O Laboratório de Microbiologia Molecular do Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está realizando campanhas de testagem em massa para a detecção de anticorpos contra o novo coronavírus. Os testes imunológicos, desenvolvidos pela equipe do Laboratório, têm o objetivo de identificar pessoas que já foram infectadas pelo vírus, além de detectar respostas imunológicas à vacinação.
O professor Luciano Fernandes Huergo, responsável por conduzir a pesquisa, explica que, para saber se as pessoas testadas apresentam anticorpos contra o coronavírus adquiridos pela vacinação, é utilizado o mesmo princípio do teste para detectar a infecção, apenas trocando a proteína viral investigada.
“Na nossa testagem, podemos colocar vários ‘pedaços’ diferentes do novo coronavírus para realizar a investigação dos anticorpos. Temos feito esse procedimento de duas formas. A primeira é baseada na proteína do nucleocapsídeo, que produzimos aqui no Setor Litoral. Com esse método, conseguimos identificar se há resposta à infecção, podendo haver reação cruzada com os anticorpos adquiridos depois da imunização pela Coronavac. Usamos o mesmo teste com a proteína spike, que nos é doada pelo Laboratório de Engenharia de Cultivo Celular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse caso, além de conseguirmos detectar se houve infecção, também visualizamos possíveis respostas a todas as vacinas que estão disponíveis no país”, explica.
A linha de raciocínio seguida pelos pesquisadores é de que a pessoa que apresenta anticorpos contra a proteína spike e não desenvolveu a doença, mas foi vacinada, possivelmente gerou uma resposta imunológica em termos de ativação da produção de anticorpos por conta do imunizante. “É difícil traçarmos um paralelo quanto ao anticorpo protetor ou neutralizante, porque nosso ensaio não vê isso diretamente, mas é uma forma indireta de confirmar que a vacina está gerando uma resposta que, presumivelmente, terá um efeito protetor”, revela Huergo.
Contudo, o professor ressalta que um resultado negativo de anticorpo após vacinação não significa que a vacina não teve efeito. “A vacina induz outras respostas do sistema imune, não apenas a produção de anticorpos”.
Litoral e Toledo
A equipe também está trabalhando para levantar a incidência da Covid-19 na população no litoral do Paraná, por meio de parceria com as prefeituras. Cerca de mil amostras já foram analisadas na região e os dados estão sendo compilados a fim de obter um panorama da evolução da doença e da presença de anticorpos na população.
De acordo com o pesquisador, 8% das amostras coletadas no último trimestre de 2020 foram positivas. Os testes realizados no primeiro semestre de 2021 também apontaram 8% de casos de Covid-19, enquanto o segundo semestre já apresenta 12% de resultados positivos. “Nas últimas 130 amostras coletadas em julho, fizemos testes duplos com o objetivo de verificar infecção e resposta à vacinação. Entre a cota analisada, 17% apresentaram resultado positivo para infecção e, ao todo, 33% foram positivas para infecção e vacinação”.
Além do litoral, a cidade de Toledo adotou a iniciativa de testagem em massa da população para detectar a incidência da Covid-19. O projeto é conduzido por professores da UFPR do Campus Toledo.
Como participar
Cerca de 100 vagas são abertas por semana e as coletas são realizadas no Campus do Setor Litoral, em Matinhos. Qualquer pessoa pode participar e não há exigência de que seja morador do litoral, desde que se disponibilize a estar no local na data e no horário indicados por conta própria. O cadastro pode ser realizado neste link.
O teste é indicado para detectar infecções prévias pelo novo coronavírus, não havendo indicação para pessoas sintomáticas na fase aguda da doença. Melhores resultados são esperados com a coleta realizada 20 dias após o início dos sintomas.
Teste poderá diagnosticar outras doenças
Os criadores da tecnologia têm interesse em utilizá-la também para detecção de outras doenças. O próximo passo é usar a metodologia para investigar a dengue.
Uma oferta de transferência de tecnologia continua aberta para possíveis parcerias com o setor produtivo. Segundo o pesquisador, atualmente o teste tem destino exclusivo para pesquisas e não pode ser usado como diagnóstico oficial. “Não temos condições de registrar um produto na Anvisa por questões financeiras e de infraestrutura. Porém, há a possibilidade de laboratórios de análises clínicas usarem o teste, caso seja realizada uma validação in house da metodologia”.
In house é um processo de validação de exames padronizados que tem como objetivo comprovar, por meio de testes, documentos e cálculos, se os exames utilizados em laboratórios estão exercendo suas funções conforme o esperado e de maneira segura.
Colaborou: Secom UFPR Litoral
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