UFPR recebe patente por novo método de incorporação de nanocelulose em resinas termofixas

11 setembro, 2024
09:36
Por Bruna Soares
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Ciência e Tecnologia

A Universidade Federal do Paraná (UFPR), em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), recebeu recentemente uma nova carta patente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para um avanço significativo na utilização de nanocelulose em resinas termofixas. O título da patente é “Método de obtenção e incorporação de suspensão aldeídica de nanocelulose em resina termofixa, e respectiva resina termofixa sintetizada resultante.”

A inovação é resultado da pesquisa de Mirela Artner, durante o desenvolvimento do seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais (PIPE) da UFPR. O método patenteado envolve a incorporação de nanocelulose, um material derivado da biomassa, em resinas termofixas como ureia-formaldeído e fenol-formaldeído. Segundo o professor Pedro Henrique Gonzalez de Cademartori, da UFPR, o processo é simples e eficiente, utilizando desfibrilação mecânica para integrar nanofibras de celulose em derivados de metanol, essenciais para a síntese de resinas.

O diferencial desta patente é a utilização de formalina, um reagente comum na produção de resinas, para extrair a nanocelulose. Esse método evita a diluição da nanocelulose e mantém a reatividade da resina, ao mesmo tempo que reduz as emissões de formaldeído, um composto associado a riscos à saúde. A incorporação de nanocelulose produzida com esta nova síntese das resinas termofixas visa melhorar significativamente as propriedades mecânicas dos painéis de madeira, como MDF e MDP, sem comprometer a eficiência da produção

Mirela Artner destacou a importância da patente para sua carreira e para a aplicação prática da pesquisa acadêmica, evidenciando como a ciência pode impactar positivamente a indústria e a sociedade. “Eu gosto muito da ciência que é feita dentro da academia, mas queremos que esses métodos sejam utilizados na indústria. Fazer essa interface entre a academia e a indústria foi muito gratificante e importante para mim e para o grupo. Um dos meus objetivos profissionais é aplicar a ciência em grande escala, na vida real. Acredito que esses são os melhores benefícios”, conclui Mirela.

Mirela Artner em sua defesa de mestrado. Foto: Arquivo pessoal

A patente foi gerenciada pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da UFPR e pela Agência de Inovação, hoje uma das unidades da recentemente criada Superintendência de Parcerias e Inovação (SPIn), com especial destaque para o trabalho das servidoras Claudia Raisa Tavares Romano e Cassia Danieli Kuzniarski Pelegrino. Pedro Cademartori, atual diretor da Agência de Inovação / SPIn, ressaltou: “O processo de depósito da patente começou em 2020 com o trabalho das duas servidoras, mas todo o mérito deve ser estendido a toda a equipe da Agência e das outras unidades da SPIn que atuam em pontos estratégicos e relevantes em prol da instituição.”

A evidência das tecnologias da UFPR estimula o interesse da sociedade e facilita a transferência de tecnologia. A inovação reforça o papel da UFPR na pesquisa e desenvolvimento, destacando a importância da universidade no cenário acadêmico e industrial. 

Sobre a conquista e a carta patente concedida, é cada vez mais comum que trabalhos de pesquisa sejam desenvolvidos com foco na aplicação prática para a sociedade e para as empresas. “Isso coroa um esforço de unir ciência e desenvolvimento. É muito estimulante e animador ver o resultado desse trabalho. A experiência prévia da Mirela, como química na indústria de resinas, também facilitou o aprendizado rápido e a qualidade do trabalho. Temos muito orgulho da estudante e da equipe envolvida”, afirmou Pedro Cademartori.

“O grupo tem trabalhado com nanocelulose há algum tempo e encontrou um avanço significativo ao utilizar formalina como solvente na desfibrilação da celulose, evitando a diluição com água e mantendo a eficácia da resina. Essa estratégia melhora a qualidade, a resistência mecânica e reduz a emissão de formaldeído, um problema de saúde internacionalmente reconhecido”, pontua Washington Luiz Esteves Magalhães, professor no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais e um dos inventores da tecnologia patenteada. 

Pedro Cademartori também mencionou negociações anteriores com empresas para licenciar a tecnologia, destacando o potencial de mercado e incentivando o interesse de outras empresas na inovação.

Titulares da Patente:

  • Mirela Angelita Artner: Mestranda responsável pela pesquisa.
  • Pedro Henrique Gonzalez Cademartori: Professor da UFPR, Diretor da Agência de Inovação / SPIn e co-orientador da mestranda.
  • Washington Luiz Esteves Magalhães: Pesquisador da Embrapa, professor no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais e orientador da mestranda.


Acesse informações da patente no portfólio da UFPR através deste link.

Foto de destaque: Freepik

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