A bióloga do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná, Camila Domit, está em Roma, na Itália, para participar de uma ação da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – durante essa semana. Camila foi convidada para representar a América Latina e contribuir para a elaboração de um guia mundial de avaliação e mitigação de capturas acidentais de mamíferos marinhos nas diferentes pescarias. A proposta é validar medidas mitigadoras para redução de impactos a espécies ameaçadas e fortalecer as pescarias para que sejam sustentáveis.
Diversos especialistas estão presentes para discutir as capturas acidentais de golfinhos e baleias em redes de pesca que, mesmo sem intenção, levam a morte de milhares de animais e tornam-se uma das principais ameaças a diversas espécies de golfinhos ao redor de todo o mundo. “Vou apresentar a experiência da UFPR , de pesquisadores da costa brasileira e de outros países da América Latina voltadas para a redução da captura. Também iremos dialogar sobre os atores envolvidos nas pescarias para que questões sociais, econômicas e culturais sejam preservadas”, explica Camila.
A iniciativa da FAO se fortaleceu após a declaração dos Estados Unidos e de alguns países europeus de que, a partir do próximo ano, não comprarão pescados provenientes de países sem plano de monitoramento pesqueiro e de mitigações reais para a redução da captura de golfinhos e baleias.
O guia será utilizado pelos países que acatam as recomendações da ONU. De acordo com a bióloga da UFPR, a expectativa dos debates em Roma é a construção de um guia efetivo no processo de conservação das espécies e nas recomendações, abordando as diferenças que envolvem a pesca em pequena escala (artesanal).
“Essas pescarias, comuns no litoral brasileiro, têm vulnerabilidade social e questões culturais associadas. Os trabalhos precisam ser mais amplos e profundos que simplesmente a proibição de tais pescas”, avalia. “É muito importante também que os consumidores busquem fortalecer as cadeias produtivas sustentáveis, reduzindo a captura de espécies ameaçadas de extinção, que é o caso dos golfinhos , mas também de baleias, arraias, tubarões e várias outras”.