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Da imunologia à bioética, a trajetória da professora Ida Gubert na UFPR

Estar no lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa certa. Esta frase pode definir a trajetória da professora Ida Cristina Gubert, do Departamento de Patologia Básica. Contando a graduação, mestrado e atividade docente, ela está há 46 anos na UFPR.

Ida nasceu e foi criada no centro de Curitiba, onde teve a oportunidade de viver em ambientes muito diferentes dos atuais. “Minha avó tinha um terreno que ia da Visconde de Guarapuava até a Doutor Pedrosa, onde brincava com minha irmã e meus primos. Eu tinha tartaruga, minha avó tinha galinhas, era uma delícia”, lembra. Ela estudava em um colégio de freiras, com uma educação bastante rígida. “Nem tudo era perfeito, mas tínhamos uma base sólida como cidadãos. Cantávamos hino e levantávamos quando o professor entrava na sala”.

Ida Gubert: da graduação à docência, 46 anos na UFPR. Foto: ASPEC

A docente iniciou sua graduação em 1972. Era o primeiro ano da reforma universitária, que transformou curso de história natural em licenciatura em ciências biológicas. Como não havia o atual prédio do SCB, ela teve oportunidade de conviver com alunos de medicina, de veterinária e de outros cursos com os quais compartilhava aulas. Isso lhe permitiu vislumbrar uma associação entre dois ramos da ciência – a genética e a imunologia. “Um professor me disse que a imunologia era a área do futuro. Como já tinha estudado imunologia e genética, eu vi que dava para associar as duas coisas”. E foi o que fez, com um estágio no Hospital de Clínicas, uma especialização nos Estados Unidos e o mestrado em genética, com ênfase em imunogenética.

Em agosto de 1980, Ida iniciou sua carreira como docente na UFPR. No contexto da abertura política, ela batalhou pela qualidade de ensino, pela autonomia universitária e pelas condições de trabalho, juntamente com outros colegas. “A gente se reunia, às vezes na garagem da casa de algumas pessoas, e começávamos a trabalhar para conseguirmos eleição para direção, para reitoria, mas era tudo muito artesanal – cartazes, faixas, etc. Isso nos uniu muito”.

Por conta deste envolvimento, atuou em várias oportunidades na administração da universidade, em gestões como chefe do departamento e como representante em conselhos. “Era necessário ter coragem de se expor, se dispor a trabalhar e enfrentar o desconhecido. Além de ter humildade de perguntar aquilo que não se sabia.”

No final dos anos 1990, a UFPR fez um convênio pelas secretarias municipal e estadual de saúde, que envolveu praticamente todo o SCB, em razão dos diversos acidentes com a aranha marrom. E Ida estava no lugar certo e na hora certa, pois um professor visitante que veio da UFMG estudar o assunto lhe ofereceu a oportunidade de fazer o doutorado, que foi concluído em 2005. “Foi enriquecedor pois não fiquei fechada num mesmo lugar”. Em Belo Horizonte, Ida participou de alguns eventos sobre ética em experimentos com animais, e passou a se interessar pelo assunto.

Nessa época, foi criado o Comitê de Ética em pesquisas com seres humanos do Setor de Ciências da Saúde da UFPR. Ida foi convidada a participar e hoje é a atual presidente. Em 2008, a oportunidade de um curso sobre ética em Buenos Aires surgiu rapidamente. “Eu tinha 48 horas para submeter o currículo em espanhol. Por sorte, havia uma aluna espanhola que aceitou traduzi-lo em 24 horas. Pois não é que me chamaram?”.

Hoje, a docente se considera mais ligada com a bioética do que com a imunologia, porém sente-se orgulhosa do legado que permitiu que outros docentes atuassem na área. “Essas pessoas (que estão na imunologia) tiveram suas portas abertas de alguma forma por mim. A formação desse grupo me orgulha muito, pois são pessoas capacitadas e comprometidas com a instituição”.

Em sala de aula, Ida é conhecida pela sua rigidez. “A educação não tem moda, não pode ter flexibilização. Você tem que por limites e os limites devem ser respeitados”. Mesmo assim, muitos ex-alunos hoje a encontram e valorizam o aprendizado. “Eu olho aquelas carinhas e digo ‘mas eu conheço de algum lugar’. Estão em secretarias de saúde no interior, na clínica, são docentes em universidades. E dizem: nossa como você era brava, mas como aprendi com você”.

Fora da UFPR, Ida pesquisa e seleciona com cuidado seus gostos pessoais. Aprecia bons filmes, dentro e fora do circuito comercial. Gosta de ritmos mais suaves de música, muito por conta de sua formação em piano clássico, além de sair com os amigos, curtir o sobrinhos netos, viajar e fazer fotografias. “Tenho uma coleção de fotos com o nascer e por do sol desde a minha casa”, revela.

O esforço de estar aberta a novas oportunidades, aprender e ensinar com responsabilidade são suas marcas dentro da UFPR. “Não foi muito fácil, mas com seriedade, você acaba vencendo e sendo respeitada. Nesse sentido, ser uma referência é um privilégio e um orgulho”, pontua Gubert.

Por João Cubas/Aspec

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