Euller Miller, um jovem indígena da etnia Kaiwá e estudante de Odontologia da Universidade Federal do Paraná, é o personagem principal do documentário “Euller Miller entre dois mundos que será lançado nesta quinta-feira (7) na mostra Olhar de Cinema – Curitiba Int’l Film Festival.
Nascido em Dourados (Mato Grosso do Sul), Euller chegou a Curitiba em 2016 por meio do vestibular indígena que lhe oportunizou cursar Odontologia em uma universidade pública. Antes disso, ele estudou um semestre do mesmo curso em uma universidade particular de sua região e não podendo bancar as mensalidades, teve que mudar para Enfermagem, curso em que passou três anos. Só então surgiu a possibilidade de ingressar na UFPR.
O documentário mostra o cotidiano de um jovem indígena que sai da sua pequena aldeia para cursar Odontologia em uma universidade pública na populosa Curitiba. Financiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro (PRODAV), o longa-metragem foi produzido pela produtora curitibana O Quadro e dirigido pelo experiente Fernando Severo.
O diretor conta que a ideia para a produção surgiu em um documentário sobre a questão indígena que realizou anteriormente. “Percebi um jovem que estava um pouco deslocado porque visivelmente tinha uma ligação afetiva com sua cultura e com seu povo, mas queria também fazer parte do universo do homem branco, no qual teria melhores oportunidades de se desenvolver”.
Quando foi convidado pela produtora O Quadro a fazer parte do projeto, Severo percebeu que seria uma chance de conhecer mais profundamente a questão indígena e sobre as oportunidades que o sistema educacional universitário brasileiro oferece para os jovens indígenas. “Então eu descobri um projeto já bem consistente dentro da UFPR, que inclusive agora que conheço melhor, considero um exemplo para as outras universidades adotarem. Na pesquisa por mais informações, encontramos o Euller Miller, com quem eu conversei previamente e achei a história muito interessante, justamente porque ele demonstra várias contradições que essas pessoas em geral enfrentam, de fazer uma transição entre culturas muito diferentes”, revela.
Apesar de não parecer, Euller é um garoto tímido e está receoso com a fama que está prestes a ganhar. Para ele, é importante cuidar da imagem, principalmente, por conta da carreira que pretende ter. Mas ele está muito feliz em participar do documentário e sente-se afortunado por ver sua aldeia representada e sua família orgulhosa. “A universidade está abrindo portas e eu percebo que a cada dia a população acadêmica indígena está crescendo, não só na UFPR mas também em outras universidades do Brasil. Poder cursar um curso superior é maravilhoso”, comenta.
Para Severo, é muito importante que a experiência de Euller Miller e da UFPR sejam melhor conhecidas. “Elas exemplificam a necessidade de acolher os jovens egressos de culturas indígenas, além de demonstrar o quanto a universidade ganha com essa troca cultural. Não é só uma questão de colocá-los em contato com o saber e com outras culturas, mas de absorver toda essa riqueza cultural que as populações indígenas têm a oferecer para a sociedade brasileira”.
O documentário será exibido nos dias 7 e 13 de junho na Sala 3 do Espaço Itaú, às 19h e 18h30, respectivamente. Os ingressos podem ser adquiridos no local de exibição do filme ou pelo aplicativo James Delivery. Posteriormente, o longa-metragem será transmitido nas TVs púbicas.
