Duas obras de professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) figuram entre os vencedores do Prêmio Jabuti de 2017 anunciado nesta terça-feira (31). Na categoria poesia a professora Luci Collin ganhou o segundo lugar com o livro “A palavra algo” e na categoria direito os professores Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Arenhart alcançaram o primeiro lugar pelo livro “Comentários ao Código de Processo Civil – Coleção Completa 17 Volumes”.
Além deles, Cristóvão Tezza, ex-professor da universidade, também foi premiado ficando em segundo na categoria romance com a obra “A tradutora”, é a terceira vez que o escritor é premiado tendo alcançado o primeiro lugar com o romance “O filho eterno” e terceiro com “O fotógrafo”.
A cerimônia de premiação dos vencedores nas 29 categorias do prêmio acontece no dia 30 de novembro em São Paulo.
Direito
O livro que levou o primeiro lugar na área jurídica foi coordenado por Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Arenhart junto com o professor Daniel Mitidiero, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tradição da comunidade do Direito, a obra apresenta comentários positivos e negativos sobre o novo código. Também da UFPR, o professor Clayton Maranhão participou como colaborador.
O livro é um conteúdo de referência para escritórios de advocacia, departamentos jurídicos, juízes, promotores, procuradores e acadêmicos. Segundo Arenhart, o Prêmio Jabuti projeta a obra e demonstra sua importância. “Exigiu um esforço enorme (o livro) e foi gratificante. Ser reconhecido pela comunidade jurídica e receber o prêmio é uma honra”, comenta.
Poesia viva
O livro “A palavra algo” de Luci Collin é o nono livro de poesias da escritora, que é professora de literatura de língua inglesa na UFPR. Collin tem se firmado como um nome de destaque na literatura, recebendo críticas positivas de grandes nomes desde seu primeiro lançamento “Estarrecer”, em 1984, que lhe rendeu elogios do poeta Paulo Leminski, do dramaturgo Dias Gomes e do cartunista Henfil.
Conversamos com a professora sobre a premiação, confira a entrevista!
Rodrigo Choinski – Como “A palavra algo” se insere na sua obra em relação a outros títulos e se houve algo em especial que a motivou nesta obra.
Luci Collin – O A palavra algo, meu nono livro de poesia, é parte de uma trajetória de produção que iniciei no ano de 1984, quando publiquei meu primeiro livro, o Estarrecer. Naturalmente houve muita mudança ao longo deste tempo todo – são décadas, que marcam elementos do estilo, as escolhas vocabulares, os temas e o formato dos poemas, mas em essência, é a mesma voz poética. Acho que a leitura de qualquer um dos meus livros de poesia há um “resíduo” que paira o texto e que caracteriza a minha voz. Agora falando especificamente deste livro, ele se sustenta sobre uma proposta de tomar a palavra com suas dubiedades, seus múltiplos sentidos – o “algo” pode ser tanto a presença material da palavra-coisa quanto o mais vago, o inexato, o indefinível e até o misterioso que subjaz ao tratamento, à combinação que se estabelece entre as palavras.
RC – Na sua opinião, qual o espaço da poesia na atualidade e qual o papel que vem desempenhando dentro da literatura e em relação à sociedade em geral.
LC – A poesia é elemento vital a todo tipo de comunidade. Desde os tempos ancestrais temos atividades ritualísticas que usam a palavra – explorando o o ritmo, a sonoridade, a repetição – como elemento de ligação entre a tribo. Assim, nada mais natural do que o estímulo a uma forma de expressão artística que permita que o homem se reconecte às suas essencialidades. Essa forma pode ser a poesia. Um poema, em que temos um tratamento da linguagem de modo não funcional, é um espaço de pura liberdade. O poema é o que Leminski chamava de “inutensílio”, mas que é, cada vez mais, sobretudo em um momento de tamanhas violências como o que experimentamos em todo o Planeta, o antídoto para a brutalização do homem. O poema, o impacto de uma leitura resgata, recupera, a dimensão mais profunda da nossa existência.
RC – O que te motiva a escrever poesia?
LC – A necessidade de dividir com o outro a apreensão, a experiência do que poético. Poesia é apresentação da possibilidade do diálogo, do jogo, da reflexão sutil. É uma forma potente de comunicação que valoriza conteúdos emocionais tomados em grande profundidade. A poesia, como todas as outras linguagens artísticas, é intensamente necessária para todos nós.
RC – Gostaria de saber também quais suas principais referências na literatura e particularmente na poesia.
LC – Dos brasileiros, Jorge de Lima, Oswald de Andrade, Cecília Meireles, Hilda Hilst, Ferreira Gullar e muitos mais. Da poesia universal, H. D. (Hilda Doolittle), E. E. Cummings, Else Lasker-Schüller, Boris Vian, Seamus Heaney. Difícil levantar aqui tudo que me encanta na poesia.
RC – Você está trabalhando em algum novo livro? Como acontece o seu processo de criação?
LC – Sim; terminei um romance e estou terminando um novo livro de poesia. Meu processo é bastante influenciado pela minha frequentação de outras artes. A fotografia, a música e a dança exercem grande impacto sobre a minha configuração emocional e geralmente me estimulam muito a produzir literatura.
RC – Pra finalizar, como a professora recebeu a notícia da premiação e como encara o fato de receber este reconhecimento?
LC – Recebi com enorme alegria. Publico há anos e é muito estimulante receber este reconhecimento da minha produção. Qualquer tipo de premiação é um grande incentivo – muito delicado – para que se continue ligado ao fazer literário.
Por Rodrigo Choinski e Maria Fernanda Mileski de Paula
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