“A União Europeia vive hoje o paradoxo de reduzir suas fronteiras internas e, ao mesmo tempo, criar uma fortaleza ao seu redor, com políticas restritivas de imigração”, avalia Isabel, que dirige, na Bélgica, o Grupo de Pesquisas Interdisciplinares sobre América Latina (Grial, na sigla em francês) da Universidade Católica de Louvain.
Organizado pela Casa Latino-Americana (Casla), o debate, realizado no Teatro da Reitoria, teve o apoio da Assessoria de Relações Internacionais da UFPR.
Em julho de 2008, a UE aprovou a chamada Diretiva de Retorno, que criminaliza a condição dos imigrantes ilegais. A medida prevê a detenção dos imigrantes em situação irregular por até 18 meses, sem necessidade de ordem judicial, antes da deportação. A diretiva prevê inclusive a deportação de menores.
A Diretiva de Retorno foi amplamente rechaçada pelos presidentes dos países latino-americanos, onde a imigração ilegal não é crime. Na América Latina, o imigrante sem documentos comete apenas uma infração administrativa, sujeita a multa.
Isabel del Castillo aponta que o perfil dos imigrantes latino-americanos no continente europeu é plural. Em geral, possuem um alto nível de educação e ocupam postos de trabalho pouco qualificados.
Segundo ela, a política em relação aos imigrantes varia conforme o país europeu. Na Itália, por exemplo, o governo Berlusconi tem uma política mais dura. Na Espanha, o governo Zapatero teria uma postura mais aberta.
“Os governos que reagem contra a imigração são os mesmos que têm mais resistência em ajudar os pobres de seus próprios países”, afirma a pesquisadora.
Presente ao debate, o vice-reitor Rogério Mulinari lembrou que a integração com os países vizinhos é uma vontade do governo brasileiro. “Queremos ampliar nossas parcerias com os povos irmãos.”
O diretor-jurídico da Itaipu Binacional, José Bonifácio Cabral Júnior, falou sobre o apoio dado pela usina e pela UFPR à criação da Unila (Universidade Federal da Integração Latino Americana). “Desde 2003, Itaipu está cumprindo o seu compromisso social”, diz Cabral, diretor da empresa há doze anos.
A professora Maria Tarcisa Silva Bega, diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPR, questionou a pesquisadora peruana sobre o “cartão azul” da União Europeia, destinado a imigrantes com alta qualificação profissional.
“Empresas como o banco Santander assediam os alunos da universidade, é um canto de sereia”, disse Tarcisa. “Qual é o papel das universidades diante dessa outra forma de exportação de matéria-prima, no caso, de cérebros?”
Isabel Yépez del Castillo elogiou a política nacional que incentiva, no Brasil, a conclusão de cursos de doutorado. “Nossas pesquisas apontam que o percentual de brasileiros que voltam ao Brasil após um doutorado na Europa é mais alto do que o de outros países, por haver incentivo financeiro que estimula a incorporação de pessoas qualificadas.”
Também participou do debate o jornalista Ulisses Iarochinski, que nos últimos sete anos viveu na Polônia. “Os poloneses são o quarto grupo mais numeroso de imigrantes no Brasil, e a UFPR é única universidade brasileira que estuda a Polônia”, disse Iarochinski.
Criado no ano passado, o curso de graduação em Letras Polonês da UFPR é o primeiro curso da área na América Latina.
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O vice-reitor Rogério Mulinari (ao microfone), durante o evento promovido pela Casla
Foto: Fernando César Oliveira
Fonte: Fernando César Oliveira
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