Oficinas unem ciência e saberes populares na Jornada de Agroecologia da UFPR
Projetos da UFPR reforçam papel da extensão universitária no evento
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) sedia até o dia 10 de agosto mais uma edição da Jornada de Agroecologia em Curitiba, no campus Centro Politécnico. O evento inclui seminários, oficinas, conferências e atrações culturais, com entrada gratuita.
A UFPR participa ativamente da programação, por meio de projetos e programas. Com foco na extensão universitária, oficinas apresentam temas ligados à alimentação, saúde, paisagismo e cultura digital. O objetivo é trocar experiências e aliar a ciência produzida na universidade com o saber popular e com os conhecimentos de produtores agroecológicos e orgânicos.
A programação variada anima o público presente. Ana Souza, estudante, esteve na Jornada nesta quinta-feira (7) e queria participar das oficinas ligadas ao cultivo de hortaliças.
“Me interesso pelo tema da agroecologia e gosto de plantar pequenas hortas em casa, mesmo morando em apartamento. Então acho que participar dessas oficinas vai ser bem proveitoso”, disse.
Já Carlos Pereira é consumidor de produtos orgânicos e ficou interessado nas oficinas e seminários sobre alimentação.
“Participei de outras edições da Jornada de Agroecologia e sempre saio daqui com um pouco mais de conhecimento sobre alimentação saudável”, afirmou.
A Jornada começou na quarta-feira (6) e segue até domingo (10). O evento também conta com as tradicionais Feira da Agrobiodiversidade e a Culinária da Terra, que trazem uma variedade de gastronomia e artesanato agroecológicos.
Conheça os projetos da universidade envolvidos na Jornada de Agroecologia:
Multicultivos na UFPR
Você sabia que a UFPR possui sua própria agrofloresta urbana? Ela está localizada no campus Jardim Botânico e é mantida pelo programa de extensão Agroecologia em Movimento, que conta com os projetos “Horto Agroflorestal Sabores e Saberes” e “Sistemas Agroflorestais e Sustentabilidade”.
A professora Rozimeiry Gaspar, que coordena o programa, ministrou na Jornada de Agroecologia a oficina “Agrofloresta Urbana da UFPR: local de multicultivos”. A proposta foi apresentar à comunidade o espaço da agrofloresta e mostrar que também é possível produzir alimento nos ambientes urbanos.
Para a docente, a oficina e outros projetos da UFPR presentes na Jornada de Agroecologia são uma forma não apenas de mostrar a ciência produzida na universidade, mas também de trocar experiências com os produtores e com a comunidade.
“Quando pensamos em agroecologia e ecologia, não tem como dissociar: tem que ter o conhecimento científico aliado aos saberes ancestrais”, afirmou. “A Universidade Federal do Paraná participar e sediar esse evento é uma honra para nós, professores, pesquisadores, estudantes, para ter relação mais próxima com o campo, com a comunidade, com os povos tradicionais. É uma horizontalização do conhecimento e valorização de todos”.
Alimentação e afetividade
Outro projeto da UFPR presente na Jornada de Agroecologia é o Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPI) Alimento e Território, da UFPR Litoral com apoio da Fundação Araucária. Na oficina “Conectando Alimentos e Territórios: sabores que contam histórias”, moradores de comunidades do Litoral do Paraná foram até a Jornada para falar sobre a cultura alimentar tradicional, para compreender a história e as relações identitárias de tudo que é produzido nestes locais.
A oficina faz parte do trabalho do NAPI Alimento e Território, que em conjunto com cozinhas e agroindústrias comunitárias busca promover a valorização dos alimentos produzidos nas comunidades litorâneas. Uma das frentes de atuação é atender uma demanda de agroindustrialização dos produtos. De acordo com Jéssica Croda, engenheira agroflorestal e integrante do NAPI, o projeto busca fortalecer a comercialização sem deixar de lado a história e relações de afeto destes alimentos.
“As famílias das comunidades nos recebem nas cozinhas, que é um lugar afetivo. Comer um bolo de fubá na folha de bananeira com a agricultora contando a história, é muito especial e afetuoso. Uma identidade que a gente precisa também valorizar. E uma forma de impulsionar isso cada vez mais é com essa geração de renda”, explicou.
Sustentabilidade e economia solidária digital
O Laboratório de Cultura Digital (LabCD), iniciativa da UFPR com o Ministério da Cultura, teve duas oficinas na programação da Jornada de Agroecologia voltadas para agentes culturais.
No encontro “Projetos Culturais Sustentáveis”, que ocorreu na quinta-feira (7), o tema foi sustentabilidade pelos pontos de vista ambiental, social e econômico. Ao final da oficina, os integrantes do LabCD apresentaram um plano de sustentabilidade para que os agentes culturais pudessem agregar em seus próprios projetos.
Já na oficina “Economia Solidária Digital”, que ocorrerá neste sábado (9) às 17h, o público vai saber mais sobre como questões da economia solidária, como autogestão, distribuição de renda, pluralidade e geração de trabalho podem ser adaptados ao ambiente digital.
“Esse ambiente da Jornada de Agroecologia é muito importante para o fortalecimento da extensão universitária”, afirma Vinicius Costa, servidor técnico da UFPR e membro do LabCD. “Esses projetos viemos desenvolvendo já há algum tempo e fazendo parcerias. Além das oficinas, vamos participar de um seminário onde traremos agentes da cultura para falar sobre saúde, territorialidade e como que de fato conseguimos impactar nos territórios”.
O seminário “Agentes territoriais em políticas públicas: desafios e perspectivas” está marcado para sábado (9), das 13h às 18h.
Paisagismo no Centro Politécnico
Também neste sábado, às 14h, a Jornada de Agroecologia terá a oficina “Canteiros Biodiversos: Paisagismo Agroecológico por Nucleação”. Promovida pelo projeto de extensão Campus N’Ativa, o objetivo é colocar a mão na terra para trazer paisagens agroecológicas para o Setor de Ciências Biológicas.
Os participantes vão poder plantar árvores e plantas e ainda obter conhecimentos sobre como organizar um canteiro. Segundo Victor Kshesek, bolsista à frente do projeto, o objetivo é fazer uma prática baseada no funcionamento natural do ecossistema.
“Quando a gente vai plantar alguma coisa, tem que cuidar para que esse material não vá lá para debaixo da terra, por exemplo. Existem muitas práticas que a gente faz para reproduzir os sistemas naturais. E um dos nossos objetivos também é mostrar para o pessoal da oficina como trabalhar mesmo, como você proceder para fazer”.
A programação completa da Jornada de Agroecologia está disponível no site oficial do evento.