Qual a visão que os paranaenses têm sobre ciência e tecnologia? Este foi o tema da Pesquisa de Percepção Pública de CT&I no Paraná (PPC&TI), iniciativa do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação – NAPI Paraná Faz Ciência. Entre os principais resultados, o estudo revelou que os cientistas de universidades ou institutos públicos de pesquisa são a fonte de maior confiança para a população do estado.
Foram ouvidas 2.684 pessoas acima de 16 anos, em 88 municípios, distribuídos pelas dez mesorregiões paranaenses. O objetivo era avaliar como os cidadãos consomem, compreendem e se relacionam com temas ligados à ciência e tecnologia.
As pesquisas de percepção pública são indicadores muito utilizados no Brasil e em outros países. O questionário foi construído de forma colaborativa pela equipe técnica e validado por pré-teste. O índice de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro de aproximadamente 2%.
Uma pesquisa nos mesmos moldes é realizada nacionalmente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em conjunto com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). A consulta conta com um índice de confiança, calculado para entender quais são os representantes da sociedade que possuem maior credibilidade e que varia de 1 (total confiança) a -1 (nenhuma confiança).
A PPC&TI mostrou que, no Paraná, as fontes de maior credibilidade são os cientistas das universidades e institutos públicos de pesquisa, com índice de 0.93, ou seja, muito próximo ao índice máximo. O número superou a categoria dos médicos, que ficou com índice de 0.89. O resultado contrasta com o levantamento nacional, em que os médicos costumam ficar sempre na liderança como primeiro lugar de nível de confiança, com os cientistas em segundo.
Para Rodrigo Reis, docente da UFPR e um dos articuladores do NAPI, o número mostra a seriedade do trabalho das universidades públicas.
“Esse é um dado para nós muito relevante e importante, porque a gente tem uma confiança nos pesquisadores das universidades públicas no Paraná maior até do que a gente tem na média nacional”.
O professor também destaca que o resultado traz uma responsabilidade maior para a UFPR e as outras instituições públicas no diálogo que os pesquisadores têm com a sociedade.
“Isso traz, primeiro, uma felicidade de a gente ter esse nível de confiança por parte da população, mas também uma responsabilidade muito grande de saber que aquilo que a gente fala, a população considera”, afirma. “Então temos que ter muita seriedade, um rigor científico e uma inserção social muito forte para a informação que sai da nossa universidade”.
As 45 questões originais geraram 177 variáveis, resultando em 475 mil células de dados. Os principais dados foram divulgados nesta terça-feira (30), durante o evento Paraná Faz Ciência 2025, que ocorre em Guarapuava até 3 de outubro. Com o banco de dados robusto, nos próximos meses o NAPI deve trabalhar em fazer cruzamentos entre os indicadores, gerando análises mais profundas sobre a relação dos paranaenses com a ciência.
A consulta popular nasceu a partir de um projeto da professora Tamara Domiciano, que integra o pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR). De acordo com a pesquisadora, a ideia da pesquisa surgiu para subsidiar as políticas e ações de divulgação científica realizadas no Paraná.
“Desde 2019, percebemos um investimento na área de produção de conhecimento científico e tecnológico no estado, por conta das políticas que têm sido implementadas, como o Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação”, conta. “Com essas políticas e articulada com as ações que nós desenvolvemos no NAPI, de popularização da ciência, percebemos a necessidade da criação de indicadores para a avaliação da efetividade dessa política pública, para entender como que tudo o que estamos fazendo com os recursos públicos tem gerado impactos na sociedade”.
Uma empresa contratada realizou as entrevistas com a população. As coletas foram realizadas no mês de junho, nos finais de semana e feriados. Outros resultados encontrados foram:
Tamara explica que os resultados vão gerar índices e indicadores que auxiliarão na avaliação e monitoramento de políticas públicas já existentes e na construção de políticas novas.
“A gente consegue com esses dados, por exemplo, tentar entender quais foram as principais barreiras de acesso a museus de ciência e tecnologia, e tentar preencher essa lacuna, seja com maior investimento na construção de espaços museais, seja em ações de comunicação desses espaços, ampliação de horário, etc.”, explica.
Além de Tamara e do professor Rodrigo Reis, o estudo tem como autores Débora Sant’ Ana, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e articuladora do NAPI Paraná Faz Ciência; o professor Emerson Joucoski e os graduandos Vitor Yuji Kiemo e Taissa Carolina Silva dos Santos, os três da UFPR. A empresa contratada para a realização das entrevistas foi a QCP- Quanta Consultoria, Projetos e Editora Ltda.
O Resumo Executivo da Pesquisa de Percepção Pública de CT&I no Paraná, com os principais resultados, está disponível no link.
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