A obra da socióloga integra leitura obrigatória do vestibular 2025; evento reuniu pesquisadoras de todo o Brasil
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizou neste fim de semana, em parceria com a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), o V seminário “Pretas Acadêmicas”, voltado às relações étnico-raciais no ensino superior.
O seminário aconteceu no campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no centro de Curitiba, e reuniu debates em 18 sessões temáticas, com pautas como letramento racial, interseccionalidade, educação antirracista, migração e políticas afirmativas.
Durante o encontro, Cida Bento, psicóloga e ativista, foi responsável pela palestra de abertura do seminário, realizada na sexta-feira (11), com o tema “A Branquitude no Brasil”. Autora com trajetória marcada na discussão sobre relações raciais, sua obra agora integra a bibliografia do vestibular da UFPR 2025 na área de Sociologia. Cida falou sobre a responsabilidade das instituições de ensino superior na promoção da diversidade. “O Seminário Pretas Acadêmicas lembra à universidade que o Brasil é um país plural, que tem a sua diversidade, que tem uma presença negra majoritária. E para haver democracia, todos os segmentos sociais devem estar representados em todas as instâncias: mulheres, pessoas negras, pessoas indígenas, quilombolas, transexuais, pessoas com deficiência”, afirmou.
A autora também comentou sobre o impacto de sua obra na formação dos estudantes. “Ajuda os estudantes a pensarem, para que eles, quando tomarem as suas decisões futuras, sempre pensem que esse país é um país diverso. E que uma única perspectiva não funciona, porque é autoritária.”
A desigualdade ainda persiste em cargos de liderança
A pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFPR, Romilda Aparecida da Silva, destacou que o seminário é parte do esforço para consolidar uma comunidade acadêmica mais inclusiva. “Fortalecer não só as políticas, mas também essa comunidade acadêmica que existe dentro da universidade.” Ela apresentou dados sobre a presença de mulheres negras no ensino superior, que passou de 28% em 2006 para 38% em 2020. Apesar disso, alertou para a baixa presença em posições estratégicas. “Embora esteja crescendo o número de mulheres pretas na universidade, nós ainda precisamos ter um alcance maior, principalmente nesses lugares.”
A coordenadora do evento, Silvia Lima, explicou que o seminário tem como objetivo criar redes de apoio e produção intelectual entre mulheres negras. “É importante a gente ter esse espaço onde as mulheres negras possam ser protagonistas desse saber acadêmico. E fazer essa troca, escrever trabalhos, sessões temáticas de diferentes temas que abordam a questão das relações étnico-raciais no Brasil é importante para fortalecer esse conhecimento dessa mulher negra que está dentro da academia e que muitas vezes não encontra um espaço de onde colocar o seu conhecimento.”
Nesta edição, foi lançado um e-book com resumos e artigos apresentados nas sessões. “É muito importante esse trabalho de divulgação científica dessas temáticas que estamos discutindo dentro do seminário e que vão se perpetuar dentro dessa produção literária, que são esses cadernos de resumos”, completou Silvia, explicando que o evento nasceu da inquietação de pessoas que buscavam ampliar o espaço para mulheres negras na universidade.
Proposta surgiu da ausência de eventos voltados à mulher negra na academia
A deputada Carol Dartora, idealizadora do seminário, contou que a proposta surgiu da ausência de um evento dedicado à presença negra feminina na academia. “Propus o nome ‘pretas’ pelo óbvio: sou uma mulher preta e sou impactada pelos apagamentos e silenciamentos que as mulheres negras sofrem na sociedade, algo que se torna ainda mais pesado no universo da pesquisa científica e na universidade.”
Ela destacou a importância de dar visibilidade a intelectuais negras como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Cida Bento, além de alertar para os efeitos do colorismo. “A escolha do termo ‘pretas’ é crucial por conta da invisibilidade que o colorismo acarreta.”
Em um depoimento emocionante, Carla Akotirene, uma das participantes do evento, refletiu sobre o papel da universidade na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. “Eu acho que a gente está na universidade para de fato cumprir o que a gente deveria ter sido, que é ter uma educação de qualidade para todos e ter acesso. E a gente tem que trazer os temas que são importantes pra sociedade, não só na teoria, como na prática,” disse Akotirene. Ela também ressaltou a emoção do evento: “Eu fico muito feliz. É emocionante porque em 2020 a gente começou a fazer as pesquisas, o projeto, e a gente não sabia que ia ser dessa forma que iria repercutir, e que ia ser tão grande, tão presencial, com um coletivo enorme de pessoas querendo discutir temas antirracistas, temasque trazem um pouco desse bem-viver”, finalizou.
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