Professor aposentado da UFPR é convocado para arbitrar as competições de Ciclismo em Paris 2024

10 outubro, 2023
17:20
Por Bruna Soares
Ensino e Educação

Iverson Ladewig tem uma vasta carreira e possui diversas conquistas. Essa é a primeira vez na história do ciclismo brasileiro que teremos um árbitro brasileiro em Jogos Olímpicos e Paralímpicos. 

O curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem um verdadeiro time de docentes, que além de profissionais em sala de aula, possuem uma vasta carreira nas mais diversas modalidades esportivas. É o caso do professor Iverson Ladewig, que apesar de aposentado, atua na universidade há 26 anos, e coleciona grandes experiências. Atualmente é o único brasileiro, árbitro internacional de Estrada, Pista e Paraciclismo da União Ciclista Internacional (UCI), o que compreende a Federação Internacional de Ciclismo, equivalente à Fifa no Futebol. 

Foto: Iverson Ladewig

Formado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina, com Mestrado em Fisiologia do Exercício pela The University of Pittsburgh  e Doutorado em Desenvolvimento Motor e Estudos Esportivos pela The University of Pittsburgh. Iverson é professor aposentado da UFPR. Atuou no Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional do Setor de Educação da UFPR (Teoria e Prática de Ensino), onde ministrou a disciplina de Aprendizagem em Contextos Pedagógicos. Na universidade, teve a oportunidade de ajudar a abrir a turma do curso de mestrado, foi vice-chefe do departamento e substituiu a coordenação em algumas épocas. Quando começou a lecionar na UFPR, Ladewig incluiu uma disciplina de ciclismo na reforma curricular e a UFPR passou a ser a única universidade do Brasil com uma disciplina de ciclismo no currículo do curso de Educação Física. 

“Eu tenho muito orgulho de dizer que eu fui professor e ainda sou, mesmo estando aposentado na universidade. E a instituição representou muitas coisas na minha vida. O prazer de dar aula, de formar milhares de alunos na carreira de Educação Física e ter proporcionado a eles uma carreira do ciclismo com a disciplina,  depois com os estágios e com as palestras”, pontua. 

Beatriz Akemi, que foi aluna do professor Iverson, teve seu primeiro contato com o ciclismo em 2002, quando iniciava sua vida acadêmica na UFPR. “Eu ingressei no curso de Educação Física ainda sem saber que rumo tomar ou que área seguir. Me lembro que durante uma aula de Desenvolvimento Motor, ministrada pelo professor Iverson Ladewig, ele mencionou que havia duas vagas de estágio no velódromo de Curitiba e como eu queria ter o máximo de experiência possível antes de seguir um caminho, decidi encarar o desafio sem nem saber o que era um velódromo ou que havia um esporte chamado Ciclismo de Pista. 

Na arbitragem, Iverson começou como árbitro internacional em 2005, mas desde 1995 já era árbitro nacional. Iverson foi técnico da Seleção Brasileira de Ciclismo de Pista entre os anos de 2001 a 2004, comandando a equipe em diversas competições internacionais. Foi Gerente de Competição Esportiva de Ciclismo e Atletismo do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (2/2012 a 4/2013). Ladewig também foi responsável pelo treinamento de todos os árbitros nacionais de ciclismo e paraciclismo que atuaram nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro.

Iverson destaca ainda quais desses eventos foram mais significativos para ele durante sua carreira: “Apesar da convocação pros Jogos Olímpicos é muito legal por ser a primeira vez, mas eu acredito que foi o meu trabalho no comitê organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016”. 

Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Foto: Iverson Ladewig

Foram anos lutando para chegar nesta conquista e a nomeação de que seria membro do Painel de Comissários (nome dado aos árbitros) veio através da União Ciclista Internacional (UCI) na sexta-feira (15), para arbitrar os Jogos Paralímpicos Paris 2024. “Eu fiquei extremamente emocionado porque ano passado eu já fui trabalhar no Campeonato Mundial de Paraciclismo e esse ano eu fui também. Ano passado foi no Canadá, já esse ano foi na Escócia, então eu pensei que agora poderia ser a chance de ir para as Olimpíadas. E consegui”, afirma. 

A lista de participações do professor em grandes eventos é enorme, tendo em alguns deles, a atuação dos alunos, como as seis horas de mountain bike  no Santa Mônica Clube de Campo, nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro, os jogos Sul-Americanos aqui em Curitiba. Na época, Beatriz Alemi participava de tudo. “A Bia estava sempre junto e ela começou a pegar gosto pela coisa e foi indo e não parou mais com a questão do ciclismo, está sempre envolvida com o ciclismo”, disse Iverson. 

“Graças ao Iverson e ao Professor Adir Romeo, Coordenador do velódromo de Curitiba na época, eu fui entendendo e me apaixonando por este esporte”, afirma Beatriz. Foram quase quatro anos como estagiária e inúmeras experiências como auxiliar técnica da equipe de Curitiba nos Jogos da Juventude, árbitra em eventos locais e nacionais, assistindo a equipe nacional treinando no velódromo, organizando eventos de estrada, pista e Mountain Bike.

Foto: Beatriz Akemi

Beatriz também fala sobre a dificuldade que teve no Brasil para trabalhar com ciclismo: “Infelizmente no Brasil era praticamente impossível trabalhar com ciclismo e pensar isso como uma carreira. Mas isso mudou quando o Brasil foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos”, mas também ressalta a alegria que foi em participar de uma seletiva para trabalhar nos Jogos Olímpicos. “Em 2012 participei de um processo seletivo para fazer parte da organização dos Jogos do Rio 2016 e após quase 4 meses recebi um retorno me informando que havia sido escolhida para a vaga de gerente de competição de ciclismo de pista”. 

Participações de Beatriz em alguns Jogos Olímpicos. Foto: Beatriz Akemi

Para a ex- aluna do professor Iverson, ter sido selecionada para os Jogos do Rio 2016 foi a sua maior e melhor experiência.

“Eu aprendi tanto e sofri tanto também que eu sempre falo que depois de lá todos os desafios que tivemos em sequência com os jogos foram vistos com outros olhos. Foi uma experiência fantástica e eu tive contato com várias nações e com uma empresa que tinha gente do mundo inteiro e atletas olímpicos trabalhando do meu lado e pessoas com experiência com eventos internacionais há muitos anos”.

Mas os desafios, as culturas e a pandemia não pararam Beatriz. Atualmente é  Gerente de Ciclismo de Pista e as expectativas para os jogos em 2024 só aumentam. “Um orgulho imenso em poder trabalhar com ciclismo no país do ciclismo! Aqui se respira bicicleta e todo mundo conhece o esporte e quem são os atletas. É quase como o futebol no Brasil”. E para Beatriz, a UFPR foi essencial em sua formação. “Tive bons professores que me fizeram descobrir como alçar voos. Fui aluna da última turma de licenciatura plena em Educação Física, então tive uma visão global da área e pude fazer uma escolha que, acredito eu, foi mais que acertada”. 

Hoje, Akemi comemora todas as conquistas e acredita mais em si mesma. “Tem sido um longo caminho, mas de bike fica mais emocionante e com o vento no rosto”. 

Olimpíadas 2024 

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos terão 48 modalidades e 32 esportes e o Brasil já tem vaga garantida em oito das 48 modalidades do programa: vôlei sentado (masculino e feminino), goalball masculino, ciclismo, tiro com arco, atletismo, natação, canoagem e futebol de cegos.

Para mais informações, acesse: Jogos Olímpicos Paris 2024

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