A Universidade Federal do Paraná entrevistou as três chapas concorrentes ao Diretório Central dos Estudantes (DCE): “Mais vale o que será”, “Minha jangada vai sair pro mar” e “Reconstrução: um convite à ousadia”. As eleições acontecem nos dias 17 e 18 de novembro. As respostas estão abaixo.
UFPR – Qual a avaliação da atual gestão do DCE e da atuação dos representantes dos alunos nos
conselhos?
Mais Vale o que Será – Avaliamos que a divisão entre a diretoria do DCE e a representação discente foi prejudicial para o movimento estudantil da UFPR, cada parte seguiu um projeto político diferente. Consideramos essencial manter os dois projetos articulados e por isso apresentamos uma chapa para a diretoria e conselhos.
O principal mérito da atual gestão foi conseguir avançar na proximidade com os estudantes,principalmente com os dos campi afastados. Esta aproximação rendeu frutos com a incorporação do Litoral e Palotina com as movimentações realizadas com os CAs (centros acadêmicos) em Curitiba.
Para 2011, precisamos melhorar essa aproximação e fazer com que o DCE se torne efetivamente um instrumento que dá voz às demandas dos estudantes. E isso só pode ser conquistado com a ampliação da participação estudantil.
Minha jangada vai sair pro mar – A gestão executiva, que concorre à reeleição pela chapa Mais vale o que será, fez menos do que poderia ter feito. Em 2010 o DCE não realizou discussões sobre o Plano Diretor da universidade, que definirá toda a estrutura da UFPR daqui para frente, e como ele afeta os estudantes. Não lutou por mais assistência estudantil, nem em prol da acessibilidade nos campi e nem pelo passe livre, que é uma demanda histórica. Só vimos o DCE se mobilizar agora, próximo da eleição, mesmo que pautando uma questão importantíssima: falta de iluminação nos campi. Mas porque só agora?
A gestão de representação discente nos Conselhos Superiores lutou pelos interesses estudantis e esteve ao lado das pautas de cunho social. Conseguiu, por exemplo, a paralisação de todos os mais de 300 processos de jubilamento para que fossem revistos os procedimentos e avaliadas as causas reais desse problema. Porém os representantes não conseguiram fazer conexão com os estudantes, principalmente por não terem conseguido dialogar com a gestão executiva.
Reconstrução: um convite à ousadia – Você sabe o que é o DCE/Conselhos? Quantas vezes você viu o DCE/Conselhos neste ano? A partir das respostas destas perguntas ao longo da campanha, concluímos que o DCE como entidade que representa o Movimento Estudantil na UFPR se mostrou tímida perante a participação na vida cotidiana dos estudantes, não dialogando, repassando ou organizando as lutas dos estudantes na Universidade.
UFPR – Qual diferencial ou semelhança na representação estudantil a chapa propõe em relação às
decisões da gestão atual?
Mais Vale o que Será – Vemos que o papel do DCE não é “resolver os problemas” dos estudantes pura e simplesmente, como se fosse algo alheio à vida discente, que presta serviços. O DCE tem que ser parte da vida dos estudantes e organizá-los para pensar suas demandas.
Até porque quem sabe do que precisa é o estudante e não uma diretoria “distante e sábia” que adivinha isso. Defendemos que a diretoria do DCE faça o trânsito, servir de “argamassa” para diferentes mobilizações e demandas estudantis. Com a representação nos conselhos não é diferente, as propostas apresentadas lá devem advir desta movimentação, bem como cumpre um importante papel de fiscalização da administração.
Minha jangada vai sair pro mar – O diferencial é muito claro. Queremos ser gestão do DCE para defender o interesse estudantil, promover a politização dos estudantes e também apoiar os movimentos sociais – entendendo que o movimento estudantil é um deles. Não basta fazer uma só dessas coisas. Também não basta ser gestão apenas para ocupar este espaço. Nós somos a terceira opção.
Reconstrução: um convite à ousadia – A partir do balanço que fazemos da atual gestão, nos organizamos como oposição. Nosso diferencial está na compreensão de Movimento Estudantil e do DCE, entendendo que o DCE não é apenas um gerenciador de Centro Acadêmico, mas sim um impulsionador de lutas coletivas dos estudantes da UFPR. Entendemos que os problemas que passamos em nossa vida acadêmica são problemas resultante de uma política educacional implementada em todas as IFES. Por isso, concluímos que devemos nos unificar com os estudantes de outras universidades potencializando a atuação do Movimento Estudantil, construindo uma entidade que fortaleça essas lutas, a ANEL.
UFPR – Quais as principais propostas da chapa?
Mais Vale o que Será – Com a política de expansão adotada pela UFPR percebemos que há um inchaço em diversos campi sem que estrutura de qualidade seja garantida a todos os alunos.
