No final de janeiro, os banhistas de diversos balneários paranaenses compartilharam as areias da praia com um animal pouco comum nesses ambientes: em pelo menos 15 km de praias, na linha da maré alta, havia milhões de insetos mortos, eram percevejos verdes, conhecidos como fede-fede, de aproximadamente 1,2 cm de comprimento, muito parecidos com os que atacam as lavouras de soja. A prefeitura local, alarmada com o reflexo negativo que a presença de tantos “bichos mortos, fedendo e espetando os pés dos banhistas” poderia ter na temporada de veraneio, mobilizou um trator de esteira e uma equipe de garis para varrer esses intrusos da praia.
Sonia Lazzari, entomologista do Departamento de Zoologia da UFPR, registrou o fato e coletou amostras para identificar o inseto a fim de estudar o fenômeno. Em conjunto com o professor Rodney Cavichioli, do mesmo departamento, o material foi montado em alfinetes, fotografado e enviado a especialistas para a confirmação da espécie. Sonia ressalta a importância de se identificar corretamente a espécie para, a partir do nome científico, fazer a pesquisa bibliográfica e obter as informações disponíveis e continuar com as pesquisas e estudos para se esclarecer qualquer fato envolvendo qualquer organismo.
“A identificação da espécie é como o número do RG ou CPF – a partir do qual são obtidas informações a nosso respeito”, explica. Essas questões de diversidade biológica, coleções científicas, normas para a coleta e estudo de animais foram temas “quentes” discutidos durante o Congresso de Zoologia em Londrina, lembra a professora.
A espécie foi identificada/confirmada pelas taxonomistas Jocélia Grazia da UFRGS e Aline Barcellos dos Santos, da FZBRS como sendo Mayrinia curvidens (Mayr, 1864). Como a maioria dos percevejos da família Pentatomidae, esta espécie é fitófaga, ou seja, suga a seiva das plantas. A partir do conhecimento do nome do inseto, estão sendo feitos estudos, em cooperação com Antonio Panizzi, da Embrapa Soja, de Londrina, especialista no comportamento, relações e danos dos percevejos com as plantas hospedeiras.
Os estudos continuam para fins de publicação de artigo científico, pois se trata do primeiro registro oficial da presença massal de insetos levados pelas marés para as areias das praias no Brasil e o primeiro registro para o mundo envolvendo a espécie Mayrinia curvidens. Os pesquisadores solicitam que se houver alguém que tenha informação ou que queira relatar algum fato digno de nota envolvendo o fenômeno dos percevejos, envie um e-mail para Sonia Lazzari (lazzari@ufpr.br); Jocélia Grazia (jocelia@ufrgs.br) ou Antonio Panizzi (panizzi@cnpso.embrapa.br).
Foto(s) relacionada(s):
Fonte: Leticia Hoshiguti
A obra da socióloga integra leitura obrigatória do vestibular 2025; evento reuniu pesquisadoras de todo o Brasil A […]
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi informada no último domingo (13) pela empresa Cozinha Gourmet – responsável […]
Pela primeira vez, Siepe terá evento voltado à pós-graduação. Prazo para submissão de resumos começa nesta sexta-feira (11) […]
O evento, organizado pela UFPR, será realizado na UTFPR, em Curitiba, nesta sexta-feira e no sábado A autora […]