Professor Thiago Corrêa de Freitas, com os alunos intercambistas do curso de Luteria da UFPR, Stijn Le Page (esq.) e Nicolás Garros (dir.). Foto: Arquivo pessoal
O curso de graduação em Luteria da Universidade Federal do Paraná, único curso superior da área no Brasil, tem chamado a atenção também de estudantes de outros países. Neste semestre, um estudante da Argentina e um da Bélgica estão em Curitiba para aprender mais sobre a arte de construir instrumentos na UFPR.
Nicolás Garros decidiu cursar Luteria na Universidad Nacional de Tucumán, Argentina, porque desde cedo gostava muito de música, tocava flauta transversal, e seu pai era carpinteiro. “Sempre admirei a capacidade de criação de meu pai, e para unir tudo isso, entrei na Escola de Luteria de Tucumán em 2012”, conta Nicolás.
Em novembro do ano passado, o professor Thiago Corrêa de Freitas, da Luteria da UFPR, visitou a instituição argentina por meio de um edital de mobilidade técnica da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe). Ele passou sete dias em Tucumán, acompanhando aulas da Escola de Luteria e também apresentou o curso da UFPR. “Houve interesse mútuo em aproximar ambas as partes, e a grande vantagem é que as duas instituições integram a Associação de Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM)”, explica o professor.
Assim, foi ofertada uma vaga no curso de Luteria da UFPR para alunos de Tucumán. Nicolás Garros foi o aluno selecionado para estudar durante um semestre em Curitiba. “Quando soube que viria, me senti muito orgulhoso, mas também com muita responsabilidade”, diz Nicolás.
O estudante terá a oportunidade de aprender coisas novas na UFPR. Por exemplo, em Tucumán, eles trabalham com a construção de instrumentos da família do violão e do violino, e não trabalham com guitarras elétricas. Nicolás pretende construir uma guitarra elétrica durante o seu período na UFPR. “Esse é um intercâmbio que contempla bem a ideia; Ele aprende um conhecimento que não tem disponível lá, e leva esse diferencial”, avalia Corrêa de Freitas.
O professor e o aluno argentino trabalham também na criação de um glossário de termos de luteria em português e espanhol.
“Gosto muito da proximidade que existe entre professor e aluno aqui, não é uma relação somente acadêmica. Também me sinto muito bem com meus companheiros, que receberam muito bem o outro estudante intercambista e eu”, diz Nicolás.
Bélgica-Brasil
O estudante Stijn Le Page, da Internationale Lutherie School Antwerpen (Ilsa), na Bélgica, gostaria de ter uma experiência intercultural. “Viver em uma cultura diferente, conhecer um ambiente novo e viver com uma família anfitriã, para criar um caminho para o meu crescimento”, conta Stijn.
Ele não tinha certeza se poderia conciliar esse sonho com a luteria, e perguntou a seus professores se eles conheciam algum curso de luteria fora da Europa. Um de seus professores conhecia o curso da UFPR, já que o professor Corrêa de Freitas já tinha feito contato com a Escola, em função de uma série de visitas que fez a cursos de Luteria da Europa em 2011.
Stijn entrou em contato com a UFPR, e a partir daí, a coordenação do curso e o aluno começaram a ver a possibilidade de intercâmbio. A Ilsa é equivalente a uma escola técnica brasileira, não é de ensino superior, o que impossibilitou a assinatura de um termo de cooperação entre as duas instituições.
Então, em consulta a Prograd (Pró-Reitoria de Graduação e Educação Profissional), o professor Corrêa de Freitas soube que é possível que um estudante estrangeiro curse disciplinas isoladas na Universidade, desde que preencha algumas condições. Assim, após algumas dificuldades com documentação, o estudante conseguiu vir para Curitiba, e está realizando o sonho de estudar Luteria e viver no Brasil. Ele ficará um semestre e cursará três disciplinas.
“Eu vim com a mente aberta para aprender as diferenças. Como as coisas são feitas no Brasil, técnicas diferentes, interação social, instrumentos brasileiros. O que eu aprender aqui, levarei comigo para o resto da vida, e poderei contar sobre elas em minha escola, e talvez levar a mudanças lá”, afirma Stijn.
As primeiras impressões do belga em relação ao curso foram boas. “O curso existe há poucos anos, mas eles trabalham ativamente para melhorá-lo e fazê-lo crescer. Nota-se a motivação dos professores e estudantes”, observa Stijn.
Pioneirismo
O professor Thiago Corrêa de Freitas conta que no início do curso, que foi aberto em 2009, era preciso explicar às pessoas o que era luteria. Hoje, o conhecimento e o interesse pelo curso aumentaram.
Durante a Feira de Cursos e Profissões da UFPR, que aconteceu entre 20 e 23 de agosto, muitos estudantes interessados visitaram o estande do curso. “Muita gente vem pela curiosidade, ao ver os instrumentos, mas muitos vêm direcionados, querendo saber mais sobre o curso porque pesquisaram”, conta Fernando Schubert, aluno de Luteria que estava no estande do curso durante a Feira.
O curso tem atraído também estudantes de outros estados do Brasil, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Ceará e Amazonas, que pretendem voltar aos seus estados após se formarem, para atender a demanda por bons profissionais, que é alta.
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