Isabela se formou em Engenharia Elétrica na UFPR; Rhony, coreógrafo da Seleção de Ginástica Artística, é egresso de Educação Física; e Flávia treina os 800 metros no Ced, em Curitiba
O longo trabalho de formação de atleta ou de membro de comissão técnica que chega às Olimpíadas envolve treino físico, mas também exercício intelectual e estrutura de trabalho. Nesses pontos a Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve sua parcela de participação na carreira de três membros da delegação brasileira nas Olimpíadas de Paris.
São egressos e usuários de espaços da instituição cujas trajetórias revelam os diversos pontos de contato entre as universidades públicas e a sociedade.
Leia as histórias deles:
Por trás da inédita medalha (de bronze) em equipes para as ginastas brasileiras e do ouro para Rebeca Andrade no solo, trunfos das Olimpíadas de 2024, está o trabalho do coreógrafo esportivo Ronaldo “Rhony” Ferreira, de 57 anos.
“Feliz da vida com o resultado do Brasil em Paris! Obrigado, meu Deus, por tudo!”; e “Rebeca excepcional! Ouro pro Brasil no solo! Felicidade que não cabe no peito!”, foram duas de suas postagens de comemoração das conquistas de Paris. “Parabéns pela equipe que VOCÊ formou”, respondeu uma seguidora.
Formado pela UFPR em Educação Física em 1990, Ferreira começou na ginástica muito antes, ainda menino, o que o levou a ser ajudante nas aulas de Lucélia Pissaia e mais tarde professor de ginástica enquanto ainda estava na graduação.
Força, equilíbrio e coordenação motora ajudaram, sem dúvida. Mas o pano de fundo do talento de Ferreira é uma vocação nata para ritmo e dança.
“Sempre tive facilidade para música. Só de escutar música, eu via quais os movimentos que combinam com ela. Às vezes eu dava pitacos nas séries das minhas amigas que treinavam comigo. Ao ponto de o professor um dia falar: ‘Rhoni, por favor, essa menina aqui está muito ruim. Dá um jeito na coreografia dela’. Eu comecei assim. Fui tomando gosto pela coisa, sabe?”.
Em atuação na Confederação Brasileira de Ginástica desde o início dos anos 2000, Ferreira criou coreografias marcantes para ginastas brasileiros, entre elas a de “Brasileirinho” para Daiane dos Santos e o “Baile da Favela” para Rebeca. Também viaja o mundo oferecendo cursos sobre coreografia artística alinhada às regras da Federação Internacional de Ginástica.
(Colaborou Lívia Inácio, da Aspec/SCB/UFPR)
A pentatleta Isabela Antonietto de Abreu, de 29 anos, chega aos Jogos Olímpicos formada em Engenharia Elétrica pela UFPR. Terceiro-sargento do Exército, onde é atleta bolsista, ela concluiu a graduação noturna em Curitiba no ano de 2020.
O pentatlo moderno exige desempenho em cinco esportes olímpicos: esgrima, natação, hipismo, tiro e corrida. Assim que entrou na universidade, em 2014, parou com o esporte para se concentrar nos estudos. Mas sentiu necessidade de voltar a treinar.
Dois anos depois, venceu seu primeiro campeonato brasileiro do esporte que conheceu na escola. Hoje é pentacampeã. Em Paris, tem desafios na próxima semana, começando no dia 8.
Na UFPR, Isabel fez estágio no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável (NPDEAS) e iniciação científica no projeto de extensão Ciência para Todos. Interessou-se por internet das coisas (IoT) com um toque de esporte, o desenvolvimento do B1K3 Lab, equipamento para estudo da ciclomobilidade urbana.
O assunto do seu trabalho de conclusão de curso (TCC) foi um protótipo do equipamento que monitora, além da ultrapassagem de veículos, dados ambientais como umidade, temperatura e ruídos.
“O dispositivo é inovador”, explica o professor André Bellin Mariano, que orientou o TCC de Isabela no Departamento de Engenharia Elétrica da UFPR. O aparelho envia dados georreferenciados a um aplicativo de smartphone que são armazenados em nuvem. A interface Smartmobility foi criada por Isabela, que fez experimentos para calibrar e validar o dispositivo por meio de simulações de ultrapassagem em ambientes controlados.
“O que mais me impressiona em Isabela é a sua seriedade e responsabilidade em todas as atividades. Concentração, determinação e busca pela excelência, também evidentes na sua vida de atleta, foram fundamentais para o sucesso do desenvolvimento do dispositivo IoT”, lembra Mariano.
Aos 31 anos, a meio-fundista Flávia Maria de Lima é retrato do esforço de um atleta olímpico. Moradora de Campo do Tenente, cidade de 8 mil habitantes a quase 100 quilômetros de Curitiba, viajava no mínimo três vezes por semana para treinar na pista de atletismo do Centro de Educação Física e Desportos (CED) da UFPR, no Centro Politécnico. “É a pista mais próxima da minha casa”, diz.
Flávia representou o Brasil nas Olimpíadas na prova de atletismo dos 800 metros. Começou a correr profissionalmente com 17 anos, nos Jogos Escolares. Um treinador de Campo Mourão a convidou a treinar na cidade, local que ela representa até hoje na Federação. Esteve na Rio 2016 e bateu na trave para participar das Olimpíadas de Tóquio.
O objetivo de Flavia para Paris era estar na final, mas ela deixou a competição nas semifinais na semana passada. A atleta teve repercussão nacional, porém, devido ao posicionamento a respeito do processo jurídico pela guarda da filha de seis anos, disputada pelo genitor da menina.
Uma acusação de abandono maternal por causa da participação nas Olimpíadas a fez denunciar a posição de vulnerabilidade das mulheres atletas. “É difícil ser mulher. A luta pela liberdade, de deixar de ser objeto e posse de alguém, é uma luta difícil. Mas é algo pelo qual vale a pena batalhar e correr atrás”, disse, em vídeo divulgado em uma rede social.
Antes de viajar, a atleta disse ao Bionews da UFPR que a sua participação nos Jogos Olímpicos de 2024 também a movia como símbolo de luta.
“Quero mostrar para todas as mulheres que não temos que abaixar a cabeça, não podemos deixar o sistema machista nos reprimir. O meu foco na Olimpíada é a minha forma de resistir a isso. Não estou cometendo um crime, apenas estou em busca de coisas melhores para mim e para minha filha”.
(Colaborou Danielle Salmória, da Aspec/SCB/UFPR)
Com informações da Aspec/SCB/UFPR e da APUFPR
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