Quatro especialistas se reuniram no Centro Politécnico da UFPR, no dia 26, para debater os impactos do aquecimento global no clima e seus efeitos sobre a biodiversidade. A mesa é parte da programação da 75ª Reunião Anual da SBPC e foi uma oportunidade para mostrar como está o cenário das mudanças climáticas e quais medidas têm sido planejadas para mitigar seus efeitos.
A mesa intitulada “Mudanças climáticas: impactos no clima e biodiversidade do Brasil e a construção de uma sociedade sustentável” foi mediada pelo cientista do clima e vice-presidente da SBPC, Paulo Artaxo. Em sua intervenção no debate, o pesquisador trouxe dados alarmantes sobre o tema.
“Todos queremos estabilizar a temperatura em 2°C, mas na taxa atual de emissões, da ordem de 42 bilhões de toneladas de CO2, aumentando a 2% ao ano, estamos na verdade em uma trajetória de aumento de 3°C na média global. Em áreas continentais o aumento da temperatura é maior, da ordem de 4°C”, relatou o pesquisador.
Um dos focos dos debatedores foi a ameaça à biodiversidade trazida pelas mudanças temáticas. A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mariana Moncassim Vale, alertou que mais de 80% das espécies endêmicas do Brasil estão ameaçadas de alguma forma. Ela explica que o aumento da temperatura e perturbação dos ambientes colocam estas espécies em risco de extinção, forçam seus deslocamentos ou causam desequilíbrios, inclusive com a proliferação de espécies que se adaptam à nova condição e podem causar desequilíbrios e riscos.
A pesquisadora mostrou como os registros de cascavéis, por exemplo, abrangem agora uma área muito maior do que nos anos 1950, resultado direto do desmatamento e expansão de lavouras e pastagens, por ser uma espécie adaptada a campos mais abertos.
A professora Márcia Cristina Bernardes Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), apresentou as ações que estão sendo tomadas no ministério, como a preparação de vários editais para financiar ações e pesquisas sobre o tema. Uma das estratégias do órgão é apostar na Bioeconomia, na busca de formar cadeias produtivas com produtos de baixo impacto ambiental, aproveitando oportunidades a partir da biodiversidade local.
A pesquisadora explica que o objetivo é oferecer segurança econômica para as comunidades para evitar o desmatamento. “Toda vez que uma pessoa destrói o ambiente ela está tentando uma vantagem econômica, nós buscamos oferecer uma alternativa para as comunidades”, explica. Barbosa também falou da importância de entender as transformações que estão ocorrendo e em que sentido acontecerá os impactos, destacando o papel dos pesquisadores.
O professor da Universidade de Pernambuco e coordenador da Rede Clima, Moacyr Araújo, também abordou o tema da bioeconomia. Ele trouxe o exemplo do licuri, fruto de uma palmeira nativa que tem diversos usos desde sua função cicatrizante até propriedades nutritivas.
“[O Licuri] é bem espalhado na região do semiárido, é cicatrizante, tem atividade antiviral e antimicrobiana, além de suas propriedades nutritivas”, completa. Ele destacou a grande potencialidade econômica dos biomas brasileiros, considerando que são os mais biodiversos do mundo, mesmo os biomas mais secos como a caatinga e o cerrado tem uma grande diversidade de espécies.
Barbosa falou também dos riscos pandêmicos que as mudanças climáticas, e especialmente o desmatamento, podem trazer para o ser humano. Ela explicou que a destruição dos ecossistemas para expandir as atividades humanas nos coloca em contato com uma série de microrganismos que podem ter potencial de causar doenças devido ao contato com os animais selvagens.
Ela explica que doenças que circulam entre os animais podem causar doenças no ser humano e explica que a preservação é a melhor estratégia nesse caso. “A ideia é que a fauna preservada não é um problema, tanto é que o aumento dessas doenças na atualidade é decorrente desse contato, devido ao desmatamento. Preservando a fauna diminui o contato e o risco de pandemias”, completa.
A climatologista Alice Grimm, do Departamento de Física da UFPR, apresentou dados de pesquisas relacionados aos efeitos do aquecimento global no clima, especialmente na América do Sul. A pesquisadora explica que os modelos que projetam o aumento da temperatura devido ao acúmulo de gases de efeito estufa, em especial o gás carbônico, na atmosfera apresentam resultados mais assertivos porque não tem tantas variáveis, mas que o principal desafio para entender como o fenômeno vai afetar as variações climáticas em cada local específico, em especial se considerarmos a variação de precipitação.
Grimm explica que é fundamental entender as mudanças no regime de chuvas e os eventos extremos, porque eles são essenciais para prever os impactos efetivos do aquecimento global na biodiversidade e na sociedade. É a partir disso que podemos entender a dinâmica de secas, inundações e eventos extremos, por exemplo.
Ela revelou vários problemas na maneira que os modelos que têm sido usados, como trabalhar com períodos de tempo muito grandes, o que leva a crer que os impactos não serão tão grandes, porque nesse caso são observadas apenas as médias, não e possível a distribuição desses impactos.
“Inclusive para a utilização econômica, é muito importante em que parte do ano vai chover mais e em que parte vai chover menos. Mesmo que a soma do início com o auge seja zero, precisamos saber qual a distribuição temporal dessa mudança climática da precipitação e usar um período muito grande suaviza os efeitos”, completa.
Ela apresentou os resultados de um estudo em que vem trabalhando. Os dados mostram os problemas de trabalhar com as médias de vários modelos, porque isso também suaviza os efeitos e passa uma ideia errada de que os efeitos não serão tão grandes.
Estudando a dinâmica das mudanças ela estabeleceu parâmetros para entender qual modelo deve melhor representar e as mudanças, que aparecem com maior gravidade. Uma das tendências identificadas, por exemplo, é que a Amazônia tenha um grande queda nos níveis de precipitação, corroborando a tese de que é possível que passe por um processo de savanização no futuro.
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