São 16 finalistas do Prêmio Santander-Banespa de Ciência e Inovação e entre eles está um dos projetos de extensão da Universidade Federal do Paraná, que tem levado melhores condições de vida aos moradores de uma ilha do litoral paranaense: a Ilha das Peças. “Concorremos com projetos propostos por universidades e pesquisadores de todo o País”, comenta a professora do CEM – Centro de Estudos do Mar da UFPR, Naína Pierri Estades, pesquisadora responsável pelo projeto. “Só o fato de termos ficado entre os 16 finalistas – nosso projeto era o número 3.160 – e de sermos os únicos do Paraná, já é um prêmio.”
Intitulado “Pesquisa – Ação Soluções de Saneamento Técnica e Socialmente Inovadoras para Comunidades Rurais Costeiras em Áreas de Proteção Ambiental”, o projeto começou há cerca de um ano com a implantação de um sistema de coleta seletiva de lixo reciclável na Vila das Peças – região povoada da ilha de mesmo nome, no litoral do Estado; continuou com a construção de uma caixa d`água e prevê novas etapas com a construção de estações de tratamento de esgoto e a instalação de incineradores de lixo.
“Nós começamos visando resolver a questão da logística do recolhimento de lixo”, explica Naína. “Mas o diagnóstico inicial também apontava falta de abastecimento suficiente de água e um sistema inadequado de tratamento do esgoto, contaminando o solo e a água da ilha. Com isso, decidimos promover soluções para os três pontos, que pudessem ser aplicadas de uma forma adequada e ainda serem replicadas para outras regiões com as mesmas características e dificuldades. O desafio era encontrar alternativas tecnicamente apropriadas e com o envolvimento da comunidade na construção e gestão posterior. Não poderia ser algo imposto por pessoas de fora, sob o risco de ser abandonado mais tarde por falta de acompanhamento ou mesmo de uma manutenção adequada. A comunidade precisava enxergar essa solução como uma coisa própria.”
O caminho, segundo conta a pesquisadora, foi encontrar as parcerias necessárias como a que foi fechada com a ONG internacional Engenheiros Sem Fronteiras da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Formada por professores e estudantes de engenharia ela arrecada fundos através de campanhas e desenha, financia e constrói pequenas obras de infra-estrutura em países em desenvolvimento, com a ajuda das comunidades que serão beneficiadas pelo trabalho.
“A SANEPAR compartilhou a responsabilidade e execução técnica; a Prefeitura de Guaraqueçaba ajudou com maquinarias e autorizações; a Associação de Moradores organizou o trabalho de 30 pessoas; a ONG MarBrasil colaborou com o transporte marítimo dos materiais e as pessoas – e nós, além de desenvolvermos os estudos necessários – o que envolveu vários departamentos da UFPR, realizamos a coordenação e logística geral”, explica Naina. “Foi assim que conseguimos construir uma caixa d´água de 30 mil litros em apenas 20 dias de trabalho. Essa experiência foi uma das coisas mais incríveis que já vivi. Uma corrente de trabalho coletivo e solidário que resolveu em poucos dias uma reivindicação de anos da população daquela ilha.”
A última fase do projeto – que pode ser ainda mais facilitada caso o trabalho da UFPR ganhe o prêmio de R$ 50 mil – já está marcada para o mês de janeiro, entre os dias 2 e 18, quando os Engenheiros Sem Fronteiras, junto com a SANEPAR e demais parceiros, voltam à ilha. Serão construídas estações de tratamento de esgoto por zona de raízes em prédios estratégicos como a escola, o posto de saúde e as duas cozinhas comunitárias, além de um grupo de residências que hoje joga o esgoto em um dos córregos que atravessa a vila.
“Com as fases completadas, vamos fazer um monitoramento ao longo de 2007 para medir a eficácia do que foi feito e a partir daí propormos um modelo replicável, que ainda deverá incluir a instalação de incineradores nos grupos de residências para a queima de lixo como o papel higiênico; a montagem de centrais de compostagem para o lixo orgânico e a construção de um novo barracão para o armazenamento do lixo reciclável, hoje realizado em um depósito antigo e localizado na entrada da ilha, que deverá ser revitalizado e transformado em centro da cultura local”, finaliza a professora e pesquisadora do CEM.
A equipe responsável coordenada pela professora Naína é composta também pela Dra. Man Yu Chang, pesquisadora do International Ocean Institute e por Tâmara van Kaick, doutoranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR. Participam do projeto estudantes de Oceanografia do Centro de Estudos do Mar: Tathiana Almeida, bolsista do IOI, Paula Salge, Alexandre Arten e André Santiago, bolsistas de extensão.
A seleção do projeto e os demais finalistas do Prêmio Santander – Banespa podem ser conferidos no site http://www.universia.com.br/santandereducacao/cienciaeinovacao/finalistas.jsp.
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Fonte: Vivian de Albuquerque
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