Fitoterápicos obtidos a partir de mais de uma dezena de plantas poderiam estar sendo fabricados se houvesse incentivos financeiros para o aperfeiçoamento das pesquisas, ou interesse maior da indústria farmacêutica. O alerta vem do pesquisador Obdúlio Gomes Miguel do Departamento de Farmácia da UFPR. Trabalhando com plantas há três décadas, o professor explica que só no Laboratório de Fitoquímica da UFPR existem pelo menos 15 estudos com plantas que apresentaram propriedades medicinais e que já poderiam estar sendo usadas na produção de medicamentos e cosméticos.
Atualmente dois desses projetos desenvolvidos pela equipe do grupo de pesquisas de produtos naturais estão na fase de obtenção de patente pela própria UFPR e deverão resultar na produção comercial. Um deles prevê a fabricação de fitoterápicos a partir do agrião para controle do folículo das células responsáveis pelo crescimento de cabelos, evitando dessa forma a queda. Também deste produto há estudos para remédios de redução do colesterol e tratamento do sistema respiratório. Já o outro projeto trata de um arbusto muito usado pelos índios, originário da Mata Atlântica. É a “Ottonia martiana” que produz frutos ricos em óleos e que podem ser usados na produção de diversos medicamentos e cosméticos. Esse estudo é realizado em parceria com a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e com a Universidade de São Paulo.
Há também plantas que já foram pesquisadas e são usadas pela indústria de cosméticos, mas que precisam de estudos para determinar outras propriedades. É o caso do urucum e da camomila. Uma das propriedades pode ser a de estimular o crescimento de cabelos. Testes foram feitos em ratos e resultou no crescimento acelerado dos pêlos.
Erva-Mate – Você imaginaria o sabor de bala de erva-mate:? Pois há um estudo em parceria com indústria do ramo alimentício em fase adiantada, que poderá resultar na fabricação deste tipo de produto. Além da bala, foram testadas formulações com sorvetes e cremes para a pele. Outra pesquisa em andamento na UFPR é com uma planta chamada “Dosstemia mutiformis,” que tem ação contra o vitiligo, doença que causa manchas na pele. A espécie já compõe uma formulação para tratar de problemas decorrentes da menopausa. O medicamento já disponível no mercado é chamado de Flor da Noite.
Outra pesquisa é com o conhecido mosquitinho, uma das flores mais usadas para fazer arranjos nas floriculturas. A planta chamou a atenção dos estudiosos porque aquelas com menos de cinco galhos não têm valor comercial. ‘Os estudos mostraram que o que vai para o lixo é um excelente fertilizante natural e ainda rico em óleos’, segundo a pesquisadora Marilís Dallarmi Miguel. A partir desta planta já foram desenvolvidos cremes, xaropes, suspensões, balas, pastilhas, fibras alimentares e batom. Os pesquisadores estudam ainda as propriedades medicinais de uma árvore chamada pau-pereira utilizada pela medicina popular como antitérmico e tônico, além de imunoprotetor por suas possíveis propriedades anticancerígenas.
Xaxim – Um dos estudos que começou nos laboratórios da UFPR e que ganhou força, graças ao interesse de uma empresa de fitoterápicos, é o que determinou as propriedades e a fórmula de remédio para a asma tendo como base o xaxim (Dicksonia sellowiana). Os primeiros testes foram há mais de seis anos e envolveram estudiosos da Universidade Federal de Santa Catarina e UNIVALI – Universidade do Vale do Itajai. “Evidenciou-se também que esta espécie pode ser muito eficiente na inibição de 45% do tumor (Sarcoma de Erlich). Testes ainda estão sendo realizados em conjunto com a professora Ana Angélica Steil, da UNIVALI.
Qualquer estudo nessa área é de longo prazo. ‘É um exercício de paciência’, complementa o professor Obdúlio, que desenvolve os estudos fitotécnicos. ‘ É comum doutorandos e mestrandos nossos demonstrarem ansiedade devido a obtenção de resultados serem lentas e gradativas. Há também dificuldades técnicas em relação a sobrecarga dos equipamentos para análise porque a fila de espera para os estudos sempre é bastante grande”.
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Fonte: ACS
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