

Ao longo do livro, por meio de estudos de caso, análise de legislações e uma discussão sobre o conceito de “periculosidade” no âmbito do Direito e da Psiquiatria, Bagatin faz uma defesa da luta antimanicomial e da rede de atenção psicossocial. O docente conta que ficou alegre com a inscrição da obra ao Jabuti Acadêmico pela Editora UFPR, pois vê que o prêmio pode dar mais visibilidade à temática. 

“Não é uma felicidade meramente pessoal. Claro que tem todo um esforço pessoal envolvido na produção do livro, mas também é uma emoção porque mostra a relevância do tema levantado no livro. E acho que isso é o mais significativo, a gente conseguir levar essa mensagem para mais pessoas”. 

Adriana Baggio foi finalista do Jabuti Acadêmico pela tradução inédita em língua portuguesa de “As Mulheres Famosas”, do italiano Giovanni Boccaccio, autor do Decamerão. O livro é um conjunto de 106 biografias de mulheres, que na seleção do autor eram especialmente nomes da mitologia e da história da Antiguidade greco-romana. 

Além de traduzir a obra, Baggio também a estudou no pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em História da UFPR (PPGHIS).  

“Giovanni Boccaccio, o autor de “As mulheres famosas”, foi um intelectual que hoje chamaríamos de multidisciplinar, e assim também é a sua obra. Na área de letras, a coletânea de biografias contribui para estudos literários e linguísticos sobre a prosa na península itálica medieval e sobre o gênero biográfico, sem falar nos estudos de tradução. Mas o título também é fonte preciosa para a área de história da cultura e das ideias, e revela entre as biografadas muitas mulheres de letras, como filósofas, oradoras e poetas, frequentemente esquecidas pela historiografia contemporânea”. 

A tradutora afirma que recebeu com grande alegria a indicação ao Jabuti Acadêmico e também agradeceu a parceria com a Editora UFPR. 

“Minha pesquisa e meu texto foram tratados com profissionalismo, seriedade e respeito, e a indicação ao Jabuti também é reflexo desses fatores”, afirma. “Estar entre os finalistas do prêmio representa o reconhecimento institucional da academia ao fato de que pesquisadores independentes (por contingência ou por escolha) também produzem trabalhos de qualidade, rigorosos e relevantes”. 

UFPR no Jabuti Acadêmico 

O Jabuti Acadêmico teve outros três livros representantes da Universidade Federal do Paraná que receberam indicações e figuraram entre os semifinalistas. Dois foram editadas pela Editora UFPR: “Desvendando as abelhas: o que são e por que conservá-las”, de Rodrigo Barbosa Gonçalves, professor no Departamento de Zoologia da UFPR, na categoria Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia; e “Além de Aristóteles: poéticas do teatro, da antiguidade à idade média” (diversos tradutores).  

O professor Pedro Ipiranga Junior, do Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas (Depac) da UFPR, também esteve entre os semifinalistas. Além de assinar a tradução de “Cordel Homérico II – Canto XI” (Ed. Perin), é um dos tradutores de “Além de Aristóteles”. 

Na primeira edição do prêmio, o livro “Pelo prisma rural: ensaios de Literatura Brasileira” (Ed. Unicamp), do professor Fernando Cerisara Gil, do Departamento de Literatura e Linguística (Dellin) da UFPR, levou o jabuti na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários.

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