Queremos sim a expansão de vagas, mas lutaremos para que seja uma expansão consciente e com infraestrutra garantida previamente. Nós propomos a priorizar a luta pelo atendimento das demandas dos diversos cursos para que haja salas de aula, laboratórios e bibliotecas em condição de atender um projeto de educação de qualidade.
Assistência estudantil também é prioridade para a Mais Vale o Que Será. Defendemos que não adianta apenas aumentar o número de bolsas permanências ofertadas na UFPR, elas devem oferecer condições reais do estudante manter-se na Universidade e colaborar com a formação acadêmica.
Minha jangada vai sair pro mar – Nossa gestão revolve em torno de alguns eixos gerais. O primeiro é a ênfase nos direitos estudantis. Estaremos presentes nas reivindicações por estrutura física, assistência estudantil, acessibilidade e democratização dos espaços. Entendemos que estar presente implica em dialogar com os estudantes (e não só os CAs que teoricamente os representam), realizar manifestações e também lutar nos Conselhos Superiores. Para além da representatividade, defendemos a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; o fortalecimento dos cursos de pós-graduação; o incentivo à cultura, principalmente àquela contra-hegemônica; a democratização da comunicação; o debate sobre opressões; oposição ao Corredor Cultural e à criminalização dos movimentos sociais.
Reconstrução: um convite à ousadia – RECONSTRUIR um DCE presente na vida dos estudantes, se tornando este, um instrumento de luta por uma expansão da Universidade com qualidade, garantindo o acesso e a permanência dos estudantes. Como proposta, apresentamos a necessidade de construção de Casas dos Estudantes no Litoral, Palotina e no Centro Politécnico, bem como a ampliação e manutenção das estruturas física, abertura de concursos para professores e técnico-administrativos e a aquisição dos materiais para as aulas práticas.
UFPR – Como a chapa enxerga a importância e as funções da participação estudantil?
Mais Vale o que Será – O DCE é um instrumento de articulação do movimento estudantil. A nossa proposta é reivindicar ensino de qualidade e melhor estrutura física em conjunto com os demais estudantes. É de extrema importância que estejamos mobilizados em torno das pautas estudantis, pois é a partir dessa unidade que obteremos conquistas para a educação.
Acreditamos que a atuação do DCE deve impulsionar e dar voz as demandas vividas pelos estudantes em seus cursos e campi. Essa ação requer uma relação mais próxima ao conjunto dos estudantes, que articule os centros acadêmicos e coletivos em ações comuns em defesa das melhorias nas condições físicas e pedagógicas da UFPR.
Minha jangada vai sair pro mar – A participação estudantil é a fundação do movimento estudantil. Consideramos de extrema importância que os estudantes se mobilizem em todos os espaços: nos cursos, nos setores, nos campi, na UFPR e na sociedade. Para isso, algumas coisas são necessárias. Uma delas é que haja um DCE atuante, que centralize as demandas e realize mobilizações, além de levar adiante o que couber. Também entendemos ser necessária a devida formação e politização dos estudantes. Caso contrário, de pouco serve um DCE.
Reconstrução: um convite à ousadia – O Movimento Estudantil organizado já conquistou muitas vitórias ao longo do tempo dentro da UFPR, como a passarela do Botânico-Politécnico, o RU aberto a noite, o Intercampi e a implementação da assistência estudantil, por isso entendemos que devemos nos organizar e nos mobilizar para garantir a solução dos nossos atuais problemas.
UFPR – Como será a organização interna da chapa, e a participação dos alunos externos a ela?
Mais Vale o que Será – Defendemos uma composição horizontal de gestão, que tem muita a ver com o que papel de DCE que defendemos. O diretório não serve para fazer lutas ou atividades pelos estudantes,como se prestasse serviço, e sim para organizá-los. A gestão horizontal permite que um grande número participe não só fazendo como pensando as atividades. A gestão atual se organiza assim, mas não significa que faremos o mesmo: nos organizaremos de acordo com as
demandas do movimento, e elas podem mudar de um ano para o outro, mudandos as tarefas que serão desempenhadas. A chapa está aberta para estudantes que queiram se incorporar diretamente. Bem como dá importância fundamental à relação com os centros acadêmicos.
Minha jangada vai sair pro mar – A organização interna será descentralizada. Além daquilo que afeta a todos nós, a ideia é que representantes de cada setor estejam presentes nas reuniões, trazendo à atenção do DCE os problemas locais para que a mobilização possa acontecer de modo organizado. As reuniões serão abertas e as decisões prioritariamente consensuais. Para além desses espaços, o DCE estará sempre aberto, assim como a gestão.
Reconstrução: um convite à ousadia – Propomos um DCE presente, organizando o DCE em cada Setor da Universidade, construindo plenárias e assembléias setoriais, dialogando com a realidade apresentada pelos estudantes. A intervenção da chapa será dividida por Setores da Universidade, construindo uma gestão participativa onde convidamos a construir conosco, fazemos UM CONVITE À OUSADIA.
Fonte: Bernardo Staut (bolsista) sob a supervisão de Mário Messagi Jr
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