Severino, ao lado de Nadia: “O cientista, o pesquisador e o educador também são interpelados pelas demandas dos valores éticos. Precisamos tomar consciência disso”. Imagem: Samira Chami Neves.
O professor Antonio Joaquim Severino, livre-docente em Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais respeitados intelectuais brasileiros no campo da Filosofia da Educação, criticou nesta segunda-feira (dia 29) o “pragmatismo e o produtivismo exacerbados” da ciência.
“O momento que vivemos é marcado por um pragmatismo grande e por um produtivismo exacerbado, dentro de um grande relativismo ético. Isso tem marcado muito a vida acadêmica”, afirmou o professor, na palestra de abertura da XXIX Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPR (SEPE), no Teatro da Reitoria, em Curitiba.
A XXIX SEPE traz uma extensa programação, disponível no link. Até sexta-feira, o encontro abrigará 19 mesas- redondas, 25 minicursos, 27 oficinas, seis lançamentos de livros, 28 comunicações orais, debates, colóquios, apresentações de trabalhos e atividades artísticas para alunos, professores e pesqusiadores da Ediucação.
Implicações éticas
Falando sobre o tema da sua palestra (“Implicações éticas da construção do conhecimento: desafios para a prática da docência e da investigação cientifica” na sua palestra”), o professor Antonio Severino lembrou que a ciência não é uma atividade neutra e não pode ser praticada de forma mecânica. “O cientista, o pesquisador e o educador também são interpelados pelas demandas dos valores éticos. Precisamos tomar consciência disso”, comentou.
Para ele, é fundamental que as instituições de ensino e pesquisa tenham um projeto educacional inserido em um projeto mais amplo. “Nem sempre as instituições privadas se organizam em torno deste projeto. As públicas ainda representam um espaço em que a ciência tem uma perspectiva mais crítica, evitando uma mercantilização grande”, disse. “Neste momento de globalização, em que o projeto neoliberal impõe uma agenda quase sob a forma de chantagem, a resistência fica fragilizada. O desafio que temos é resistir e aproveitar todos os espaços para investir na reversão deste quadro”.
Evento relevante
O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, disse que a SEPE é um evento importante e tradicional do setor, que persistiu com força e relevância, mesmo com o surgimento da Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão – SIEPE (um dos eventos mais tradicionais da UFPR). “Isto é muito positivo. Significa que o evento tem dado resultados importantes para a comunidade na Educação. Além disso, o evento traz nomes importantes da área, que mobilizam a comunidade interna e, portanto, trazem retorno no ensino, na pesquisa e na extensão, com proveito para a comunidade”, comentou o reitor.
A diretora do Setor de Educação da UFPR, professora-doutora Andrea Caldas, lembrou que o encontro é um evento permanente e objetiva integrar o ensino, a pesquisa e a extensão e promover um debate qualificado sobre os temas importantes da área. “Antes mesmo da existência da SIEPE, já fazíamos, pioneiramente, esta integração. É um momento no qual as aulas são transferidas para esta semana e no qual as pessoas podem ter contato com seus colegas. Podem, ainda, discutir temas conjunturais e desenvolver atividades culturais”.
Andrea destacou a presença do professor Antonio Severino na abertura. “Ele faz um debate bastante importante neste momento – a especificidade do campo da Educação nas Ciências Humanas dentro da discussão da ética na pesquisa. É um pleito antigo da comunidade da Educação e das Ciências Humanas”, comentou.
Além do reitor Ricardo Marcelo Fonseca e da professora Andrea Caldas, participaram da abertura do encontro o pró-reitor de Cultura, Leandro Franklin Gorsdorf; o professor Julio Gomes, coordenador de Políticas de Acesso e Permanência da Pró-Reitoria de Graduação – Prograd (representando o pró-reitor Eduardo Barra); o professor Marcos Bencostta (vice-diretor do Setor de Educação da UFPR); e a coordenadora da Comissão Organizadora da XXIX SEPE, Nadia Gonçalves.
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