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Grupo de Meteorologia da UFPR indica possíveis mudanças climáticas

30 março, 2006
00:00
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Há um ano o Grupo de Meteorologia participa, em parceria com a Fundação da Universidade do Rio Grande e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de estudos sobre diversidade e abundância de peixes em zonas rasas estuarinas, na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, para verificar a possibilidade de eles serem indicadores para mudanças climáticas no Sul da América do Sul. Tais estudos fazem parte de um dos subprojetos do PROBIO-MMA (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira, Ministério do Meio Ambiente). “Diversas espécies de peixes foram monitoradas na Lagoa dos Patos em épocas diferentes, e avaliou-se como reagiam a variações climáticas como as produzidas por El Niño e La Niña. Verificou-se que variações em um determinado sentido favoreciam certas espécies, enquanto aquelas em sentido contrário favoreciam outras espécies, causando aumento ou diminuição na população. Estas variações estão principalmente associadas com excesso ou falta de chuva, que altera a salinidade da água. Nosso estudo propõe, então, que essas espécies de peixes sejam tomadas como indicadores para estudos sobre mudanças climáticas”, explica a professora e coordenadora do Grupo, responsável pelo componente climático da pesquisa, Alice Grimm.

Modelos – Para verificar as direções da mudança climática e orientar o estudo com peixes, a pesquisadora também analisou as projeções feitas por nove modelos climáticos, para verificar a situação prevista para a Região Sul do Brasil no período de 2071 a 2100, sob condições de emissão de gases de efeito estufa e aerossóis propostas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). “Esses modelos são os mais importantes e reconhecidos pela comunidade científica mundial. Eles foram rodados por longo período de tempo, do qual retiramos a fatia 2071-2100, que também está sendo utilizada por outros pesquisadores em outras regiões do planeta”, esclarece. Para esse período, os modelos convergem na questão da temperatura, para a qual todos apontam aumento. “Por exemplo, para o verão, os modelos apontam, em média, um acréscimo de mais de dois graus. Já na questão das chuvas, um indicador bem mais complexo e difícil de prever, apesar dos modelos não serem totalmente convergentes, eles demonstram que pode haver pequeno aumento no Sul do Brasil, em média, de menos de 0,5 milímetro por dia no verão. Diferentes estações do ano apresentam diferentes mudanças”, esclarece.

Esclarecimentos – A pesquisadora é enfática ao informar que estas são possibilidades, já que os modelos não são perfeitos. “Muitos deles podem ser considerados como estado-da-arte, mas mesmo esses não reproduzem perfeitamente certas interações existentes na natureza e que são muito difíceis de serem simuladas. Por isso, o que precisamos levar em conta é a informação qualitativa, em termos do sentido das mudanças previstas e quão amplas elas podem ser. Esta informação já pode ser útil no sentido de planejar ações para mitigar impactos.”

Relatório de Mudanças Climáticas – Em 2007 o WMO – World Meteorological Organization, divulgará o 4º relatório do Intergovernmental Panel on Climate Chage, fonte de referência mundial sobre mudanças climáticas. A Professora Alice Grimm participou das duas reuniões preparatórias que organizaram a estrutura do relatório. “Esse relatório apresenta temas das três linhas de pesquisa: as bases físicas da mudança climática, os impactos e a mitigação – como minimizar os impactos. As projeções de modelos para possíveis cenários climáticos enquadram-se na primeira linha, mas são informação fundamental para as outras duas.”

Diferença entre variações e mudanças climáticas – É importante frisar que muitas alterações sentidas pela população não são na verdade mudanças climáticas, mas efeitos de variações climáticas. Variações climáticas são as oscilações naturais do sistema climático e que podem ser intensas em determinadas épocas. Já as mudanças climáticas são aquelas provocadas pelo homem e que modificam a estrutura natural, podendo ser bastante danosas com o passar do tempo. Um grande desafio para os cientistas é a separação dos efeitos de variações naturais do sistema climático dos efeitos de mudanças climáticas de origem humana.

Foto(s) relacionada(s):


Peixes são indicadores para mudanças climáticas
Foto: Arquivo

Fonte: Patricia Favorito Dorfman

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