A data de nascimento da pioneira da enfermagem moderna Florence Nightingale, 12 de maio (de 1820), foi escolhida para celebrar mundialmente a profissão. No Brasil, a Semana da Enfermagem é comemorada entre os dias 12 e 20 de maio e homenageia a baiana Ana Néri, primeira enfermeira brasileira a se alistar voluntariamente em combates militares, cuidando dos soldados na frente de batalha na Guerra do Paraguai (1865-1870).
Com a atual pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, a profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares ganhou novo significado: heróis. Contudo, mais do que aplausos em janelas e varandas, os profissionais de enfermagem brasileiros necessitam de reconhecimento constante da população. A saúde do país depende dessas pessoas que revelam um amor ímpar pela vocação.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) ouviu enfermeiras, alunas e ex-alunas, que arriscam suas vidas diariamente em hospitais atendendo a sociedade e professoras que transmitem conhecimento e ensinam as próximas gerações de profissionais.
“Ser enfermeira é ser responsável pelo cuidar, visando às múltiplas dimensões do ser humano. É ter a capacidade de planejar uma assistência baseada em evidências e ter empatia na realização de suas ações.
A enfermagem, representada pelos inúmeros enfermeiros, técnicos e auxiliares, é responsável pelo planejamento e execução de diversas ações que visam ao reestabelecimento da saúde do indivíduo. É essencial no processo de organização do sistema de saúde dentro de uma sociedade.
Com a pandemia, nós da enfermagem como todos os profissionais de saúde, em especial os que trabalham na linha de frente da Covid-19, fomos chamados de heróis e ficamos honrados com isso. Contudo, podemos dizer que esse heroísmo vem também da capacidade de executar nossas ações até mesmo com falta de insumos materiais ou profissionais. Trabalhamos arduamente todos os dias: antes, durante e após a pandemia. Esperamos que esse reconhecimento social que estamos recebendo nesse momento não seja passageiro.”
Jéssica Pereira, enfermeira do Setor de Infectologia do CHC e doutoranda em Enfermagem pela UFPR
“O enfermeiro é o profissional que cuida diretamente dos pacientes em diferentes níveis de gravidade e gerencia a equipe de enfermagem. A maneira como é realizado esse cuidado pode mudar toda a perspectiva da internação de um paciente.
Quando decidi ser enfermeira, recebi muitas críticas de familiares e amigos, pois as pessoas, em geral, não compreendem a nossa importância junto à equipe de saúde. Podemos ter diversas linhas de atuação desde o cuidado direto com um paciente internado até o gerenciamento de uma unidade de saúde.
A pandemia colocou a figura do enfermeiro como super-herói, como se fôssemos invencíveis e capazes de suportar todos os entraves para salvar vidas. Mas não realizamos nosso trabalho somente por amor. Precisamos nos atualizar constantemente para prestar uma assistência de qualidade; necessitamos de locais adequados de trabalho e salários compatíveis com nossos esforços; convivemos com a dor e o sofrimento constantemente, o que torna nosso trabalho bastante exaustivo.
Eu espero que mesmo com o fim da pandemia, o reconhecimento da enfermagem por parte da sociedade permaneça e que possamos conquistar melhores salários e condições dignas de trabalho para o exercício de uma prática segura.”
Kessiane Merhy, enfermeira intensivista do CHC e mestre em Enfermagem pela UFPR
“Decidi ser enfermeira porque queria fazer algo interessante, desafiador e que fizesse a diferença na vida das pessoas todos os dias. Eu amo ser enfermeira porque sou parte de um processo que ajuda, acolhe, e cuida das pessoas. Tomo decisões que podem curar uma pessoa e isso me faz sentir de um jeito que eu nem sei explicar. Eu me sinto ‘poderosa’.
Acredito que minha profissão tem real importância e tenho certeza que quando eu e minhas colegas enfermeiras olharmos para trás, veremos que fizemos algo com algum retorno para a sociedade e isso vai nos orgulhar. Sou enfermeira há 35 anos e hoje posso participar do crescimento e da evolução de novos enfermeiros, que provocam impacto na vida de pacientes diariamente. Isso me inspira.
Este é um momento difícil na vida das pessoas no mundo todo. Este cenário trouxe para muitas pessoas os enfermeiros como heróis. Isso me faz sentir que somos reconhecidos e que o mundo está vendo que somos parte fundamental do processo que faz as pessoas ficarem bem. A enfermagem cuida, escuta, pesquisa, faz e produz. Nós fazemos a diferença na vida dos pacientes.”
Letícia Pontes, enfermeira, docente e coordenadora do Programa de Pós-graduação Prática do Cuidado em Saúde da UFPR
“Para mim, ser enfermeira é trabalhar para a vida, é cuidar do ser humano nos seus momentos difíceis, mas também nos seus momentos mais felizes. Esse cuidado é baseado em ciência, em conhecimento e em pesquisa. É uma grande satisfação porque ao cuidar do próximo, eu cuido de mim mesma.
