Integração de dados do Sistema Único de Saúde (SUS) pode trazer benefícios, mas precisa assegurar o direito à privacidade dos usuários e a soberania nacional. Daixuosin/Getty Images

Ciência UFPR: Quem controla os dados da saúde? Estudo discute a digitalização no SUS

04 novembro, 2025
18:08
Por Livia Inacio
Ciência e Tecnologia

Trabalho de iniciação científica do Departamento de Geografia da UFPR avalia os riscos de hospedar informações do Sistema Único de Saúde (SUS) em bancos de big techs estrangeiras

E se as principais informações sobre a sua saúde fossem reunidas e integradas em um grande banco nacional para facilitar diagnósticos e tratamentos? Essa ideia já está em andamento no Sistema Único de Saúde (SUS), mas, a depender de como é implementada, pode comprometer o direito à privacidade dos cidadãos e a soberania digital brasileira. Isso é o que diz um estudo realizado no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem buscado entender as armadilhas envoltas nessa teia.

O trabalho foi apresentado na 16ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPR (Siepe) pelo discente de graduação João Pedro Bueno Ghizelini, orientado pela professora Carolina Batista Israel, que é autora do livro Redes Digitais, Espaços de Poder, Por uma Geografia da Internet (2021).

A transformação digital do sistema público de saúde no Brasil vem avançando em sintonia com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo como marco o lançamento de uma portaria em 2020 que instituiu a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), repositório com informações de operadoras, laboratórios, farmácias e aplicativos usados pelos cidadãos.

O documento também previu a criação do Conecte SUS, plataforma integrada à rede que permite ao usuário acessar registros de vacinas, exames e atendimentos. Em 2024, surgiu o Meu SUS Digital, versão aprimorada do Conecte SUS. Paralelamente às iniciativas federais, nasceram soluções locais, como o Saúde Já Curitiba, desenvolvido pela prefeitura da capital paranaense, que integra dados municipais ao ecossistema da RNDS.

A grande promessa desses projetos é otimizar e personalizar serviços de saúde, mas, dependendo de como são construídos, podem colocar dados nacionais em risco. A começar pelo espaço onde as informações da RNDS são armazenadas. Sua infraestrutura foi inicialmente alocada nos servidores da Amazon Web Services (AWS), sediada nos Estados Unidos, expondo informações sensíveis a empresas estrangeiras.

Para evitar problemas assim, especialistas propuseram que a hospedagem da RNDS fosse feita inteiramente em uma companhia do Governo Federal, a Empresa Nacional de Inteligência em Governo Digital e Tecnologia da Informação(Serpro), o que não se concretizou. Em vez disso, foi implementado o chamado Serpro MultiCloud, infraestrutura combinada com serviços de grandes empresas de tecnologia estrangeiras como a AWS. Portanto, parte dos dados continua hospedada fora do país e nas mãos de companhias internacionais, mesmo com supervisão nacional, explicam os pesquisadores.

Leia a matéria completa no site da Ciência UFPR
Leia mais notícias da revista Ciência UFPR

Conheça e siga os canais da Ciência UFPR

Sugestões

04 novembro, 2025

Evento reúne projetos e trabalhos de pesquisa de estudantes da escola até a graduação de todo o Paraná  […]

04 novembro, 2025

O projeto de extensão “Educação Ambiental: um caminho para a sustentabilidade – Parte 2”, vinculado à Pró-Reitoria de […]

04 novembro, 2025

O Programa de Formação em Matemática Olímpica (Poti/Topmat) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) encerrou, no último sábado […]

03 novembro, 2025

Depois de seis meses fechado para reforma, o Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal do Paraná (MCN-UFPR) […]