Além de acolher alunos recém-chegados, recepções são oportunidades para repassar valores relativos às profissões. Fotos: Acervo Pessoal

Histórias de ex-calouros da UFPR inspiram ideias de recepções solidárias e positivas

11 março, 2025
13:15
Por Aline Fernandes
Ensino e Educação

O Portal da UFPR pediu à comunidade da instituição depoimentos sobre ações de acolhimento que marcaram estudantes e egressos; veja aqui o resultado

O início do ano letivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nesta semana, marca a chegada de cerca de cinco mil novos estudantes que veem os seus sonhos e, muitas vezes, os de suas famílias, se realizando ao ingressar em uma universidade pública.

Neste momento de integração à comunidade acadêmica, é fundamental acolher e apresentar as oportunidades que a UFPR pode lhes proporcionar durante a construção de sua formação profissional.

As atividades de recepção são organizadas pelos próprios cursos, centros acadêmicos, veteranos e projetos. Preparamos uma lista de ideias com ações realizadas nos últimos anos que podem inspirar a construção de recepções solidárias e positivas.

1) Revitalizar espaços de importância social

Uma recepção unificada reuniu estudantes dos cursos de Design, Comunicação Social e Arquitetura em 2010. O grupo, formado por cerca de 200 estudantes da UFPR e de outras instituições de Curitiba, revitalizou espaços da chácara do Instituto Paranaense de Cegos, o IPC, no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

O convite para a recepção listava itens simples para quem quisesse ajudar, de doações (alimentos não perecíveis e agasalhos) a materiais, como tintas, pinceis, uma roupa que pudesse ser sujada, “disposição” e “seus amigos”.

Assim, calouros e veteranos realizaram a pintura da fachada, cortaram a grama, reformaram o parquinho e as churrasqueiras do local.

“Tive a oportunidade, como veterano, de propor ações focadas na reflexão de valores e no impacto positivo para a comunidade, criando laços entre diversos cursos e instituições”, destacou Alexander Czajkowski, um dos organizadores.

2) Iniciativas que difundem valores profissionais

De 2017 a 2019, o estudante Lucas Eduardo de Matos organizou a recepção dos recém-aprovados no curso de Medicina da UFPR. As atividades eram realizadas com crianças atendidas no Ambulatório Menino Jesus de Praga, na área de hemato-oncologia.

A interação com os pequenos pacientes era parte do projeto Medinfância, que, atualmente, é um projeto de extensão da universidade. A programação envolvia atividades lúdicas, jogos, desenhos e pintura. As ações aconteciam enquanto as crianças aguardavam consultas ou realizavam quimioterapia.

“A ideia era levar os alunos para fazerem uma atividade solidária, além de proporcionar diversão para as crianças. Muitos calouros acabaram entrando, posteriormente, no projeto como voluntários”, lembra Lucas.

“Para quem deseja ser médico, ter a oportunidade de contato com o ambiente hospitalar, levar acolhimento e cuidado para um paciente que está em situação de sofrimento, sem ter começado a faculdade, é algo que faz os olhos brilharem e traz uma motivação para iniciar o curso”.

3) Envolver os calouros em projetos de extensão do curso

A extensão universitária, que é o braço de integração da formação universitária com a sociedade, produz ensinamentos que os futuros profissionais levam para a carreira e para a vida. Ações nessa área também permitem abrir horizontes sobre as possibilidades de cada profissão, reduzindo possíveis incertezas.

Em 2023, o projeto HemoPET, do Programa de Educação Tutorial (PET) levou calouros do curso de Farmácia da UFPR para doarem sangue no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), em Curitiba.

A então caloura Gabrielle de Araújo contou que, na época, estava nervosa com a ideia de trote, mas se sentiu confortável quando viu como seria. “Adorei participar e achei a ideia incrível”.

4) Apresentação de grupos de cursos e ações que proporcionam integração

Quando ingressou na UFPR em 2024, pela segunda chamada do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), Eduardo Nogueira Formigoni aceitou um convite que impactou positivamente sua vida. 

“Nunca fui uma pessoa de muitos amigos. Não conhecia Curitiba e estava absurdamente apreensivo quanto às possíveis amizades, ou a falta delas”, contextualiza o estudante de Ciências Biológicas.

Naqueles primeiros dias na universidade, uma caloura o chamou para uma reunião do BioIlustra — grupo de ilustração que promove o treino do desenho científico no curso de Eduardo. Gradualmente, aquele espaço de prática passou a significar algo mais. 

“Apesar de entrar ‘atrasado’, lá eu fui abraçado; conheci aqueles que hoje são meus amigos e meu namorado. Mesmo não desenhando, frequento as reuniões. Nelas, ficamos conversando e vendo os desenhos de outros discentes”.

Essas pessoas são consideradas a sua rede de apoio, o que afirma nunca ter experimentado antes. E o fazem se sentir querido e acolhido.

Uma das atividades do Biolustra UFPR é agendar idas de estudantes de Biológicas ao Zoológico de Curitiba para desenhar os animais

5) O básico também conta: boas-vindas e identificação

A recepção na universidade também deixa lembranças para os egressos. Vitoria dos Santos Turquenitch compartilha a alegria de poder fazer sua parte para que um grupo de calouros vivesse esse momento de forma especial. Ela iniciou a graduação na UFPR em Secretariado Executivo em 2021, ano em que não houve recepção presencial, devido à pandemia. 

Três anos depois, foi mestre de cerimônias na acolhida dos calouros do Setor de Educação Profissional e Tecnológica (Sept) — e teve a oportunidade de estar “do outro lado”. 

“Foi uma forma de ressignificar minha própria chegada. Além de aplicar o que aprendi no curso, percebi o impacto real de uma recepção bem organizada. Ver a transformação dos calouros — da incerteza inicial ao sentimento de pertencimento — me mostrou o quanto esse momento pode marcar uma trajetória acadêmica”, pontua a jovem.

A experiência sobre o palco a fez refletir a respeito da verdadeira importância da recepção. Na sua visão, não é apenas um evento institucional, mas um rito de passagem que estabelece o início de uma nova jornada. 

“A recepção de calouros é sempre um marco, tanto para quem chega quanto para aqueles que fazem parte da organização”, diz.

Com Bruna Bertoldi Gonçalves

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