Projetos desenvolvidos na UFPR colaboram com políticas de fomento à cultura no Brasil

Dois projetos de extensão desenvolvidos na Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão atuando em conjunto com o Ministério da Cultura (MinC) para fortalecer a gestão pública da área cultural no país. Por meio de ações como promoção do letramento digital e soluções tecnológicas, as iniciativas atendem a uma demanda do ministério para reconstrução de bases destinadas à formulação, monitoramento e avaliação das políticas culturais, como a Política Nacional Aldir Blanc (Pnab). 

A parceria iniciou em 2023, quando o ministério mobilizou algumas universidades federais para desenvolver ações em torno do fomento cultural. A UFPR ficou responsável por dois projetos: o Mapas Culturais: Mapeamento e Gestão Cultural; e o Laboratório de Cultura Digital. De acordo com a professora Deborah Rebello Lima, coordenadora do Mapas Culturais, a universidade foi incluída pelo seu histórico no debate de cultura digital e no desenvolvimento de software livre.  

Por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED), o projeto coordenado pela docente colaborou no desenvolvimento da versão 7.6 do software Mapas Culturais, lançado no último mês. A plataforma funciona como um ambiente digital colaborativo para o mapeamento e a gestão do fomento cultural no Brasil.   

“Nossa atuação teve como objetivo esse olhar para o amplo cenário de soluções digitais que existam no campo da produção e da gestão de políticas públicas de cultura, de forma a qualificar melhor esse ecossistema para que ele pudesse dar conta das necessidades de gestão da operacionalização da Política nacional Aldir Blanc, considerada a maior política de fomento direto já realizada no país, no campo cultural”, explica Deborah Lima. 

Mais de 50 pessoas atuaram no projeto, entre professores, técnicos administrativos e estudantes de graduação e pós-graduação vinculados à UFPR e a outras instituições de ensino superior, além da empresa de desenvolvimento de tecnologias digitais Hacklab. O foco foi aperfeiçoar o sistema já existente do Mapas Culturais. 

“Fomos melhorando a interface e a experiência do usuário agente cultural, do usuário gestor público de cultura, possibilitando um trabalho melhor de monitoramento da política, de geração de dados e informações para que a gente pudesse inclusive acompanhar política, que é tão importante”, afirma a professora. 

No Mapas Culturais, cada usuário pode compartilhar sua atuação e informar sobre entidades culturais em sua localidade e região. Entre as novas funcionalidades, estão plano de metas, monitoramento e prestação de informações, painel de dados e recursos. 

Laboratório de Cultura Digital 

O segundo projeto da UFPR que vem atuando no fomento à cultura é o Laboratório de Cultura Digital. O projeto ocorreu na UFPR entre 2013 e 2017, mas foi descontinuado. Com a demanda do Ministério da Cultura a partir de 2023, o laboratório foi restruturado e hoje atua na produção de metodologias voltadas para apoiar a execução da Pnab. 

Entre as ações do projeto, estão a potencialização do letramento digital, da linguagem simples, do design de políticas públicas e de soluções digitais. O objetivo é expandir e qualificar as políticas culturais e digitais do país, por meio de estratégias de participação social, educação, tecnologias e comunicação. 

“Nós também temos um acompanhamento da execução da Pnad, para saber como ela chega nos comitês de cultura e nos agentes territoriais de cultura, e desenvolvemos no laboratório metodologias de monitoramento”, afirma a professora Tarcisa Bega, coordenadora do Laboratório de Cultura Digital. 

A docente explica que, apesar dos focos diferentes, os dois projetos de extensão atuaram em colaboração para a execução dos Mapas Culturais. 

“Estamos agora entrando na fase de produção de indicadores que irão para dentro do Mapas”, afirma. “Discutimos todos os lados dos dois projetos, um acompanhando o que estava acontecendo no outro, discutindo soluções. Cada um executando o seu, mas trabalhando em parceria”.  

Para Deborah Lima, a execução dos dois projetos deve deixar um legado de contribuição com o exercício do direito a cultura no país. 

“Entendemos que o trabalho nesse projeto reforça o espírito público e o papel da universidade nesse olhar de trabalho conjunto com a sociedade, mas essencialmente em um papel estratégico, no desenvolvimento e execução de políticas públicas”.