Institutos funcionam como redes colaborativas de pesquisa que reúnem os maiores grupos de cientistas e pesquisadores em áreas estratégicas
Com colaboração de Aline Fernandes
A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI), apresentou nesta semana para a comunidade acadêmica os seus seis Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) . Três deles estão em andamento e três foram recentemente aprovados em edital. Cada um deles recebe recursos financeiros do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em contrapartida, as pesquisas devem refletir em ganhos para a ciência e sociedade.
Na prática, os INCTs funcionam como redes colaborativas de pesquisa que reúnem os melhores grupos de cientistas e pesquisadores em áreas estratégicas para o desenvolvimento e o avanço científico-tecnológico do Brasil. O programa busca ainda promover pesquisa de excelência, inovação, formação de recursos humanos qualificados e a transferência de conhecimento para a sociedade, atendendo a demandas públicas e estratégicas para o país.
“Estamos tratando de grandes projetos. Trabalhos que conectam pesquisadores de todo o mundo e no fim mostram a força dos nossos pesquisadores e como a UFPR estabelece um ambiente acolhedor e focado no avanço da ciência”, afirmou o professor Ciro Oliveira Ribeiro, Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação (PRPI).
Criado em 2008, o Programa INCT é uma das mais importantes iniciativas de fomento à ciência do país. Sediar um instituto representa tornar-se um polo articulador de uma rede nacional e internacional de pesquisadores.
Leia também: UFPR conquista três novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia
Ao longo de 16 anos, o programa já estabeleceu mais de 1.800 parcerias nacionais e 1.300 internacionais, incluindo cooperações com centenas de empresas brasileiras e estrangeiras. Além do avanço científico e tecnológico, os institutos têm um papel fundamental na formação de mestres e doutores altamente qualificados.
Nanomateriais para a vida (NanoVIDA)
O NanoVida tem como objetivo propor avanços em três temas diretamente relacionados à melhoria da qualidade de vida, com ênfase na população brasileira, pelo desenvolvimento de nanotecnologias com aplicação em Energia, Meio Ambiente e Diagnóstico.
Em consonância direta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a ideia é explorar as propriedades superlativas dos nanomateriais para criar novos dispositivos de geração de energia limpa (células solares); para armazenamento de energia (baterias e supercapacitores); para geração de combustível verde (hidrogênio); para descontaminação de corpos aquáticos; para produção de água potável; para detecção, monitoramento e destruição de poluentes; para certificação de qualidade de alimentos e para diagnóstico simplificado de doenças negligenciadas e de extrema relevância no Brasil, como dengue, zika, chicungunha, hepatite B, leishmaniose e Chagas.
O professor e coordenador do instituto, Aldo Zarbin, explica que a proposta abrange toda a cadeia tecnológica. “A nossa pretensão é preparar novos nanomateriais multifuncionais, ou seja, que podem ser usados para mais de uma função, baseados em grafeno e nanoestruturas de carbono, nanopartículas metálicas e de óxidos, materiais bidimensionais, compostos organometálicos, polímeros (condutores e convencionais), além da combinação dessas classes de materiais nos chamados nanocompósitos.”
Representação e Legitimidade Democrática
O INCT chamado também de ReDem é um projeto para analisar as causas e as consequências da crise da democracia no Brasil. Os estudos abrigados nele procuram entender as conexões entre as mudanças nas percepções e nos valores dos eleitores, nas instituições e nas regras eleitorais e na morfologia da classe política nacional para explicar como elas afetam o déficit de legitimidade da representação política.
“Atualmente, aceita-se a tese de que são múltiplos os fatores relevantes para a configuração das atitudes do eleitorado frente à democracia. Inversamente, aceita-se também a tese de que os comportamentos dos eleitores influenciam as elites governantes e o próprio funcionamento das instituições representativas. Assim, não há consenso”, explicou o professor Bruno Bolognesi, um dos coordenadores do projeto.
Para entender os fatores que afetam a legitimidade democrática entre a população, o ReDem propõe uma abordagem multimétodo que combina várias técnicas de pesquisa. As múltiplas dimensões da (des)legitimidade da democracia brasileira estão articuladas em três eixos de análise normalmente tratados separadamente: Cultura Política, Instituições Políticas e Elites Políticas.
Conservação e Exploração dos Recursos Biológicos de Coleções em Rede
O INCT agrega grupos de pesquisas na exploração e conservação de recursos biológicos em áreas estratégicas de saúde e biotecnologia, e assim busca contribuir para a formação de recursos humanos e divulgação do conhecimento sob processos e recursos genéticos depositados em diferentes coleções do país e exterior. É considerado o primeiro INCT do país que reuniu coleções microbiológicas em rede.
“O nosso objetivo é estabelecer inferência sobre biodiversidade, genes de resistência, circulação de espécies em ambiente, em clínica, fazer a exploração de moléculas de interesse biotecnológico. E além disso, a adoção das coleções por instituições acadêmicas”, afirmou Vania Aparecida Vicente, professora e coordenadora do instituto.
