Paralisia facial hereditária: Médicos da UFPR participam de estudo que revela mutação causadora

13 julho, 2023
17:00
Por Bruna Soares
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Após 27 anos de grandes esforços, uma grande descoberta foi feita. A Paralisia facial genética congênita foi ligada a alterações genéticas por meio da análise de 14 famílias com a doença

Esse é o primeiro trabalho no mundo em que se descobriu o mecanismo genético desta mutação, possibilitando no futuro através de técnicas de terapia gênica ou de células tronco, a cura desta doença. A descoberta foi publicada na revista Científica Nature Genetics e Mário Teruo Sato, professor associado de Oftalmologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), comenta sobre essa conquista. “É muito gratificante, inspirador e motivador; pois as revistas do grupo Nature, são as mais conceituadas e as mais difíceis de serem publicadas na ciência, sendo que na área de genética a Nature Genetics é uma das revistas com os maiores índice de impacto no mundo, medida em que a revista é citada por outros cientistas, o que atesta a importância da revista. Esta revista só aceita artigos em que uma doença de origem genética como a PFCH é elucidado, o mecanismo da doença como um todo, utilizando-se as mais modernas e avançadas técnicas de mapeamento e sequenciamento genético.

Pesquisadores holandeses começaram a suspeitar da alteração do cromossomo 3 em 1996, uma  região genética associada com formas hereditárias de paralisia facial. Para isso foram examinados 20 pacientes com a Paralisia facial congênita hereditária (PFCH) em uma mesma família e 25 genes foram identificados, mas até então não se sabia qual deles estaria associado à doença. Mas as pesquisas não param por aí. Em 2006 os holandeses avaliaram uma grande família paquistanesa e reduziram o número de genes candidatos para 7, e mesmo assim não encontraram nenhuma mutação destes genes que pudesse explicar a herança ou patogenia. 

Anos se passaram e somente com a colaboração internacional, coordenada pela professora Elizabeth C. Engle, do Departamento de Neurologia e do Hospital de Crianças de Boston da Universidade de Harvard que desvendaram o mecanismo da PFCH. 14 famílias foram examinadas de diferentes localizações do mundo e uma  delas era brasileira, comandada pelos professores Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, em Curitiba e Mario Teruo Sato, professor associado de Oftalmologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Esta colaboração internacional confirmou que a alteração genética estava no cromossoma 3 ligada à doença, porém não estavam em nenhum dos genes mapeados, mas em localizações de fora dos genes que regulam as suas funções, mais especificamente na distância de 20 mil bases nitrogenadas do gene não codificante GATA2, gene que regula a função dos genes do cromossoma 3.

Um gene equivale aos 20 mil pedaços do nosso material genético que são responsáveis pela produção de proteínas e eles juntos, representam apenas 1% do nosso material genético e é dentro desse material que as mutações genéticas são causadas. Ressaltando que grande parte dessas mutações não são causadas por esses pedaços de genes que representam esses 1%, mas passou-se a estudar os outros 99% do material genético que são sequências de DNA, mas não produtoras de proteínas e portanto, não chamadas de genes – explica Salmo Raskin, um dos colaboradores do estudo e diretor do Laboratório Genetika, em Curitiba.

Salmo Raskin é um dos primeiros brasileiros a participar do Projeto Genoma Humano, projeto que hoje consegue identificar exames de genética, como o sequenciamento do exoma e sequenciamento do genoma, que são hoje grandes aliados nos avanços de diagnósticos  de quem tem uma doença rara.  

Heredograma da família brasileira: Quadrado: homens, círculo – mulheres, todo item em negrito são os indivíduos afetados com alteração genética detectada: duplicação da região reguladora.

“Agora que se sabe exatamente onde no material genético desta família e qual a alteração genética, esta alteração pode ser testada em futuros embriões das pessoas afetadas na família. Para isto ser possível, a pessoa deve passar por um processo de fertilização in vitro, e antes de implantar os embriões no útero, fazer um teste genético em cada um deles, para ver quais carregam, e quais não carregam a alteração genética. Daí  implantam-se os que não herdaram a alteração genética”, conclui Salmo Raskin.

Veja a publicação completa do artigo na revista Científica Nature Genetics

Foto de destaque: Imagem de ilustração Criada por IA Dall-e

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