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Alternativa aos testes com animais, métodos in vitro são usados para análise de dano genético por substâncias tóxicas

Desenvolver opções aos testes com animais e analisar o dano genético dos organismos em contato com substâncias tóxicas. Estes são os objetivos das pesquisas realizadas pela professora Daniela Morais Leme, do Departamento de Genética da UFPR.

A Toxicologia Genética avalia produtos ou poluentes que podem causar alterações no DNA em animais e humanos. “Todos os produtos que são inseridos no mercado se submetem a várias análises de efeitos tóxicos. Um deles é a de danos genéticos”, explica a docente.

Para fazer esta análise, ela lança mão de alguns métodos in vitro, como o que consiste em mimetizar órgãos do corpo humano a partir de células. É possível construir a pele humana em laboratório com as mesmas características que a normal, a partir de células isoladas provenientes de cirurgias plásticas ou de fimose.

Daniela explica que o processo para construção da pele humana reconstituída (pele equivalente) dura em média 45 dias. “As células são cultivadas em laboratório e construídas em partes, como a pele humana. Depois de um tempo de incubação, são formadas a derme e epiderme equivalentes pela reorganização das células de cada uma destas camadas”.

Um dos aspectos interessantes deste cultivo é que a nutrição das células é feita num processo similar à pele normal, de baixo para cima, na chamada interface ar-líquido. “Isto é necessário para que a pele produzida tenha também a alimentação feita de forma semelhante à nossa, deixando a parte superior em contato com o ar, simulando o ambiente e mantendo as características da camada epidérmica”, explica Daniela.

Ao fim deste processo, a pele já está pronta para entrar em contato com as substâncias, com o objetivo de verificar possíveis danos genéticos. Um exemplo de aplicação é o trabalho realizado pela pesquisadora para analisar o dano em células da pele expostas a corantes usados no tingimento de roupas de algodão. Os danos comprovados por esta linha de pesquisa motivaram a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a regulamentar o uso e a comercialização destes corantes. Além disso, testes como estes também são necessários para viabilizar a comercialização de cosméticos. “Muitas empresas já fazem estes testes visando atender a normas internacionais e possibilitar a exportação da produção”.

Daniela ressalta que o modelo in vitro é alternativo e não substitui o uso de animais. Isto ocorre somente quando ambos os métodos têm resultados comprovadamente semelhantes. Como incentivo ao uso alternativo, a Anvisa regulamentou diversos métodos de análise experimental sem animais, os quais as indústrias terão de adotar em até cinco anos.

Professora da UFPR desde o ano passado, Daniela pretende prosseguir as pesquisas in vitro com peles no Departamento de Genética em breve. No Brasil, são apenas cinco centros de pesquisa que já contam com esta técnica, além de laboratórios de empresas privadas. A pesquisadora explica que, no exterior, estes tecidos reconstituídos são fabricados e comercializados. Porém, as barreiras de importação reforçam a necessidade da produção nacional. “Essa vertente estimula a parceria universidade-empresa. É uma demanda com muito potencial”.

Além do trabalho com peles equivalentes, Daniela e a equipe do Laboratório de Citogenética Animal e Mutagênese Ambiental desenvolvem modelos de gônadas de peixes a partir de células de animais já utilizados, e também com células de Allium cepa, a nossa tradicional cebola. Daniela explica que os resultados do contato de Allium cepa com contaminantes são, em cerca de 80%, equivalentes em mamíferos.

Por Aspec Bio – Assessoria a Projetos Educacionais e de Comunicação / Setor de Ciências Biológicas

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