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FEDERAL DO PARANÁ

Método com materiais mais acessíveis detecta Covid-19 para agilizar análises de casos

Startup incubada na UFPR realiza sequenciamento genético para ampliar testagem do novo coronavírus junto a órgãos de saúde do Paraná

A GoGenetic, startup fundada e coordenada por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e incubada no laboratório de Fixação Biológica de Nitrogênio do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, trabalha no sequenciamento genético do vírus SARS-CoV2. Isso quer dizer que além dos testes rápidos convencionais, que detectam a presença de anticorpos no organismo, os testes realizados com apoio da UFPR também contribuem para a detecção da Covid-19. O foco é oferecer o serviço para hospitais, farmácias e supermercados em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa) e outras autoridades de saúde para aprimorar e agilizar as análises dos casos no Estado.

O crescimento da demanda por exames de testagem não acompanha o aumento do número de óbitos e casos do novo coronavírus divulgados diariamente pelo Ministério da Saúde. Neste momento de preocupação com os sistemas de saúde e com a falta de testes, os pesquisadores da UFPR trabalham com uma metodologia que detecta as marcas genéticas do vírus no organismo e que exige insumos mais acessíveis em relação aos adotados nos testes RT-PCR distribuídos pelo Ministério da Saúde. Os materiais usados pelos cientistas da Universidade são iniciadores de amplificação genética, enzimas de polimerase e magnésio.

Pesquisadores da UFPR trabalham com metodologia que detecta marcas genéticas do vírus no organismo com insumos mais acessíveis. Fotos: Cibele Rowena/Divulgação

O chamado PCR (sigla em inglês para transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase) é um método utilizado em laboratórios desde 1983. As iniciais “RT” identificam um método capaz de apresentar resultados em tempo real. Tanto o PCR quanto o RT-PCR são semelhantes e já faziam parte do trabalho da GoGenetic desde a fundação da empresa em 2016. “Nós usamos o mesmo princípio da RT-PCR, mas pensando nos laboratórios que não têm capacidade de equipamento e também na falta de insumos usados para a detecção”, explica Eduardo Balsanelli, integrante da GoGenetic e pós-doutorando no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR.

Assim como o RT-PCR, o PCR adotado pelo grupo da UFPR também analisa a presença do DNA do vírus no organismo. De acordo com Michelle Zibetti Tadra, diretora executiva da startup, o sequenciamento genético já é aplicado em áreas de pesquisa e diagnóstico, inclusive na detecção de outros vírus e análise genética de tumores. “Esse método já é utilizado para detecção de várias enfermidades, como mutações relacionadas ao câncer e outras doenças genéticas. Também se aplica no diagnóstico de infecções em animais, que é a especialidade da GoGenetic”, diz.

Análise pode ajudar em estudos
sobre saúde da população

Para a realização do teste, são coletadas amostras do trato nasal. Uma espécie de cotonete chamado swab é introduzido nas duas narinas. Depois, o swab com o material coletado é colocado em um frasco de transporte viral, que desativa o vírus e impede a contaminação, caso haja partículas do SARS-CoV2 na amostra. No laboratório, os pesquisadores da UFPR fazem uma análise completa de detecção do vírus. O conteúdo passa por uma série de processos, entre eles a extração do RNA do vírus e o sequenciamento genético.

As informações obtidas são compartilhadas em um banco de dados público, que recebe informações de centros de pesquisa de vários países, o Centro Nacional para Informações de Biotecnologia (NCBI, em inglês), dos Estados Unidos. As amostras disponíveis nesta rede de informações podem ser comparadas, o que colabora para ampliar o mapeamento do vírus e acompanhar mutações genéticas conforme variações de ambiente e grau de contaminação. “A técnica do nosso teste consiste na avaliação da presença de um gene específico da cepa infecciosa através da amplificação e sequenciamento. Como o processo inclui o sequenciamento do vírus, geramos dados que irão auxiliar em estudos posteriores sobre a saúde da população exposta ao Covid-19”, explica a diretora executiva da GoGenetic.

Informações são compartilhadas com banco de dados público internacional, o que colabora para ampliar o mapeamento do vírus e acompanhar mutações genéticas

Diferente dos testes feitos pelo Ministério da Saúde (que apresentam resultados em tempo real), o PCR convencional pode levar até três horas para gerar resultados. Apesar do tempo de espera por respostas ser maior, a alternativa explorada pela GoGenetic possui o mesmo índice de precisão que os testes adotados pelo governo federal. “Fizemos até o momento cerca de 100 testes e temos um grau de confiabilidade de 93%”, avalia Michelle.

As amostras analisadas foram cedidas através de uma parceria com o Complexo Hospital de Clínicas da UFPR (CHC) e com o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen). De acordo com Balsanelli, a GoGenetic dependeu do apoio da UFPR para trabalhar com a virologia, uma área de pesquisa que ainda não tinha sido explorada pela startup. “Foi graças à parceria com os laboratórios de virologia da Universidade, tanto no HC quanto no Setor Biológicas, que conseguimos a infraestrutura e know-how para manipular as amostras que continham o vírus”, concluiu.

Diferenças entre testes disponíveis

O teste sorológico, que detecta a presença de anticorpos contra o vírus no organismo é o mais comum no combate ao coronavírus. Esse tipo de exame é capaz de verificar, através de uma amostra de sangue, a resposta imunológica do organismo contra o vírus. A coleta de amostras é feita dez dias após o aparecimento dos sintomas, quando a produção de anticorpos é mais intensa.

Já a coleta de material para os testes PCR e RT-PCR é feita através do trato nasal (nasofaringe). A testagem por metodologia molecular pode detectar o coronavírus logo no primeiro dia de contágio. Com o resultado positivo, é possível decidir qual será o próximo passo: internação hospitalar ou isolamento social.

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Por Luiz Fernando Hanysz
Sob supervisão de Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

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