Laboratório de Inclusão produz materiais didáticos voltados ao processo de ensino-aprendizagem, por meio da modelagem tridimensional, animação e prototipagem
A educação inclusiva para as pessoas com deficiência visual, auditiva, física e mental, por meio do Desenho Universal, é o principal objetivo do projeto Laboratório de Inclusão (Labinc), vinculado ao Departamento de Expressão Gráfica (DEGRAF). No final de novembro, a iniciativa extensionista rendeu frutos. O Jogo da Flor, produto educativo realizado por docentes, discentes, voluntários e pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi reconhecido na premiação Design for a Better World Award (DFBW), que ocorreu no Museu Oscar Niemeyer (MON).
O Labinc promove a produção de material didático para o processo de ensino-aprendizagem, por meio da modelagem tridimensional, animação e prototipagem. A partir do projeto, os acadêmicos aprendem na prática os conceitos ensinados em sala de aula, entre eles a impressão 3D e a modelagem.
“Eles são confrontados com situações reais da aplicação. Isso provoca um amadurecimento pessoal, a gente percebe o estudante que chega aqui antes de passar por um projeto de extensão, e o estudante que já vivenciou essa realidade”, afirmou a professora Arabella Natal Galvão da Silva, coordenadora do projeto de extensão.
O Jogo da Flor visa ensinar braille, estimular a coordenação motora fina e promover a interação social entre o público infantojuvenil. Seu surgimento foi possível por meio de uma parceria firmada pelo Labinc com o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado Anne Sullivan (CEMAEE), em 2023.
Após a realização de algumas reuniões com uma professora da instituição, o material foi ganhando forma. Ela tem deficiência visual. “Esse contato com a instituição e com a realidade da pessoa com deficiência é fundamental. Então, sempre que vou lá, procuro levar algum aluno para que ele ouça esses detalhes e comece a entender, a vivenciar a realidade da pessoa com deficiência”, explicou Silva.
A inclusão é essencial no ensino brasileiro. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com deficiência têm menor acesso à educação, ao lazer e ao trabalho. O Censo Escolar da Educação Básica mostrou que 4.321 dos estudantes têm deficiência visual, e que 86.867 dos estudantes têm baixa visão.
“A professora do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CEMAEE) queria algo lúdico, pois afirmava que o ensino do Braille era demorado e as crianças acabavam se desestimulando rapidamente. Então, ela queria uma forma mais dinâmica, mais interativa, mais divertida de aprender. Foi quando trouxemos a ideia de criarmos um jogo positivo que nos permitisse auxiliar no ensino de Braille”, relembrou Silva.
No jogo, os educadores podem colocar para a criança o número de letras que ela conhece. A partir desse momento, a criança irá tatear e identificá-las. Em cada acerto de uma letra, ela vai ganhar um pedacinho da flor. O objetivo é montar a flor completa.
“Com isso, a gente consegue promover a inclusão realmente, de maneira que qualquer criança consegue interagir com o jogo. Tanto crianças cegas, videntes e com baixa visão podem jogar juntas, assim como crianças que conhecem poucas letras ou todas as letras do alfabeto”, completou a professora Arabella.
A premiação do Design for a Better World Award (DFBW) é uma iniciativa do Centro Brasil Design (CBD), que contempla propostas inovadoras e criativas. O conselho consultivo é composto por 17 especialistas, que avaliam os trabalhos inscritos visando soluções transformadoras para as diversas áreas. “O prêmio é o incentivo para que mais estudantes venham trabalhar conosco e vejam que no curso de expressão gráfica, conseguimos fazer coisas que podem ajudar as outras pessoas”, salienta Silva.

Criado em 2018, o projeto surgiu sob a denominação “Produção de material didático para o processo de ensino-aprendizagem por meio do desenho universal”, com foco inicial em pessoas com deficiência visual ou baixa visão. A primeira parceria institucional foi com o Colégio Dom Pedro II, a partir da demanda por um dominó tátil que auxiliasse estudantes no aprendizado de frações matemáticas. Para atender a essa solicitação, a equipe desenvolveu o Dominó Matemático, produzido por meio de manufatura aditiva (impressão 3D) em ácido polilático (PLA).
Ainda nesse período, estabeleceu-se parceria com o Instituto Paranaense de Cegos (IPC), voltada ao desenvolvimento de mapas temáticos táteis sobre os estados e os biomas brasileiros. Pela sua praticidade e caráter pedagógico, os materiais foram pensados como apoio ao ensino de geografia e ecologia no ensino fundamental.
Em 2020, a ação extensionista foi ampliada com a incorporação de diferentes tecnologias, visando expandir o público atendido. Com o uso de recursos de modelagem e animação, e o desenvolvimento de produtos voltados também às pessoas com deficiência auditiva, o projeto passou a se chamar Labinc. Nessa nova fase, além das iniciativas já realizadas, foram produzidos a tabela periódica tátil, figuras geométricas e animações em Libras.
Para mais informações sobre o Laboratório de Inclusão, acesse este link.
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