O que mudou na vida do professor

Para a Pró-Reitora de Graduação, Rosana Albuquerque de Sá Brito, o professor já teve mais prestígio do que hoje. “Há 40 ou 50 anos, quem lecionava era destacado na sociedade, tinha prestígio e era tratado com grande respeito, mas a profissão foi sendo desvalorizada na medida em que o salário começou a ser achatado.” Esta é, na opinião da professora, a principal causa da alteração do perfil dos alunos que buscam a formação nas licenciaturas. Rosana diz que só vai para as licenciaturas quem quer segurança no trabalho, porque é uma área onde emprego não falta, mas os salários são cada vez mais baixos. A UFPR oferece 14 licenciaturas, muitas delas até pouco tempo despertavam a atenção apenas do público feminino, como Letras. Nos últimos anos o perfil mudou e hoje 50% das vagas são também ocupadas por homens, pensando numa colocação rápida no mercado de trabalho.

A questão salarial é lembrada em todos os âmbitos do magistério, seja de nível básico, médio ou de nível superior. “Os professores da UFPR, por exemplo, estão há 12 anos sem reajuste”, lembra a pró-reitora. “Houve aumento nas gratificações algumas até importantes, mas o vencimento básico é o mesmo há mais de uma década.”

Rosana também citou a necessidade de pensar a educação como um todo, priorizando investimentos em todos os níveis. Entende que precisa acabar com o discurso de que é o ensino básico que precisa receber mais recursos. “Acho que a sociedade deve entender que todos, assim como o básico e o nível médio, também o universitário necessitam de aprimoramento. “É na universidade que se forma o professor de ensino básico e por isso ele precisa de qualidade e de tecnologia na sua formação, círculo que se fecha e só tende a melhorar se todos os níveis forem bons.” Para a pró-reitora a valorização do professor começa dessa forma: pela forma como os governantes tratam o conjunto da educação.

QUANTOS SÃO – O concurso mais recente da UFPR para contratar professores ocorreu neste ano e os 64 novos aprovados em diversas áreas já começaram a trabalhar de acordo com a Pró-Reitoria e Recursos Humanos e Assuntos Estudantis. Eles se somaram aos demais 1.803 professores auxiliares, assistentes, adjuntos e titulares da instituição. Além desses docentes do quadro, há outros 300 professores substitutos que têm contratos temporários com a Universidade e em média permanecem durante um ano em atividades.

Segundo o coordenador de Assuntos Docentes da PRHAE, professor Vítor Alberto Kerber, de acordo com o Ministério da Educação a UFPR deveria ter 2.035 docentes do quadro próprio. Já pela LDB, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que preconiza carga horária de oito horas semanais para os professores, esse número aumentaria para 2.400 professores.

O QUE MUDOU NA RELAÇÃO ALUNO PROFESSOR – O estudante de jornalismo, Cristiano Castilho viveu uma experiência nova no Festival de Inverno de Antonina e pôde perceber um outro lado do professor, diferente daquele comportamento de sala de aula. “Fui como ministrante do Caranguejinho e tive o professor Mário Messagi como professor responsável. A todo momento ele me tratou como um profissional. Houve alguns problemas em relação às matérias e ele soube lidar muito bem com a situação, dando-me exemplo e de certa forma mostrando o que se deveria fazer em casos semelhantes. Fora do

ambiente de trabalho, ele era mais um amigo. Almoçamos várias vezes e conversávamos sobre tudo, de igual para igual. A experiência toda foi positiva: quem era apenas uma cara estranha escrevendo no quadro negro transformou-se em um amigo e também em um importante contato profissional. Resumindo, acho que a valorização da capacidade e a motivação do aluno foi o saldo de toda a situação.”

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