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Momento é de repensar práticas, dizem pesquisadoras em debate da Marcha Virtual pela Ciência

07 maio, 2020
12:38
Por
Extensão e Cultura

Repensar práticas da ciência, trabalhar em redes e se aproximar da sociedade. Estes foram alguns dos desafios listados pelas  professoras Maria Tarcisa Bega, do departamento de Sociologia, e Lucimara Stolz Roman, do departamento de Física, que participaram, nesta quinta-feira, de um debate ao vivo mediado pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Francisco Mendonça. O tema “A ciência em tempos de crise” foi apresentado no canal da UFPR TV para uma audiência de mais de 400 pessoas, como pesquisadores de universidades públicas do Norte, Nordeste e Sudeste. O evento faz parte da Marcha Virtual pela Ciência, organizada pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência.

Debate foi transmitido pela UFPR TV

As pesquisadoras expuseram seus pontos de vista a respeito do papel da ciência em um momento de restrição de recursos orçamentários e da grande crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Bega lembrou que é preciso discutir a privatização do conhecimento da ciência básica. “Uma das primeiras crises é essa: discutir a quem pertence o conhecimento e em que medida a ciência tem o poder de fazer com que as pessoas e o mundo consigam ter uma vida mais equatitativa”.

As desigualdades fizeram parte do debate, também no que diz respeito ao acesso ao conhecimento e a forma como a universidade compartilha suas descobertas e seu fazer à população. De acordo com Roman, os cientistas não estão conseguindo dialogar com a população sobre como o conhecimento é produzido. “Esse acesso à metodologia científica deveria ocorrer desde o ensino fundamental e básico. O entendimento sobre o que é ciência não conseguiu sair da universidade e das pessoas que trabalham nesse universo”, pontuou.

A professora sugeriu alguns possíveis caminhos para a crise, que passam por aprender a trabalhar em redes colaborativas, pensando em novas formas de financiamentos, em arranjos diferenciados e em minimizar a distância  da sociedade. “A pandemia traz uma necessidade de reavaliação”, comentou.  “Nessa pós pandemia, vamos traçar um caminho diferente, em que cada pesquisador olhe onde pode atuar e como fazer isso em conjunto”.

A crise ainda foi analisada sob o ângulo do modelo neoliberal. Segundo Bega, há uma crise nas relacões entre as pessoas, provocadas pela forma como a riqueza é distribuída. O retorno do neoliberalismo e de regimes que podem ser considerados “proto-fascistas” acabam refletindo também nessa esfera. “A pandemia pode ser vista como uma grande viseira agora, porque os movimentos do capital estão acontecendo”, disse. O padrão eurocêntrico da produção do conhecimento, centrado em homens brancos também foi criticado. “A solução está acontecendo no mundo das mulheres, da periferia, da margem. Que isso nos ajude a refletir sobre como estes outros conhecimentos e estratégias das margens podem nos auxiliar a enfrentar o problema”.

Para Mendonça, que atuou como mediador, a ciência não é capaz de oferecer uma receita sobre o que vai ocorrer após a pandemia, mas é importante o exercício de por em evidência as diferentes e percepções. Segundo ele, o papel dos cientistas, intelectuais e da universidade, nesse momento, é “se colocar em face dessa grande crise para tentar encontrar saídas possíveis”.

Saiba mais sobre a UFPR na Marcha Virtual pela Ciência

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