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Pesquisa revela que gestantes curitibanas têm níveis de vitamina D abaixo do normal

Gestante - foto:Rodrigo Nunes - Ministério da Saúde
Gestante – foto:Rodrigo Nunes – Ministério da Saúde

Um estudo feito pela médica ginecologista e obstetra Kadija Rahal Chrisostomo  para sua dissertação de mestrado no Programa de Pós Graduação de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) apontou que a concentração de vitamina D está abaixo dos níveis de referência em 69,9% das gestantes monitoradas durante o verão. No inverno, a situação é ainda pior: 91,3% das gestantes apresentaram índices inferiores ao recomendado. A insuficiência e deficiência desta vitamina, chamada hipovitaminose D, é um problema de saúde mundial, que afeta praticamente todas as faixas da população.

Gráfico produzido com dados do estudo.
Gráfico produzido com dados do estudo.

Os dados da pesquisa foram coletados em 2016, envolvendo inicialmente 3265 gestantes de Curitiba. Para chegar aos resultados finais, 520 gestantes foram separadas em dois grupos, um com 256 e e outro com 264 mulheres. O primeiro foi monitorado durante o verão e o segundo, durante o inverno.

Maternidade Victor Ferreira do Amaral - foto:Samira Chami Neves
Maternidade Victor Ferreira do Amaral – foto:Samira Chami Neves

O estudo verificou que a média de concentração sérica de Vitamina D foi de 22,5 ng/mL quando o recomendado pela Endocrine Society, referência para o estudo, é que seja maior que 30. No grupo monitorado durante o inverno a média foi de 18,3 ng/mL, com uma variação de 7,5, e no verão 26,7 ng/mL, com variação de 7,8.

A diferença nos casos entre uma estação e outra está ligada à necessidade de sol para a produção da vitamina. São os raios ultravioleta B que, ao incidir sobre a pele, permitem a produção da Vitamina D, já que somente 10 a 20% da vitamina D provem de fonte alimentar.

Imagem feita na Maternidade Victor Ferreira do Amaral - foto:Samira Chami Neves
Imagem feita na Maternidade Victor Ferreira do Amaral – foto:Samira Chami Neves

A médica Kadija Rahal Chrisostomo, autora do estudo, defendeu sua dissertação de mestrado em junho. Segundo ela, os altos índices de hipovitaminose estão ligados ao clima da cidade e aos hábitos da população “Curitiba é uma cidade muito pouco ensolarada e a população não tem o hábito de tomar sol” explica.

A capital paranaense é uma das cidades com menos dias de sol do Brasil. No inverno a situação é ainda pior, pois o tempo frio faz com que as pessoas frequentem menos lugares a céu aberto e utilizem roupas mais pesadas, o que impede a exposição da pele ao sol.

Kadija explica que a falta da vitamina pode acarretar diversos problemas de saúde para a gestante e para o desenvolvimento do bebê. “Nas gestantes a hipovitaminose D está associada a várias complicações obstétricas , tais como: aumento do risco de doença hipertensiva específica da gestação, diabetes mellitus gestacional e vaginose bacteriana.” explica a pesquisadora.

Imagem feita na Maternidade Victor Ferreira do Amaral - foto:Samira Chami Neves
Imagem feita na Maternidade Victor Ferreira do Amaral – foto:Samira Chami Neves

No bebê, a médica indica a relação da hipovitaminose com aumento das complicações neonatais. Pode levar, por exemplo, ao nascimento de bebês prematuros, além de “baixa estatura, circunferência cefálica abaixo do esperado, baixo peso ao nascimento e raquitismo neonatal”.

A falta da vitamina na população em geral também pode estar ligada a diversas enfermidades, especialmente a doenças nos ossos, mas também problemas cardiovasculares, imunológicos, neurológicos, endócrinos e dermatológicos.

Imagem feita na Maternidade Victor Ferreira do Amaral – foto:Samira Chami Neves

O orientador do trabalho, o médico Jaime Kulak, professor do Departamento de Tocoginecologia da UFPR, destacou o pioneirismo do estudo e explicou que a descoberta de um índice tão alto pode ter relação com enfermidades que levam a gestações de alto risco.

Segundo Kadija, a principal medida a ser tomada é a orientação nas reuniões do pré-natal sobre a necessidade de a gestante tomar sol e manter uma dieta com alimentos ricos em vitamina D. Outra medida seria a reposição de vitamina D por meio de suplementos, quando necessário.

Além de Kakija e de Kulak, são coautores do trabalho Almir Antonio Urbanetz, Renato Mitsunori Nisihara, Caroline Vieira de Souza, Eduardo Rahal Chrisostomo e Jéssica Fujie.

Por Rodrigo Choinski

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