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UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PARANÁ

UFPR oferece programa sustentável para o controle de carrapato em bovinos

Animais em tratamento (foto M. Molento)

A Universidade Federal do Paraná, através do professor Marcelo Beltrão Molento, do Departamento de Medicina Veterinária, criou o SICOPA – Sistema Integrado de Controle Parasitário, com o amplo objetivo de melhorar a saúde dos animais, quando o assunto é parasitologia, apoiado em uma série de metodologias diferenciadas e sustentáveis. O SICOPA tem 22 ferramentas que podem ser adaptadas de acordo com a necessidade e utilizadas por veterinários/as que atuam em fazendas no Brasil.

Somente no Paraná, são aproximadamente 10 milhões de bovinos (no Brasil são mais de 210 milhões) que sofrem com a incidência de carrapato durante o ano todo. Segundo o prof. Molento, o carrapato ‘Rhipicephalus microplus’ é um dos principais parasitos de bovinos no Brasil, causando um prejuízo aproximado de R$ 10 bilhões/ano. Este prejuízo se inicia com o sofrimento dos animais e envolve todos os outros elos dessa atividade. Associado a isso, o custo com o tratamento de doenças transmitidas pelo carrapato (Babesiose e Anaplasmose) pode chegar a outros R$ 20 bilhões/ano.

O clima propício e a falta de conhecimento epidemiológico fazem com que o controle deste parasito seja realizado de forma excessiva e sem muitos critérios técnicos.  A nova proposta é que o produtor não utilize tantos produtos químicos, cuidando da saúde dos animais e também para que a carne, leite e outros produtos derivados sejam menos contaminados. É importante informar que toda esta grande quantidade de produtos químicos pode afetar diretamente organismos vivos no ambiente, uma vez que são eliminados pela urina, fezes e até mesmo no leite – podendo parar na cadeia alimentar.

Uma novidade do SICOPA é o lançamento do Programa de Controle Seletivo do Carrapato Bovino. Usando a metodologia do tratamento seletivo, o tratamento contra o carrapato está sendo aplicado apenas nos animais mais contaminados, chamados de susceptíveis e não no rebanho todo, como era feito rotineiramente nas fazendas. O prof. Molento, do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR, e que coordena o programa, explica que foram aprofundadas técnicas de controle seletivo especificamente para o carrapato dos bovinos, uma vez que temos conhecimento suficiente para apoiar os técnicos e beneficiar muito os animais. “Nosso maior impacto será na conscientização de técnicos e agentes de campo, com o uso de estratégias inovadoras, buscando um mundo mais crítico, complexo e sustentável. A visão integrada da pesquisa, extensão e ensino, é a base para estes desafios”.

Entre outras características, e para se chegar ao melhor monitoramento e eficiência do programa, o uso do tratamento seletivo requer mais empenho do médico veterinário/a, sendo fundamental que exista a contagem dos parasitos em todos os animais, para que assim se possa melhor identificar os indivíduos parasitados (susceptíveis). Ocorre que 60 a 70% dos animais não excede a contagem mínima e não serão tratados (manipulados, contidos, injetados). Os animais que recebem a menor quantidade de tratamentos são também os animais que permanecem no rebanho com mais facilidade e saúde. Os ganhos são muitos e nossos dados econômicos apontam para benefícios atraentes, mesmo sem computar a menor degradação ambiental, menor estresse animal e a manipulação desnecessária de animais saudáveis.

Para multiplicar o programa, estão sendo ofertados cursos de capacitação para técnicos e produtores, abrangendo a biologia do carrapato, a relação de co-evolução entre bovinos e os parasitos e aulas práticas de avaliação seletiva do rebanho. Esses cursos têm duração de dois dias e são ministrados tanto na UFPR, como em instituições parceiras. O Prof. Marcelo confeccionou ainda uma cartilha ampla e explicativa sobre o Programa de Controle Seletivo do Carrapato Bovino e teve o apoio do Ministério da Agricultura e Abastecimento para uma edição online gratuita. Produtores do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul já aderiram o uso desta ferramenta em rebanhos de vários tamanhos. Após o curso, técnicos e produtores continuam se comunicando com a equipe da UFPR para obter assessoria para tirar dúvidas.

“Acredito que temos uma função importante e é possível, através de ferramentas incluídas no SICOPA, originalmente criado em 2004, buscar soluções muito mais sustentáveis”, afirma o professor Marcelo. Entre essas técnicas estão: o tratamento seletivo, com exame clínico individual dos animais, a avaliação da eficácia dos produtos antiparasitários, e a integração lavoura, pecuária e floresta, em um sistema mais holístico de cuidado com os animais. O SICOPA se adequa em propostas de agricultura sinantrópica, de baixo impacto e agroecológica, uma vez que busca a redução significativa de dejetos químicos nos animais e no ambiente. O professor aponta ainda que o SICOPA atende produtores que queiram fazer a transição da pecuária tradicional/intensiva para a agroecológica, com grande apoio científico. “Realizamos testes in vitro e moleculares para assegurar alguns pontos críticos”, diz ele.

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