O projeto possui membros colaboradores de sete universidades federais, três universidades internacionais e quatro institutos de pesquisas nacionais. Além disso, colabora com sete instituições internacionais e tem parceria com diversas empresas.
Mais de 170 pesquisadores no mundo integram o grupo de pesquisa.
INCT Biotecmar
Liderado pelo professor Carlos Ricardo Soccol, do Departamento de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR, o INCT Biotecmar visa posicionar o Brasil como líder global na conversão de recursos marinhos em produtos tecnológicos, gerando empregos e promovendo uma economia verde resiliente e sustentável.
O projeto entende o litoral do país, chamado de “Amazônia Azul”, como uma fonte estratégica de recursos genéticos para liderar a bioeconomia global. Atuando em áreas como biotecnologia, engenharia de bioeconomia circular, bioprospecção, fármacos, aquicultura, bioplásticos e bioinsumos, o instituto articula uma rede com mais de 33 laboratórios em 30 instituições nacionais.
Composto por 35 pesquisadores de produtividade do CNPq e envolvendo 36 programas de pós-graduação, o Biotecmar se destaca pela forte cooperação internacional, com parceiros em todos os cinco continentes, e pela capacidade de inovação, com mais de 130 patentes já registradas pela equipe. Alinhado à Década do Oceano da ONU e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 14 – Vida na Água, o instituto busca criar soluções transformadoras para ciência e desenvolvimento sustentável, fortalecendo políticas públicas, a formação de recursos humanos e a geração de impacto socioeconômicos importantes.
INCT InovaLigno
O INCT InovaLigno pretende consolidar-se como uma rede nacional de excelência dedicada à pesquisa em tecnologia da madeira e à inovação no uso de produtos florestais. Coordenado pela professora Graciela Inês Bolzon de Muniz, este é o primeiro instituto do gênero vinculado ao Setor de Ciências Agrárias e ao Centro de Ciências Florestais e da Madeira (Cifloma) na universidade. A iniciativa reúne 67 cientistas brasileiros e 15 pesquisadores estrangeiros, para impulsionar a bioeconomia a partir de recursos florestais.
A meta do instituto prioriza o desenvolvimento sustentável de biomas em consonância com os temas de transição energética, nanotecnologia, biotecnologia, inteligência artificial e uso sustentável de biodiversidade. Prioriza-se a integração em uma única equipe de pesquisa, desenvolvimento e inovação a visão sobre o aprimoramento e transformação de materiais lignocelulósicos em produtos inovadores com valor agregado ao mercado, promovendo avanços em sustentabilidade e competividade industrial, especialmente guiados pelas estratégias de inovação elencadas pelos governos estaduais e federal.
Fruto de uma articulação interinstitucional e multidisciplinar, o INCT InovaLigno conecta inicialmente 17 universidades e centros de pesquisa brasileiros, com o apoio de empresas do setor produtivo, promovendo avanços científicos e tecnológicos estratégicos em prol de uma economia verde. O InovaLigno pretende criar e consolidar uma rede colaborativa nacional com a participação internacional ativa e com parceiros do setor privado, especialmente com a adesão de novos membros interessados em colaborar ativamente.
INCT Biotecnologia de precisão aplicada à interação planta-bactéria-ambiente
Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela intensificação do agronegócio no Brasil, o INCT Biotecnologia de precisão aplicada à interação planta-bactéria-ambiente propõe desvendar os mecanismos moleculares que sustentam as interações benéficas entre plantas, bactérias promotoras de crescimento vegetal e o ambiente, promovendo práticas agrícolas adaptadas às demandas ambientais e climáticas.
Coordenado pelo professor Emanuel Maltempi de Souza, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, e com a participação de outras sete instituições de pesquisa e parceiros internacionais, o projeto foca em reduzir a dependência de fertilizantes químicos, especialmente os nitrogenados. A pesquisa investiga vias de sinalização em plantas que favorecem a colonização bacteriana e promovem o desenvolvimento vegetal, bem como adaptações metabólicas e sinalizações bacterianas que estimulam interações benéficas em detrimento de patogênicas.
Utilizando tecnologias de ponta como edição gênica, biologia sintética e inteligência artificial, a equipe busca investigar como tais interações funcionam em nível molecular para criar tanto plantas mais eficientes quanto bactérias otimizadas, capazes de fornecer nutrientes de forma mais eficaz. O objetivo é desenvolver novas tecnologias que aumentem a produtividade e a resiliência de culturas essenciais. O INCT também pretende fortalecer a posição do Brasil como líder em agricultura sustentável, alinhado às metas da Agenda 2030.
Pesquisa do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPR aponta que a motivação para compartilhar notícias falsas perpassa […]
Quinta reportagem da série que explica, com o auxílio de seus professores, o conceito de soberania nacional, em […]
Espaço é uma iniciativa conjunta entre a UFPR e o Governo do Paraná Na última quinta-feira (02), foi […]
Estudantes de graduação poderão ministrar oficinas e receber bolsas; comunidade também pode participar de modo voluntário. Inscrições até […]