Professor da UFPR participa de projeto que documenta a arquitetura religiosa ucraniana no Paraná

O projeto “Arquitetura da Imigração no Paraná – Capelas Ucranianas: uma documentação necessária” é patrocinado pelo Programa Petrobrás Cultural, apoiado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e viabilizado por uma numerosa equipe constituída por arquitetos, antropólogo, historiador, fotógrafo, designer gráfico e estagiários. O trabalho está sendo realizado pelos arquitetos Fábio Domingos Batista, Marialba Rocha Gaspar Imaguire e Sandra Rafaela Magalhães Corrêa, tendo o professor Key Imaguire Júnior como consultor.

Desde novembro de 2007, a equipe mapeou mais de 190 igrejas em todo o território paranaense. Antônio Olinto, Apucarana, Braganey, Cruz Machado, Dorizon, Irati, Mallet, Prudentópolis, União da Vitória e Paula Freitas são alguns dos municípios que abrigam verdadeiras jóias da arquitetura religiosa ucraniana. Além disso, também já foram iniciadas pesquisas em arquivos e bibliotecas públicas e particulares do estado. As informações serão complementadas com entrevistas de moradores das áreas estudadas e pessoas ligadas ao patrimônio cultural dos descendentes de imigrantes ucranianos

Do total de edificações mapeadas, 20 delas já estão sendo detalhadas com a realização do levantamento arquitetônico completo, levantamento fotográfico e diagnóstico geral do estado de conservação. Estes edifícios foram escolhidos tendo em vista sua tipologia arquitetônica (características específicas) e relevância artística e/ou histórica.

Todo o material será analisado e descrito com base em referenciais teóricos de patrimônio cultural, constituindo um verdadeiro inventário da cultura (material e imaterial) religiosa dos descendentes de ucranianos no Paraná. A previsão de duração do trabalho é de 18 meses e os produtos finais serão um livro, um CD-ROM e uma exposição itinerante, que terão circulação nacional.

SOBRE OS UCRANIANOS – Juntamente com alemães, poloneses, italianos e japoneses, os ucranianos representam um grupo étnico significativo na formação da cultura do Paraná. Estabeleceram-se aqui a partir de 1881 e a última grande corrente imigratória ocorreu após a II Guerra Mundial. A sobreposição de levas de imigrantes de origens diversas terminou por dar lugar a um sincretismo cultural ainda perceptível nos hábitos, língua, culinária, artes, tecnologia e arquitetura.

A permanência dessas culturas representa uma ligação mais afetiva do que efetiva com os países de origem, em sociedades quase isoladas na vastidão do nosso território. No caso dos ucranianos, prevaleceu a religiosidade como fator de coesão interna e tradição cultural, embora traços laicos também tenham permanecido. Em que pese a semelhança dos ritos das igrejas ortodoxa e católica, a caracterização arquitetônica das cúpulas criou uma especificidade que é marcante nessas regiões. Não só a cúpula as caracteriza, mas também a planta – espaços internos e externos – e ornamentos, fortemente vinculados à origem dos construtores.

Como muitas das arquiteturas paranaenses, também as igrejas ucranianas foram construídas com a então abundante madeira da Araucária. Num processo bastante comum, foram sendo substituídas ao longo do tempo por igrejas de alvenaria que, embora atestem o zelo dessas comunidades por seus templos, implicam na perda de tecnologias específicas e caracterizadamente regionais e de importância nacional.

SOBRE O PROJETO – O plano de trabalho do Instituto ArquiBrasil –responsável pelo projeto, tem como foco principal a arquitetura, perpassa pelas tradições, códigos e significados desse povo, que se materializam dentro das igrejas ou ligados à religiosidade. É nessa noção integral de patrimônio cultural, que foi ratificada pela Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial em 2003, da UNESCO, na qual se reconhece a “profunda interdependência entre patrimônio cultural imaterial e o patrimônio material cultural e natural”, que se baseia o escopo do projeto.

Foto(s) relacionada(s):