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Microalgas produzidas pela UFPR melhoram produção agrícola e saúde de animais

04 julho, 2019
14:53
Por
Ciência e Tecnologia

Tecnologia induz crescimento vegetal orgânico e protege peixes contra danos no DNA, além de ser aditivo nutricional para pets

Elas estão no ar, na água e nas plantas. São vistas apenas por microscópios. Crescem rapidamente ao dobrar o número de células em até três horas e meia. Assim são as microalgas utilizadas em diversos estudos na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Cientistas da instituição já comprovaram a eficácia da aplicação desses microrganismos em alimentos funcionais, cosméticos, medicamentos, biocombustíveis e conversão de lixo em energia, por exemplo. Pesquisas mais recentes mostram que microalgas podem melhorar a produção agrícola e proteger peixes contra danos no DNA.

Nativa de Curitiba, encontrada em parques e rios, a espécie Tetradesmus obliquus induziu o crescimento vegetal orgânico, melhorando a qualidade de tomates utilizados para pesquisa. O estudo foi feito pelos professores Miguel Noseda e Átila Mógor, dos departamentos de Bioquímica e Biologia Molecular e Fitotecnia e Fitossanidade da UFPR, respectivamente, em parceria com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável (NPDEAS) da Universidade. “As microalgas atuam como hormônio e promovem grande crescimento da biomassa da planta. Como elas são naturais, o sistema é orgânico”, explica o coordenador do NPDEAS, André Bellin Mariano, professor do Departamento de Engenharia Elétrica.

Pesquisadores da UFPR já demonstraram aplicação de microalgas em diferentes estudos, como alimentos funcionais, medicamentos e conversão de lixo em energia. Foto: Marcos Solivan/Sucom-UFPR

Pesquisadores da UFPR já demonstraram aplicação de microalgas em diferentes estudos, como alimentos funcionais, medicamentos e conversão de lixo em energia. Foto: Marcos Solivan/Sucom-UFPR

Rações com microalgas também foram produzidas por pesquisadores da UFPR, que demonstraram melhora na saúde de pets e proteção no desenvolvimento de peixes. Cães da raça Beagle tiveram redução de colesterol e triglicerídeos, mostrando potencial no uso das microalgas como aditivos nutricionais. Já os os peixes foram protegidos contra estresse oxidativo e danos no DNA. “As microalgas apresentam valor nutricional, alto teor de proteínas e possuem ácidos graxos essenciais, vitaminas e sais minerais”, diz o professor André.

A ração para peixes foi desenvolvida pelos pesquisadores Antonio Ernesto Meister Luz Marques, Rafael Ernesto Balen, Letícia da Silva Pereira Fernandes, Cintya Marques Motta, Helena Cristina Silva de Assis, Dhyogo Miléo Taher, Fábio Meurer, José Viriato Coelho Vargas, André Bellin Mariano e Marta Margarete Cestari. Um artigo assinado por eles foi publicado recentemente na revista científica internacional Journal of Applied Phycology. O estudo foi realizado pelo Departamento de Genética da UFPR em parceria com o NPDEAS. Já a ração para cães foi criada por Fabiana Rosa de Lirio, no Laboratório de Estudos em Nutrição Canina (Lenucan) da UFPR, também em parceria com o NPDEAS.

Soluções reais para
problemas da sociedade

O coordenador do NPDEAS explica que o Núcleo busca soluções reais para problemas da sociedade nas pesquisas desenvolvidas. “Essas tecnologias podem ajudar muito agricultores, por exemplo. Além de induzir o crescimento vegetal e possibilitar adição nutricional em ração animal, as microalgas ajudam no tratamento de efluentes e agregam valor aos resíduos, como de queijos, da mandioca e vinhaça (da fermentação), por meio de absorção”. Ele ainda explica que os microrganismos retiram nutrientes e purificam o biogás gerado pelos efluentes.

Produção de microalgas na UFPR é feita tubos transparentes de 3,5 quilômetros cada arranjados em uma estrutura, no Centro Politécnico. Foto: Divulgação

Produção de microalgas na UFPR é feita em tubos transparentes de 3,5 quilômetros cada arranjados em uma estrutura, no Centro Politécnico. Foto: Divulgação

Outro estudo demonstrou que as microalgas possuem efeito antibiótico e potencial na produção de biomassa e da enzima conhecida como lactase, que tem aplicação na indústria alimentícia. Um artigo sobre a pesquisa também foi publicado recentemente na revista científica Journal of Applied Phycology pelos pesquisadores Cristina Maria Zanette, André Bellin Mariano, Yuri Sussumu Yukawa, Israel Mendes e Michele Rigon Spier.

O NPDEAS atua desde 2008 e possui fotobiorreatores tubulares compactos patenteados pela UFPR para a produção em larga escala de microalgas utilizadas para pesquisa. São tubos transparentes de 3,5 quilômetros cada arranjados em uma estrutura num espaço de 10 metros quadrados, no Centro Politécnico. Dessa forma, recebem luz necessária para fotossíntese das microalgas. Em média, após 15 dias de cultivo são produzidas de um a duas gramas por litro de microalgas.

As atividades do NPDEAS envolvem professores, alunos e técnico-administrativos dos departamentos de Química, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Engenharia Ambiental, Ciência da Computação, Medicina e Química.

Por Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica e Cultural da UFPR

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