Óbito reforçou a urgência na conservação da espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção.
Por LEC-UFPR
O filhote de toninha (Pontoporia blainvillei) resgatado com vida na noite do dia 24 de outubro na Ilha do Mel, litoral do Paraná, foi a óbito na terça-feira (28), após apresentar uma parada cardiorrespiratória. O animal, uma fêmea recém-nascida de 61 centímetros de comprimento total e 2,85 kg, havia sido encaminhado por comunitários da Ilha do Mel ao Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise da Saúde da Fauna Marinha da Universidade Federal do Paraná, (CReD-UFPR), onde permaneceu sob cuidados intensivos desde o resgate.
De acordo com o médico-veterinário e responsável técnico do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, do Laboratório de Ecologia e Conservação (PMP-BS/LEC-UFPR), Fabio Henrique de Lima, casos envolvendo filhotes de toninha exigem atenção constante e são sempre de alta complexidade.
“Desde o resgate, o filhote apresentava instabilidade e estava debilitado. Mesmo com suporte intensivo e acompanhamento contínuo, o prognóstico é sempre reservado, pois a sensibilidade de casos como este é muito alta”, explica Fabio.
Infelizmente, animais nesta faixa de tamanho ainda demandam de cuidado intensivo de suas mães, seja pela amamentação, seja pela presença física. “As toninhas são mamíferos e como nós, o cuidado nesta fase de infância é essencial”, reforça a Dra. Camila Domit, coordenadora do PMP-BS/LEC-UFPR, e professora da UFPR.

O mês de outubro é marcado pelo Dia Internacional da Toninha (01/10), data dedicada à sensibilização global sobre a conservação dessa espécie, considerada criticamente ameaçada de extinção no Brasil. Somente neste mês, 14 indivíduos foram registrados encalhados pela equipe do PMP-BS/LEC-UFPR no litoral do Paraná, sendo este filhote o único encontrado com vida. Em 2025, o número de ocorrências já chega a 38 toninhas, o que reforça a necessidade de ações urgentes de conservação.
Camila Domit destaca que o aumento de registros de animais encalhado sé um importante alerta sobre os impactos humanos nas áreas costeiras.
“Cada ocorrência representa uma oportunidade de ampliar conhecimento, mas também reforça a urgência de repensar a relação humana com o ambiente costeiro. É fundamental fortalecer políticas públicas, fiscalização e práticas sustentáveis de uso dos ambientes costeiros, para que possamos coexistir de forma harmônica, humanos e toninhas”, ressalta.
Além do monitoramento diário, o LEC-UFPR desenvolve outros trabalhos, como o projeto MegaFauna Costeira (MegaCost), iniciativa coordenada pelo LEC-UFPR em parceria com a Associação MarBrasil e o Programa Biodiversidade Litoral do Paraná. O projeto integra iniciativas voltadas ao monitoramento científico destes animais vivos na natureza, e no Paraná as ocorrências são registradas tanto na zona costeira, como no interior do Complexo Estuarino de Paranaguá, onde a região entre a Ilha do Mel e Ilha das Peças são áreas de concentração de fêmeas com filhotes.

O trabalho de monitoramento de praia, realizado diariamente entre Guaratuba e Guaraqueçaba, tem sido essencial para identificar padrões e ameaças às populações de toninha. Segundo a Liana Rosa, bióloga e gerente operacional do PMP-BS/LEC-UFPR, o aumento nas ocorrências é perceptível. “Nos últimos meses, temos registrado encalhes, principalmente de toninhas jovens. Esses dados são fundamentais para compreender os fatores que afetam a espécie e orientar ações futuras que minimizem os impactos”, diz Liana.
A perda destes animais, e o caso do resgate do filhote em especial, reforçam a importância do monitoramento e do cuidado com a fauna marinha. As informações obtidas em cada atendimento contribuem para avançar quanto ao conhecimento sobre a espécie, as causas de mortalidade e fortalecer as estratégias nacionais e internacionais de conservação da toninha — o golfinho mais ameaçado de extinção da América do Sul.
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