Lançados no MCTI, já estão disponíveis para consulta livro, guia e plataforma on-line com os dados do diagnóstico liderado por Luciane Marinoni, do Departamento de Zoologia da UFPR. Estudo alerta para risco de desaparecimento da maioria desses acervos
(Por Lívia Inácio/Aspec/SCB)
O livro Coleções Biológicas Científicas Brasileiras: diagnóstico, prioridades e recomendações, coordenado pela professora Luciane Marinoni, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e lançado na última quarta-feira (16), traz para debate a importância da conservação dos acervos biológicos nacionais e das diretrizes para sua manutenção.
O lançamento ocorreu em Brasília, durante evento no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com as sociedades de Microbiologia (SBM), Zoologia (SBZ), e de Botânica (SBB). Marinoni representou a SBZ, a qual preside.
Além do livro, foram lançados o guia Introdução e orientações às boas práticas para as coleções científicas brasileiras e uma plataforma on-line com os dados do diagnóstico, desenvolvida após o mapeamento do potencial e das fragilidades dos acervos biológicos científicos de diferentes regiões brasileiras.
Para o diagnóstico, foram consultadas 742 coleções em todo o Brasil nas áreas de microbiologia, botânica e zoologia.
Entre os dados preocupantes está o fato de 82,5% das coleções terem informado não haver definição do que será feito com o acervo caso o responsável venha a faltar. Os quadros mais críticos estão na situação dos acervos de microbiologia e das coleções localizadas na região Norte, apesar de todos os percentuais regionais serem negativos quanto a política de destinação.
Segundo Marinoni, tanto o evento no MCTI quanto os conteúdos divulgados ao longo dele vieram de uma demanda antiga da comunidade científica ligada às ciências biológicas, que sentia a necessidade de fomentar a consolidação dos acervos biológicos científicos do país de modo estratégico e sistemático.
Algumas das urgências identificadas por pesquisadores da área são a informatização dos materiais biológicos, a disponibilização de dados e metadados, a cooperação entre responsáveis por coleções para troca de experiências e o auxílio mútuo na condução e na manutenção dos acervos.
O reconhecimento da função de curador dentro das instituições públicas é outra necessidade urgente. Como não há o cargo de curador, muitos pesquisadores, principalmente professores universitários, acabam assumindo a responsabilidade sobre as coleções, desenvolvendo, na maioria das vezes, várias atividades e ficando sobrecarregados.
Além disso, muitos acervos científicos brasileiros estão há anos sem um profissional responsável por ele, diz a presidente da SBZ.
Nesse sentido, a docente argumenta que investir em pessoas especializadas em taxonomia biológica, tanto em sua formação quanto em sua contratação, está entre as principais soluções para esse problema.
O Programa de Capacitação em Taxonomia (Protax) do CNPq, é um bom exemplo de estratégia em meio ao atual cenário, segundo Marinoni.
“Nossos estudos mostram que as coleções cresceram nos momentos de amplo investimento em formação de profissionais que estudam a biodiversidade”, diz.
O apoio estatal é peça-chave dessa dinâmica. De acordo com o mapeamento divulgado no evento, 40,1% das coleções botânicas, 23,8% das microbiológicas e 50,3% das zoológicas estão em universidades públicas federais; 22%, 26,2% e 18,7% em universidades públicas estaduais; e 15,9%, 23,8% e 12,5% em instituições públicas diretamente ligadas aos ministérios nacionais.
Para pesquisadores engajados na causa, os dados só mostram que a preservação do patrimônio biológico deve ganhar cada vez mais atenção do poder público, tanto para preservar a história da vida quanto para possibilitar que futuras gerações de cientistas sigam compreendendo o planeta em toda a sua complexidade e interconexão.
Também da UFPR, estiveram presentes no evento as professoras Graciela Inês Bolzon de Muniz, vice-reitora da instituição, e Chirlei Glienke, em nome da SBM, além do professor Thales Ricardo Cipriani, diretor do Setor de Ciências Biológicas (SCB).
SERVIÇO
Baixe o livro Coleções biológicas científicas brasileiras
Baixe o guia Introdução e orientações às boas práticas para as coleções biológicas científicas brasileiras
Acesse a plataforma Coleções Biológicas Científicas
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