Todos os anos, no inverno, grupos de uma espécie de pinguim originária da Patagônia e das Ilhas Malvinas, regiões ao extremo sul da América do Sul, viajam milhares de quilômetros em busca de alimento. No trajeto, os pinguins-de-Magalhães enfrentam diversas ameaças e, muitas vezes, chegam à costa brasileira machucados ou debilitados. Na manhã desta segunda-feira (16), oito destes pinguins foram devolvidos à natureza na praia de Pontal do Sul, litoral do Paraná.
Encontrados por biólogos e veterinários do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre maio e outubro deste ano, os animais passaram por um período de tratamento intensivo envolvendo exames laboratoriais, fisioterapia, terapias medicamentosas e processos cirúrgicos até estarem aptos para o retorno ao mar.
Pinguins-de-Magalhães no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos. Foto: Marcos Solivan
A bióloga Liana Rosa, gerente do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), conta que quando a equipe encontra animais que não têm condições de ficar no ambiente natural, o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CRD) acolhe, trata e, posteriormente, testa se eles possuem as habilidades necessárias para serem devolvidos à natureza.
Durante o tratamento, a equipe realizou avaliações locomotoras em chão cimentado liso e em seixos rolados; e de submersão em água individual e em grupo. A frequência da oferta de alimento também foi ajustada para minimizar o estresse do manejo associado ao controle da massa corporal individual, minimizando patologias por imunossupressão. Os pinguins, que chegaram ao litoral paranaense pesando aproximadamente um a dois quilos, ganharam cerca de dois quilos após a reabilitação. Todos receberam microchips para identificação.
Nesta temporada, a equipe recebeu 14 pinguins vivos, alguns chegaram há seis meses e outros há dois. Destes, oito sobreviveram e se reabilitaram completamente. O grupo é composto por sete animais em idade juvenil e um adulto. “Como são pinguins que estão iniciando a fase adulta, certamente, o destino deles será Patagônia e Ilhas Malvinas, suas áreas de reprodução”, explica Liana.
Para a bióloga, o processo realizado com esses animais gera muito aprendizado. “Percebemos quais são os impactos que as atividades humanas geram nestas populações. Aprendemos muito também no processo de recuperação, pois cuidamos de espécies silvestres que, em muitos casos, estão extremamente ameaçadas de extinção ou correm sério risco de desaparecer em pouco tempo. Por isso, conseguir devolvê-los para a natureza é gratificante. Estamos muito felizes”.
A soltura dos pinguins, conhecidos pela plumagem preta nas costas e nas asas e branca no ventre e no pescoço, foi emocionante não só para a equipe que participou da reabilitação, mas também para a população local e para os turistas que foram em grande número acompanhar o retorno dos animais ao mar.
“Eu acho que os pinguins em cativeiro só conseguem viver metade do tempo que viveriam em ambiente natural, por isso é importante devolvê-los à natureza”, enfatizou o garoto Bento Perlim, de nove anos, que assistia entusiasmado às aves nadando em grupo rumo a alto-mar.
Os projetos desenvolvidos no Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR atendem e reabilitam, além de pinguins, outras aves, mamíferos e tartarugas marinhas. Os profissionais orientam aqueles que encontrarem animais debilitados ou mortos no litoral paranaense a entrarem em contato com a equipe pelo telefone 0800 642 3341, para que seja possível o resgate.
Confira o momento da soltura dos pinguins:
Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS)
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos é desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Com o objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, o projeto realiza o monitoramento das praias, atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O projeto é realizado desde Laguna, em Santa Catarina, até Saquarema, no Rio de Janeiro, sendo dividido em 15 trechos. O Centro de Estudos do Mar monitora o Trecho 6, compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.
Desde 2008, o Laboratório de Ecologia e Conservação do CEM executa e apoia as ações estaduais e nacionais de proteção à fauna, contribuindo com o conhecimento sobre os animais marinhos do litoral, com medidas de proteção e com o desenvolvimento sustentável da zona costeira brasileira.
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