A enfermagem é importante em todos os segmentos da sociedade, trabalhando em ações que promovem e previnem a saúde da população em geral. É luta pela vida e pela dignidade humana e está presente desde antes do nascimento até o final da vida.
É muito gratificante ser reconhecida e lembrada neste momento em que a sociedade mundial vive uma situação tão desafiadora diante dessa pandemia. No entanto, penso que o nosso trabalho sempre foi esse: cuidar do ser humano, estar exposto às doenças, colocar nossas vidas em risco, abrir mão da nossa família para estar próximo da família do outro, abrir mão de datas comemorativas para trabalhar em plantões exaustivos. Esse reconhecimento deveria existir sempre. Quem sabe a partir de agora as profissões de saúde sejam mais valorizadas e reconhecidas pela sociedade em geral e, sobretudo, pelos gestores públicos.”
Lígia Aparecida Palu, enfermeira coordenadora das UTIs Covid 1 e 2 do CHC e mestre em Enfermagem pela UFPR
“Ser enfermeira é mais que uma profissão, para mim é uma missão. É a busca constante de conhecimento, é estar pesquisando, se especializando e, acima de tudo, ver a pessoa que está sob meus cuidados de forma integral, atender todas as suas necessidades. É pensar e planejar ações que favoreçam a recuperação da saúde da pessoa que está sob meus cuidados. Ser enfermeira é uma realização pessoal.
Hoje a sociedade reconhece a importância do enfermeiro na área de saúde. Estamos presentes em todas as áreas: nos hospitais, nos grupos de pesquisa multidisciplinar, na gestão de leitos, na coordenação das equipes, no planejamento das estratégias de saúde da família. O enfermeiro é o profissional de saúde mais presente na vida da população.
Infelizmente eu vejo que precisou de uma pandemia para o mundo enxergar a importância do enfermeiro e da enfermagem na área de saúde. Por outro lado, é muito gratificante ser reconhecido. Eu espero que essa visibilidade repercuta em leis que realmente valorizem minha profissão. Que todo esse reconhecimento permaneça e venha de forma financeira e traga uma carga horária que propicie uma melhor qualidade de vida para os profissionais que optaram pela enfermagem.”
Mariá Comparin, enfermeira na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do CHC e mestre em Enfermagem pela UFPR
“É o que escolhi para fazer na minha vida profissional. Exercer o papel de enfermeira e o cuidado ao ser humano é algo que me dá prazer e me faz feliz. Por mais de dez anos exerci o cuidado em usuários/pacientes em serviços de atenção básica e atenção hospitalar. Atualmente, como docente de Enfermagem da UFPR há mais de 25 anos, continuo realizada e contribuindo na formação de enfermeiros. A cada semestre, no cuidado direto junto com meus estudantes, confirmo minha vocação e compromisso com a enfermagem. Ser enfermeira/docente é o que me realiza, produzindo pesquisa e compartilhando conhecimento, habilidades e atitudes na graduação e na pós-graduação.
A enfermagem (equipe de enfermagem: enfermeiros, auxiliares e técnicos) é essencial no sistema de saúde. São, sem dúvida, os profissionais de saúde que mais tempo dedicam ao cuidado, assumindo o cuidado integral dos usuários/pacientes.
Eu não quero ser identificada como herói! Eu quero apenas ser reconhecida e valorizada profissionalmente com condições adequadas e dignas de trabalho, salários justos e compatíveis aos esforços e formação profissional, carga horária regulamentada e insalubridade. Não é amor à profissão, é ética, compromisso, responsabilidade. É minha, é nossa obrigação cumprir nosso juramento: ‘Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade […] Respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte;[…] obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da moral, honrando seu prestígio e suas tradições.”
Marineli Joaquim Meier, enfermeira e docente do Departamento de Enfermagem da UFPR
“Ser enfermeiro é ser profissional com competência, habilidade e atitude para cuidar do outro e da sociedade. Somos profissionais habilitados e capacitados para atender e cuidar de outros com dificuldades físicas, mentais e emocionais.
Você consegue imaginar uma sociedade sem um enfermeiro? Quando você responder, vai entender a importância da minha profissão. Tire o enfermeiro e os técnicos em enfermagem de um hospital e o que fica? Aparelhos, medicamentos, móveis e utensílios sem uso ou parados. Somos essenciais para a sociedade.
É uma satisfação ver que no momento atual de crise somos heróis e reconhecidos, mas fazemos isso sempre, então não se esqueçam de nosso compromisso, trabalho e dedicação em prol da vida.”
Mitzy Reichembach, enfermeira, docente e vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação Prática do Cuidado em Saúde da UFPR
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