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FEDERAL DO PARANÁ

Projeto Bora Jogar para Aprender promove ações para crianças, pais e profissionais da educação durante pandemia

Uma angústia – que nasceu junto com a pandemia de covid-19 – e o desejo de contribuir motivaram a criação do projeto de extensão “Bora Jogar para Aprender”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As atividades têm como objetivo desenvolver e aplicar ferramentas de interação lúdica com crianças da educação infantil; orientar pais que estão com filhos em confinamento; e capacitar professores e profissionais da educação para o uso de jogos como forma de aprendizagem.

Diante de dados sobre a infância no contexto da pandemia, divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e por instituições e órgãos brasileiros que monitoram a infância, como a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a professora do Departamento de Psicologia da Federal do Paraná Tatiana Izabele Jaworski Riechi decidiu promover interações que permitissem o contato virtual com crianças, pais ou responsáveis, estudantes e profissionais. A proposta é que, juntos, possam participar de jogos educativos – com o uso do tabuleiro como ferramenta lúdica-cognitiva.

“A crise de saúde e econômica resultou no isolamento de milhares de crianças, na vulnerabilidade financeira das famílias e no fechamento de 30% das escolas privadas, disparando uma onda migratória para a rede pública de educação infantil. Isso prenuncia o empobrecimento cognitivo-afetivo das crianças e adolescentes como consequência da permanência das crianças em casa, da restrição social e cultural, do afastamento das escolas, da negligência parental”, afirma a docente,  que pesquisa o desenvolvimento infantil e trabalha com crianças com altas habilidades.

A psicóloga destaca, ainda, a obrigatoriedade do retorno de mães e pais às atividades de trabalho, o que pode agravar o isolamento das crianças e o excesso de tempo em frente às telas – televisão, tablet, smartphone, computador. Vulnerabilidade socioeconômica, aumento nos casos de violência familiar, ansiedade e tensão em relações familiares são outros pontos de atenção identificados. 

As atividades começaram a ser preparadas em março, início da pandemia. Desde julho, são ofertadas à comunidade. O projeto coordenado por Tatiana promoveu duas lives com a presença de adultos e crianças. Conduzidos pela docente, na companhia de crianças de Curitiba (PR) e de Vitória (ES): assim foram os primeiros encontros on-line do projeto. Os conteúdos, agora, são gravados e disponibilizados semanalmente no canal no Youtube e nos perfis no Instagram e no Facebook. A duração é de cerca de 20 minutos – para que as crianças não se dispersem, explica a coordenadora. O público-alvo infantil tem faixa etária de 3 a 12 anos.

“Essa frente do projeto é chamada de ‘Cocoruto’. Além disso, é produzido um podcast intitulado ‘Siricutico’, para orientação dos pais em relação às melhores práticas parentais para esse período de pandemia”, explica Angel Miríade de Souza, estudante de Psicologia da UFPR que integra a equipe.

Os conteúdos em áudio, com cerca de 40 minutos cada um, são disponibilizados quinzenalmente no Spotify, SoundCloud, Deezer e Itunes. Até o final de agosto, mais de 100 ouvintes acessaram, de acordo com números fornecidos por duas das plataformas. “O nosso siricutico de cada dia”, “Socorro, virei professor do meu filho!”, “Socorro! Sinto culpa e nem sei do quê!” e “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi” foram temas de episódios do Siricutico. Acesse os podcasts aqui.

A iniciativa da UFPR foi apresentada na “10ª Reunião Anual do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento (IBNeC) e Congresso de Neuropsicologia do Paraná 2020 (CNdoPR 2020)”. O evento on-line foi realizado entre 24 a 28 de agosto.

A campanha “Esse Jogo está em suas Mãos”, para arrecadação e distribuição de jogos de tabuleiros para doação para comunidades carentes da cidade de Curitiba e Região Metropolitana, é o terceiro braço do projeto. Os interessados em contribuir podem entrar em contato pelo e-mail borajogarparaprender@ufpr.br. A equipe, composta por treze pessoas, recolhe os jogos no endereço do doador. Participam alunos de graduação e de pós-graduação, apoiadores e professores dos cursos de Psicologia, Design, Informática e Educação, com apoio do Laboratório de Neuropsicologia (Labneuro) e do Laboratório de Intervenção Terapêutica Lúdico Cognitiva (Interlúdico).

“Os resultados mostram que o alcance do projeto até o momento foi de mais de 2.000 pessoas – acesso majoritariamente feminino, de faixa etária entre 25 a 34 anos”, informa a docente. Estão previstos, para 2020, 16 gravações em vídeo e 16 conteúdos em áudio.

De acordo com Tatiana, nos 50 primeiros dias das ações com a comunidade, foram registrados 450 acessos no perfil do projeto no Instagram e 1.256 visualizações no canal do Youtube. “Temos recebido solicitação de hospitais, escolas, comunidades carentes que não têm acesso à internet e que gostariam de disponibilizar os conteúdos as famílias e as escolas”, comemora.

Doutora em Neurologia Infantil e pós-doutora em Evolução Humana e Educação, Tatiana leciona na UFPR desde 1995. Há 25 anos, desenvolve trabalhos de pesquisa e extensão na área do neurodesenvolvimento e educação infantil junto a professores, educadores, pais e responsáveis, crianças e adolescentes brasileiros. 

“O Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância] chama atenção para os resultados desastrosos quanto ao empobrecimento do desenvolvimento sociocultural e cognitivo da população infantil e o seu impacto nos próximos 20 anos. A universidade pública está comprometida em construir medidas de prevenção e diminuição desses impactos, em caráter de urgência, como forma de controle da violência, cidadania e respeito aos direitos da criança e do adolescente”, finaliza a psicóloga.

Conheça mais sobre o projeto “Bora Jogar para Aprender” nas redes sociais:

Instagram: @borajogar.ufpr 

Facebook: Bora Jogar para Aprender

Canal no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCz2j3hiJ3w_Pn83eTnj3Ygg

Podcasts: https://soundcloud.com/siricuticopod