Paulo Vitor Navasconi, palestra “Todo racismo é uma forma de violência: reflexões sobre racismo como determinante social de saúde” – foto: Rodrigo Choinski
Neste fim de semana aconteceu as últimas atividades do Mês da Consciência Negra na UFPR, na sexta-feira (29/11) o professor da Universidade Estadual de Maringá, Paulo Vitor Navasconi, lançou seu livro sobre a saúde da população negra e ofereceu a palestra “Todo racismo é uma forma de violência: reflexões sobre racismo como determinante social de saúde”.
Durante o evento, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPR (NEAB) recebeu da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) o documento de Votos de Congratulações e Aplausos, honraria tradicional da casa. A vereadora professora Josete, que propôs a menção, fez a entrega recebida pela professora Megg Rayara Gomes de Oliveira em nome do núcleo.
Entrega de Votos de Congratulações e Aplausos da Câmara Municipal de Curitiba ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPR. foto: Rodrigo Choinski
No livro, Navasconi aborda questões de saúde mental relacionadas ao racismo, especialmente a questão do suicídio. O autor mostra que as causas relacionadas ao sofrimento que levam à ideação suicida que mais afetam os jovem e negros de modo geral tem uma relação direta com formas de opressão que estruturam a sociedade. Como por exemplo, o sentimento de inferioridade e de não pertencimento. Veja a entrevista que fizemos com o autor abaixo.
O Mês da Consciênica Negra da UFPR contou com diversas atividades, o último evento da programação é o X Festival de Arte-Capoeira que acontece entre os dias 6 e 8 de dezembro, em Paranaguá, no Museu de Etnologia e Arqueologia da UFPR (MAE).
Entrevista
Professor Paulo Vitor Navasconi, palestra “Todo racismo é uma forma de violência: reflexões sobre racismo como determinante social de saúde”. foto: Rodrigo Choinski
No livro é trabalhada a ideia de que para entender o sofrimento que leva ao suicídio é preciso olhar a sociedade, poderia nos explicar isso?
Navasconi – [No livro] fui trabalhando a ideia de que todo sofrimento é um sofrimento social porque as principais causas associadas ao suicídio em jovens e em pessoas negras de modo geral são o sentimento do não lugar, o sentimento de não pertencimento, o sentimento de inferioridade, a rejeição, a violência e inadaptação, o sentimento de incapacidade e o isolamento social. Todos esses sentimentos ou essas causas estão para além de uma ordem individual ou psicológica, pois o indivíduo se estrutura no interior de uma sociedade estruturada pelo racismo, pelo patriarcado, pelo machismo, pelo sexismo e ainda por outras formas de opressão e consequentemente vai produzir possibilidades e condições de adoecimento.
Você sustenta que para conseguir olhar para este problema é preciso uma perspectiva interseccional, poderia nos explicar isso?
Navasconi – As autoras feministas negras pontuam que não tem como a gente conceber o indivíduo se a gente não entender, não compreender as ramificações das intersecções que atravessam o sujeito ou seja todos somos constituídos no mínimo por três fatores ou por três intersecções: de raça, classe e gênero. Então olhar e compreender a saúde da população negra requer reconhecer o racismo e as desigualdades étnico-raciais o racismo institucional e o racismo estrutural como determinante social de condição de saúde.
Professor Paulo Vitor Navasconi, palestra “Todo racismo é uma forma de violência: reflexões sobre racismo como determinante social de saúde”. foto: Rodrigo Choinski
Como vem sendo tratada essa questão atualmente?
Navasconi – Muitas vezes quando a gente vai trabalhar com a saúde e o suicídio da população negra verificamos que as queixas raciais são muitas vezes subestimadas ou até mesmo individualizadas, tratadas como algo pontual ou corriqueiro, algo que seria da cabeça do indivíduo, acabam assim culpabilizando esse sujeito que está em crise, que está vivenciando essa dor, que está vivenciando uma condição de adoecimento e vulnerabilidade.
Poderia falar sobre a questão do duplo silenciamento em relação ao racismo e ao suicídio.
Navasconi – Essa é uma questão muito importante, na questão do suicídio já existe um tabu, já existe toda uma uma recusa a olhar para a questão da morte, assim como com o racismo porque quando a gente vai falar sobre o racismo vai haver um discurso de que ele não existe, que não é bem assim, que o sujeito está inventando, assim verificamos um novo silenciamento, no livro eu trabalho muitas questões relacionadas a isso. A população negra é negligenciada e silenciada justamente porque nós vivemos em uma sociedade que nega a todo momento o racismo. Isso vai produzir efeitos nocivos tanto na população branca quanto na população negra. Outra questão importante relacionada a isto é o quanto a ciência, a psicologia… o quanto a literatura científica silencia-se diante de uma realidade que é estrutural e que afeta a todos e todas, e principalmente os corpos negros.
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