Claudemira Gusmão em frente à Proafe, no Prédio Histórico da UFPR. Foto: Leo Bettinelli/Sucom/UFPR

Ciência UFPR: Divulgação científica e diversidade acadêmica na trajetória de Claudemira Lopes

24 julho, 2025
11:17
Por Camille Bropp
Ciência e Tecnologia

Vinda de 20 anos na educação pública, a professora da Licenciatura em Educação no Campo da UFPR fala sobre a representatividade da mulher negra acadêmica, uma história que ilustra o Julho das Pretas

Da época de estudante Claudemira Lopes tem duas recordações importantes. Uma são as feiras escolares de ciências, que reuniam crianças da periferia do Rio de Janeiro em torno desse tema. Com cartazes de cartolina, experimentos simples e explicações de colegas só um pouco mais velhos, essas feiras que ocupavam o ginásio de esportes de um colégio público de Nova Iguaçu abriram horizontes para a hoje docente. Criaram uma paixão por ciência e educação

A outra lembrança é a única professora negra que lecionou para Claudemira, nas séries iniciais de uma pequena escola pública. “Essa professora me inspirou porque dava aulas durante o dia e fazia faculdade à noite”, recorda-se. Para uma menina negra de oito anos, responsável por cuidar dos irmãos menores no tempo fora da escola, a dupla (tripla?) jornada da professora pelos estudos dava esperança de que para ela também poderia ser possível fazer da produção de conhecimento uma profissão.

“Além disso, ao mesmo tempo que gostava muito de estudar, tinha que desenvolver estratégias na escola para sobreviver ao racismo que sofria de colegas e das professoras brancas. Minha estratégia era tirar notas altas e ficar invisível na sala, quase não conversava, ficava no meu canto”, conta.

Esses pedaços de história se entrelaçam no itinerário profissional de Claudemira. Hoje docente da Licenciatura em Educação do Campo (Lecampo), na UFPR Litoral, sua tarefa na graduação é formar professores para comunidades tradicionais, como quilombolas e indígenas. O compromisso que isso exige é bem conhecido da docente, que lecionou 20 anos na educação básica antes de ingressar na UFPR.

Ao mesmo tempo, mantém o espírito das feiras de ciência nas ações de divulgação científica — no projeto de extensão “A genética tem cor?”, da qual é coordenadora. Inspirar meninas negras continua uma meta, desenvolvida em extensão e em pesquisa, por meio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UFPR.

Histórias como a de Claudemira também são as que servem de base para que o Julho das Pretas dê também a visibilidade da mulher negra acadêmica. É assim que essa campanha, que busca incentivar o empoderamento no mês do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho, chega às universidades destacando exemplos históricos e atuais de mulheres negras intelectuais e pesquisadoras.

Na entrevista à Ciência UFPR, Claudemira lembra histórias da sua trajetória, mas também fala sobre iniciação científica na educação básica, formação de professores, busca da ancestralidade africana nos estudos genéticos, cuidados na divulgação científica sobre genética e racismo científico.

Leia a entrevista completa no site da Ciência UFPR

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