Bicentenário da América Latina é apresentado em 200 imagens

Com a proposta de apresentar o bicentenário da América Latina em 200 imagens, o professor chileno Miguel Rojas Mix fez a palestra de abertura do III Seminário Internacional Cultura, Imaginário e Memória da América Latina, nesta quarta-feira pela manhã. O evento, promovido pelo Centro de Estudos Cultura e Imaginário da América Latina da Universidade Federal do Paraná, continua até o dia 12 de novembro com objetivo de discutir o tema sob os mais diversos ângulos.

Rojas, que tem Cátedra da Unesco, recebeu na noite de terça-feira, dia 9, o título de Doutor Honoris Causa da UFPR, pelo reconhecimento a sua extensa produção na área de estudos culturais, com ênfase na temática da América Latina, os processos de integração e colonização, assim como sua contribuição na produção contemporânea sobre imagens e imaginários políticos, culturais e universitários. O título de doutor Honoris Causa é atribuído pelo Conselho Universitário da UFPR a personalidades que tenham contribuído para o progresso da Universidade, da região ou do País, ou que tenham se distinguido pela atuação em favor das ciências, das letras ou da cultura geral. Desde 2004, o professor Rojas presta assessoria acadêmica em sociologia ao grupo de Estudos Imagem e Conhecimento da UFPR e ao conjunto de professores que compõem aquele centro.

CULTURA DA IMAGEM

Em sua palestra, Rojas destacou a necessidade de integração das universidades com o saber atual, baseado na cultura da imagem. ‘Estamos vivendo uma revolução epistemológica, passando de uma cultura alfabética para uma cultura visual. Cada vez nos comunicamos mais através de imagens. Isso implica num sistema de processamento do saber diferente e é necessária uma decodificação desse saber’, observou ele.

Rojas lembrou que a imagem permite uma informação rápida e multidimensional. A Internet criou uma geração que está chegando à universidade neste momento, com hábitos de informação diferentes das gerações anteriores. São jovens que não se informam pelo conhecimento linear, mas sim em mosaico. Por isso, disse ele, é necessário que a academia assuma a realidade desse conhecimento e desenvolva o estudo e a pesquisa sobre essa linguagem.

MULHERES NO PODER

Apresentando diversas imagens que representam as realidades sociais ao longo dos 200 anos da América Latina, ele mostrou como as representações da arte colonial espanhola e portuguesa, com suas imagens de santos, é completamente diferente da arte colonial norte-americana, na qual não aparecem imagens religiosas. ‘É possível perceber claramente dois modelos sociais diferentes’, observou Rojas. Como imagem que define o momento atual da América Latina, o professor apresentou as diversas mulheres eleitas presidentes na última década. ‘As mulheres, em contraponto com as imagens coloniais, nas quais aparecem todas cobertas, hoje figuram no poder. O século 21 será delas’, completou.

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