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Pesquisa da UFPR reúne dados que apontam importância da atividade física para jovens sedentários

03 setembro, 2020
09:28
Por laurasomoza
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Ciência e Tecnologia

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) comprovou, em números, aquilo que muito já se tem debatido sobre a importância da atividade física para a qualidade de vida: os exercícios ajudam a melhorar índices de saúde entre crianças e adolescentes com obesidade que apresentam comorbidades como hipertensão arterial, níveis elevados de gordura no sangue e tendência ao diabetes tipo 2. Os resultados foram obtidos após a realização de três tipos de treinamento físico com 110 jovens em fase de crescimento.

O estudo é coordenado pela professora Neiva Leite, líder do Núcleo de pesquisa em Qualidade de Vida (NQV) da UFPR, e conta com a participação de pesquisadores do mestrado e do doutorado. A ideia de estudar crianças e adolescentes veio da constatação de que este grupo tem sofrido impactos com a mudança natural em suas atividades de divertimento, que hoje são baseadas em jogos eletrônicos e no uso de aplicativos digitais.

De acordo com a professora, isso gera impacto maior em comportamentos sedentários, o que naturalmente também pode ser associado ao aumento nos índices de obesidade entre crianças, inclusive os menores de 10 anos. “Essa fase de crescimento rápido é quando podemos fazer uma interferência real no que se refere à prática de atividade física”, destaca. O projeto “Efeito do treinamento intervalado (HIIT) nos fatores de risco cardiovasculares e genéticos de crianças e adolescentes obesos” teve verbas do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), via Fundação Araucária e UFPR.

 

Na pesquisa, realizada antes da pandemia, na Academia Body Line, em São José dos Pinhais, grupos praticaram exercícios na bike (Foto: Divulgação)

 

A pesquisa foi realizada em grupos que praticaram exercício na água e na bicicleta estacionária ou indoor, tanto na forma de HIIT, como em aeróbio contínuo. O objetivo foi avaliar e comparar o efeito dos exercícios entre aqueles que praticaram e aqueles que não realizaram a atividade, denominado grupo de controle. Outra proposta foi apontar qual tipo de exercício é capaz de promover maiores benefícios para essa população.

Crianças e adolescentes com excesso de peso fizeram exercícios físicos na piscina e em bicicletas indoor, supervisionados por profissionais de educação física. Conforme a pesquisadora, a escolha do tipo de atividade é importante, pois exercícios realizados na água e na bicicleta apresentam menor impacto nas articulações, por sustentar o peso corporal excessivo.

Os treinos foram realizados três vezes por semana, com os indivíduos monitorados por meio de um relógio que acompanha a frequência cardíaca e a mensuração da percepção subjetiva de esforço, métodos que controlam a intensidade do exercício. Além disso, foi realizada a avaliação da afetividade de cada adolescente quanto à prática da atividade, com excelentes resultados, na avaliação da equipe. “De forma geral, o programa proporcionou sucesso de todas as atividades na estabilização do peso corporal, a não interferência dos exercícios no processo de crescimento e a redução do índice de massa corporal (IMC), com aumento de massa magra”, avalia a professora.

Nas comparações com o grupo de controle, que não fez os exercícios, no geral os adolescentes aumentaram em peso e estatura. Esta relação com o crescimento é importante justamente para a estabilização no processo de crescimento. “Tempos atrás as crianças não necessitavam de academia, mas a realidade mudou e elas precisam de outros espaços para se exercitarem. Não pode haver sobrecarga exagerada e é necessário pensar nas adequações das atividades”, pontuou Neiva.

Resultados demonstram ganhos para qualidade de vida

Os resultados do estudo também contemplam dados sobre a aptidão física, adiposidade corporal, pressão arterial e perfil metabólico. Além da redução de IMC, houve diminuição da pressão arterial, glicose e triglicerídeos – este último reduzindo 7,83% entre aqueles que praticaram os exercícios intervalados.


O colesterol baixou em 13,02% e houve aumento de concentração de Vitamina D de 8,97% entre os praticantes do HIIT e de 2,96% para os que praticaram aeróbio contínuo. Os números consideram somente o efeito do treinamento físico, sem intervenção nutricional.

Esses resultados e outros indicadores são parte de mais quatro doutorados em andamento. Os pesquisadores Maiara Cristina Tadiotto, Patrícia Ribeiro Paes Corazza, Francisco José Menezes-Júnior e Frederico Moraes-Júnior investigam temas como os fatores genéticos, os impactos relacionados à vitamina D e a variação de uma proteína que pode influenciar na aprendizagem entre estes grupos, relacionando-os à importância da atividade física.

A pesquisa é realizada em parceria com as professoras Lupe Furtado Alle e Luciane Viater Tureck, do Laboratório de Polimorfismo e Ligação do Departamento de Genética e com a professora Renata Labronici Bertin, do Departamento de Nutrição. O projeto será finalizado em dezembro de 2020. Os demais resultados da pesquisa foram apresentados no estudo de doutorado da pesquisadora Maria de Fátima de Aguiar Lopes  e em trabalhos de conclusão de curso  da graduação em Educação Física, assim como em eventos e publicações em revistas nacionais e internacionais.

Pandemia aumentou tempo de telas

No período de pandemia causado pelo coronavírus, o grupo aproveitou para aplicar questionário com perguntas sobre o cotidiano dos jovens e para saber se houve continuidade da prática de exercícios físicos após participação do projeto. Aqueles que participaram do grupo HIIT deram com maior frequência continuidade a prática de exercícios quando comparados ao grupo controle e grupo aeróbio contínuo, inclusive durante o período de isolamento social. Mas também há um aumento generalizado do tempo gasto em frente às telas.

“Com as atividades escolares realizadas de maneira remota, de certa forma torna compreensível esse aumento, porém foi possível apontar aumento expressivo do tempo de tela voltada ao lazer, após se deitarem, trazendo prejuízos inclusive para a qualidade do sono”, identifica a pesquisadora.

Os dados sobre a pandemia serão apresentados na revista internacional Frontiers, no Tópico “Children’s Development During Social Transition”, com o resumo expandido “1-year follow-up after 12 weeks of physical exercise: Impact of the COVID-19 pandemic on physical activity, sedentary behavior and sleep in overweight adolescents” e um artigo científico  em fase final de elaboração. Os pesquisadores do NQV recomendam a manutenção da rotina dentro do mais usual possível, respeitando os horários de estudo, alimentação, sono, uso recreativo de telas, bem como a prática regular de exercícios físicos em atividades dentro e fora de casa, respeitando as recomendações de distanciamento, medidas de proteção e higiene para evitar o contágio.

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